terça-feira, 12 de agosto de 2014

Catequese “adulta”

Na última postagem tratamos da “catequese furada” e da grave responsabilidade pela evangelização do mundo. Hoje quero continuar o tema apontando para a maturidade. Catequese “adulta” compreendemos aqui em dois sentidos: catequese madura e catequese para os adultos.
Catequese “adulta” é uma catequese responsável, como um adulto deve ser. Uma catequese madura, no tratamento e na experiência. Os que se inscrevem na Catequese devem ser tratados deste modo – responsavelmente. Uma catequese meramente “informativa” ou “memorativa” (memorizar as fórmulas e definições) não seria adulta, mas, pelo contrário imatura e irresponsável (aqui vale tudo o que dissemos na postagem passada).
Catequese para os adultos é uma urgência e desfio da Igreja. Concílio
Vaticano II, em vários documentos, aponta esta necessidade, como vital para a Igreja e para o mundo. Catequizar adultos, além de ser uma necessidade é, também, um investimento compensativo, lamentavelmente, ainda não valorizado devidamente.
É sabido que os profissionais de todas as áreas têm de se atualizar e aprofundar seus conhecimentos, para serem mais produtivos. Mas, quando o assunto é a vida de fé, a vida com Deus, a grande maioria dos cristãos acha isto, simplesmente dispensável. Contenta-se com mínimas e imprecisas informações, sem levar a sério o fato de que a verdadeira vida de fé começa com o encontro pessoal com Jesus Cristo, Deus Encarnado. Por que os crentes não devem crescer no conhecimento e na experiência de Deus?  Por que não devem atualizar os seus conhecimentos religiosos, se os teólogos descobrem, sempre mais, preciosidades espirituais?
A catequese dos adultos tem de ser “adulta”. Não se pode infantilizar nem o conteúdo do Evangelho, nem uma pessoa que manifesta interesse de conhecer a Verdade. “Muitos católicos não receberam claramente o primeiro anúncio de Jesus Cristo, nem passaram pelo processo de crescimento e amadurecimento pessoal da fé, através de uma verdadeira experiência catequética. Esses católicos não sentem uma vinculação atual com a Igreja. São atraídos por outras religiões ou anônimos e sem pertença a uma comunidade” (Estudos da CNBB 84, p.265).
A catequese (ainda mais para os adultos) não pode ser como um verniz que se aplica apenas na superfície de madeira. Ela tem de penetrar na vida das
pessoas, levando as à conversão interior, a mudança de mentalidade (modo de pensar e “ver” as coisas). O conteúdo da catequese tem de ser algo que responda a pergunta de Jesus no Cenáculo: “vocês entenderam o que vos fiz?” (Jo 13,12). Não há outro caminho para formar discípulos i missionários, como nos comunicou a V Conferência do CELAM, de Aparecida (“Discípulos e Missionários de Jesus Cristo para que n’Ele todos os povos tenham Vida”).  Esta verdade se ancora em Jesus “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 16,4).
Uma catequese “adulta” acolhe as pessoas e lhes ajuda reestruturar a vida a partir da proposta de Jesus Cristo. Para quem vive vários anos sem receber Sacramentos, não manda, sem nada, para o confessionário e, desculpe a expressão, não enfia a Hóstia na boca. Para quem busca a Igreja, vindo da indiferença, ignorância, filosofias de vida ou seitas, não vai logo batizar e mandar rezar o terço. A quem vive em adultério e sente-se incomodado com a situação, não vai logo casar para “resolver o problema”, mas vai prepara-los com seriedade, primeiramente, tentando levá-los ao encontro com a Pessoa de Jesus Cristo. Isto é evangelização e uma “catequese adulta”.
Os elementos que compõem o programa da catequese são voltados não só para conhecer Jesus Cristo, pois os demônios também O conhecem (Mc 5,7-13) e continuam sendo demônios, mas para levar a uma nova vida na adesão a Cristo, “num processo de conversão permanente, que dura toda a vida” (Diretório Geral da Catequese, 56). Este fruto da catequese é um critério da sua eficácia e da sua maturidade. Por isso, o catequista tem de viver aquilo que ensina. Deve levar a vida sacramental, vida de oração, vida na Palavra de Deus, no amor ao próximo... Caso contrário será como um sino de bronze... (Irmãos, se eu falar... mas não tiver amor, serei como um bronze que soa ou como um sino que retine... 1Cor 13,1-2).
A catequese tem de entrar na vida das pessoas, tem de ser a vida. O Reino de Deus já está no meio de nós, e o mundo anseia por ele, ainda que inconscientemente. Os cristãos catequizados e catequistas, ao mesmo tempo (discípulos e missionários), devem ser sinais e agentes deste Reino. “Os primeiros passos para os que seguem Jesus em seu caminho são:
disponibilidade contínua, capacidade de renunciar as seguranças e, iniciado o caminho, não voltar para trás, por motivo nenhum” (comentário da edição pastoral do NT para Lc 9,60-62).
Se a catequese não serve a construção do Reino inaugurado por Jesus Cristo, torna-se um verniz que evapora com o passar e vicissitudes de tempo para, finalmente, desaparecer. É como as palavras jogadas ao vento. Não educam para a vida de fé, mas trazem uma sensação do conhecimento e proximidade de Deus, assim preparando o “êxodo” da Igreja. Será que aqueles que deixaram a Igreja não o fizeram por falta de uma catequese “adulta”?
Costumo visitar nossos jovens nos retiros, durante a preparação para o Sacramento da Crisma, e na oportunidade pergunto se gostaram desta experiência. O que foi mais tocante para eles? As vezes as repostas me deixam desconsolado. Respondem que gostaram muito, mas quando pergunto de que gostaram mais, respondem: “da palestra tal, da dinâmica tal, da unidade”. Mas, e o que essas experiências “tocantes” lhes transmitiram?  Passados uns dias depois do retiro a mesma pergunta traz a resposta: “não me lembro, mas foi muito bom”. Bom..., mas não muda a vida...
No site do Instituto Humanitas Unisinos (http://www.ihu.unisinos.br/espiritualidade) encontrei uma poesia com que quero encerrar este ardente apelo pela “catequese madura”:
O sorriso da cruz
Porque sorris tão serenamente
se tudo é para chorar?
Que segredo guardas tão dentro,
que não basta
só olhar?
São eles teus pequenos, os pobres,
que me tem levado a descobrir
que no profundo do sofrimento
há um sorriso de luz.
Somos simples peregrinas/os
para que carregar coisas demais?
Louvores ou desonras
não duram 
uma eternidade.
Ensina-me a amar
essa pobreza,
de não temer arriscar
minha vida cada dia pelo teu Reino
porque mesmo perdendo
o Amor está.



sexta-feira, 18 de julho de 2014

Catequese “furada”. Catequizar ou enganar?


 Uns dias atrás escrevi sobre o Querigma e a sua importância. Aproveitando o mês de férias (também da Catequese Paroquial) volto ao assunto da catequese e insisto na necessidade de revisão da concepção deste estratégico ministério da Igreja, como também da maneira com está sendo realizado.

Para provocar a discussão e alimentar a reflexão sobre o assunto afirmo (obviamente generalizando) que a Catequese, na grande maioria das paroquias e comunidades é uma Catequese “furada”. Um Ministério furado.

O que se encontra furado é defeituoso. Não segura o conteúdo. Portanto, não serve. Não serve para o objetivo que deve alcançar. Quando, em casa, algum objeto está com defeito tentamo-lo consertar. Se não há conserto, mesmo com aperto de coração, o jogamos fora.

É óbvio que não quero dizer que a Catequese deve ser abandonada. Pelo contrário, deve ser reorganizada (consertada) para servir ao seu objetivo que consiste em consolidar o conhecimento fundamental da fé católica, estreitar a relação pessoal com Deus, inserir na vida da comunidade eclesial e comprometer com a missão da Igreja. Em soma: formar um católico consciente da sua identidade.
Para quem serve a Catequese que se equipara a uma aula escolar e consiste em transmissão de algumas informações (mais ou menos próximas ao ensinamento da Igreja) sobre Deus e sobre comportamento moral dos fieis?

No meu ver, que não serve a ninguém, porque não serve para atingir o seu objetivo próprio. Por outro lado, até que serve, sim. Serve para proporcionar aos ministros e responsáveis pela Catequese uma sensação e convicção de cumprimento do mandamento de Jesus: “Ide e anunciai o evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Proporciona uma sensação de satisfação do dever cumprido e da continuidade da evangelização iniciada por Jesus e pelos Apóstolos.

Uma sensação... É trágico contentar-se com uma sensação e com a “consciência tranquila” sem questionar os efeitos deste empreendimento. Será que realmente há desculpa da falta de frutos da Catequese só pelo fato que “fazemos a nossa parte e o resto depende da graça de Deus”? Enfim, “se a Catequese não funciona como deveria a culpa é das famílias que não cooperam e que, em grande parte, são desestruturadas”. A culpa é do mundo, da tv, da internet, etc. A culpa está fora de nós, fora da Igreja...

Será que realmente este tipo de argumentos transfere a nossa pessoal responsabilidade para “culpados anônimos”? A qualidade da nossa evangelização, catequese e testemunho de vida não tem nada a ver? O que, então, pensar ouvindo as palavras de Jesus: “Não deis aos cães o que é santo, nem jogueis vossas pérolas diante dos porcos” (Mt 7,6)?
São constrangentes as vozes de preocupação, por parte do clero e dos leigos, com relação a evasão dos católicos para as diversas seitas e igrejas neopentecostais. Seitas inescrupulosas... De fato são elas que destroem a Igreja ou a latente ignorância religiosa dos católicos?

A busca de novas estratégias, novos planos de evangelização (como aquele que, recentemente, fez a Igreja distribuir um milhão de bíblias) parecem iniciativas desesperadoras de quem está desorientado... Quer fazer “alguma coisa”, mas não sabe direito por onde começar...

Quantos documentos, inclusive valiosos, já formam publicados e quantos planos de ação?! São tantos que mal se chega ao conhecimento de um e já vem outro... Todos são importantes, sem dúvida. Poderiam ser úteis, mas o problema é que hoje ninguém tem tempo... e, nas paróquias diminui, cada vez mais, o número de pessoas (que já são poucas) dispostas a assumir qualquer compromisso.

O Concílio Vaticano II “abriu as portas ao Espírito Santo” e soprou uma nova vida à Igreja. Este grande evento foi encerrado há 40 anos, mas até hoje, a grande parte de suas disposições não foi implantada na vida das paroquias e, provavelmente, não é conhecida...

Já passou da hora de descobrir a salvação (em vários sentidos) na Catequese efetiva que vai formar discípulos e missionários do Evangelho, cientes da sua identidade e vivamente inseridos no Corpo Místico de Cristo (1Cor 12,12-14). Estes serão crentes e missionários pelo testemunho de vida voltada ao bem, no amor despretensioso que abrange todas as pessoas e seres irracionais.

Para nada adianta lamentar-se que hoje “ninguém quer nada”. A verdade é que a situação não vai ser melhor, na medida do passar do tempo. Se a Igreja não evangelizar este mundo em que vive (não só através de documentos e declarações) ele por si só não vais ser melhor. E as famílias também...

É agora a hora de evangelizar e catequizar.

Parece que na Igreja existe um fenômeno estranho de “caridade pastoral” (que na verdade é a falta dela), e que consiste num minimalismo (ante evangélico), por parte de alguns padres e leigos, que se expressa em “não sobrecarregar”. Isto é visível também na área de Catequese. Refiro-me a algumas práticas comuns como: a Catequese de 02 “anos” e só uma vez por semana, incluindo as faltas (Se somar os encontros formativos descontando as férias, feriados, ECC-s, etc – sobraria o que? Uma “bela” verdade sobre a preparação para vida cristã). A Catequese de adultos em preparação para os Sacramentos de Iniciação, de 1-3 “meses”. Há ainda várias outras obras de “caridade pastoral” referentes a solidez da catequese.

Levando os ignorantes aos Sacramentos pensa-se evangelizar e ajudar na salvação, porque os Sacramentos agem “ex opere operato”? Qual é objetivo deste trabalho? É ajudar? Ajudar a quem?

Talvez até seja uma ajuda, mas equivocada. Ajuda ao “senhor das trevas” e não ao Senhor da Luz que quer levar todos à Verdade (Jo 8,32).
Será que Jesus faria assim, como vários o fazem? Ou, antes buscaria sinas de fé? Exigiria desprendimento e compromisso com a obra do Reino (Mt 6,33)?

Escrevo estas palavras e o coração me doe porque a minha Igreja (que de fato é de Jesus Cristo - Mt 16,18) não compreende a importância (tendo outras ocupações – sem dúvida importantes) da Catequese efetiva, precedida pela evangelização (também efetiva; se não for, ou seja, se alguém ao ser evangelizado, não receber Jesus Cristo, como Senhor, não acreditar n’Ele e no Seu Plano – não pode ser catequizado!1). Assim vem tolerando o avanço da ignorância e, com isso, da indiferença e impiedade.

Alguns percebem este problema, mas por serem poucos, não se aventuram para fazer uma Catequese evangélica (que comunica e assimila o Evangelho –JC) ou não sabem bem como fazê-la. Acham que as mudanças neste campo deveriam partir “de cima”. Que os bispos deveriam ordenar.

Isto me parece uma desculpa inútil. Cada um tem de ter zelo evangelizador. Os bispos não precisam ordenar mais, além do que já foi feito. Este é o trabalho nas bases. Nas comunidades, centros comunitários e nas paróquias. Todo batizado, sobretudo um sacerdote, pela própria vocação cristã tem de evangelizar e catequizar, em primeiro lugar pela própria vida. Tem de ter a criatividade e iniciativa. Estas, por sua vez, só existem lá onde há autêntico amor.

A Catequese institucional (preparação para os Sacramentos) pode ser ministrada a quem antes foi evangelizado. A evangelização é o encontro com Cristo, não a Catequese. A Catequese é o Caminho com Cristo (aprendendo ser como Ele) e para o Cristo (estreitando a união com Ele para se assemelhar, sempre mais, a Ele).

É preciso amar o mundo como Deus o ama. Evangelizar e catequizar são as melhores maneiras de expressar o amor. É a melhor contribuição que a Igreja pode prestar para o mundo ser melhor (sem diminuir o valor da inestimável importância da doutrina social, defesa da vida ou ecumenismo).

Sendo cristão, evangeliza e catequista! Seja um catequista no ambiente em que vive, descansa, estuda ou trabalha. Como? Simplesmente, tente amar. O amor é inconfundível. Assim, como Deus ama a todos (e tudo que existe) um cristão deve fazê-lo também. O amor sincero é a fonte da criatividade e de iniciativa.

Catequizar ou enganar, eis a questão..., diria Hamlet, da magnífica peça de W.Shakespeare. A Catequese que engana, em vez de formar seguidores de Cristo, fabrica deuses falsos! Assim são as pessoas, que “fazem” I Eucaristia, Crisma ou Catecumenato antes do Batismo. Recebem um certificado, mas fazem o que querem, vivem do jeito que “dá a vontade”, só pensam em si mesmos, sem se importar, até mesmo, com a Lei de Deus. A sua “fé” depositam nos recursos de tecnologia, beleza do corpo, num “futuro melhor”... São típicos “deuses” falsos de cujo capricho depende o presente e o futuro... Eles mesmos caminham a ruina e, ainda, desencaminham os inocentes e os de boa vontade, que muitas vezes tem sincero desejo de encontrar a Deus.



PS.
Recomendo a leitura da matéria anterior, sobre o Querigma:(http://sejasantoparaserfeliz.blogspot.com.br/2014/06/a-igreja-e-o-querigma.html)




segunda-feira, 30 de junho de 2014

Gênero & Narnia

Imagino que quase todos conheçam o mundo da Nárnia. Assim como as obras de Tolquien, conhecido, sobretudo pela trilogia “Senhor dos anéis”, as obras de CS Lewis, foram oferecidas ao público mais amplo pelas ecranizações e reedições impressas. Acho importante e enriquecedor mergulhar no mundo destes escritores, ambos de alma grande e mente aberta.

No mundo nosso, em que a ideologia de gênero (inglês: “gender”) avança e ameça reduzir o ser humano a um bicho racional, que livremente se priva de uso da razão, em virtude de satisfação das necessidades instintivas, CS Lewis traz uma proposta. Apresenta, como contrapartida, personagens positivas, portadoras de bem, capazes de resgatar a humanidade sendo degenerada pelas diversas correntes, oriundas da cultura da morte.

Importante é saber que foi Clive Staples Lewis. Foi um escritor irlandês e professor de filologia clássica (1898-1963). As experiências difíceis e dolorosas na infância fizeram com que por muitos anos era um atéu militante. De inteligência incomum ele pensava que conseguiria provar a inexistência de Deus. Até que chegou um dia em que a sua mundivisão começou “balançar”. Começou a sentir uma inexplicável saudade. E desta vez, o seu intelecto apontava e se inclinava a algo diferente. A aceitação da existência de Deus se torna a única explicação e a única resposta para a pergunta pela fonte de vida, pelo início do universo e pela ordem moral. Assim começou o seu processo de conversão, levando-o a vivência apaixonante e profunda de fé.

A conversão e assimilação da mundivisão cristã mudou toda a vida de Levis. Transformaram as suas relações com as pessoas e infundiram n’ele a alegria e a esperança. A “Trilogia Cósmica”, as “Cartas de um diabo ao seu aprendiz” ou as “Crônicas de Nárnia” são tentativas de expressão desta profunda experiência interior.


Obviamente, CS Lewis não conhecia o termo “gender”, ou seja, “ideologia de gênero”, que são conceitos cunhados recentemente (por volta do ano 1960)1, no entanto percebia o perigo da chegada de uma nova “cultura”, nova tendência-mentalidade, propagadas sob a bandeira de modernidade, no entanto devastadoras e hostis à vida, família, a ordem social.  A problemática abordada por Lewis continua atual em nossos dias e a dificuldade de enfrentá-la consiste, sobretudo, na devastação que já causou nas mentes e nos corações humanos. Fica difícil (humanamente impossível) convencer os habitantes da ilha dos cegos (como se lê numa estorinha), onde todos já nasceram assim, que existem as cores, o céu azul, a diversidade de flores, tampouco que existe outro mundo além da ilha deles... Estas tentativas não passariam de serem consideradas por eles como mentirosas e loucas.

A visão do mundo de Lewis apoia-se nos valores tradicionais. Consequentemente acentua o seu apreço à tradição, por meio de estética e de apontamento a certos modelos de comportamento. A casa, a família e amizade são verdadeiras fontes de felicidade. Os procedimentos e valores opostos estão sendo decididamente reprovados por ele. Assim Lewis se opõe a modernidade. Por exemplo, no “Peregrino da Alvorada” ao confrontar dois modelos de educação, mostra que o modelo moderno forma uma criança sábia e inteligente, mas insensível e privada da imaginação e sensibilidade típicas a uma criança, que parece ser uma pessoa adulta (hoje alguns se orgulham disto, expondo como o filho é “inteligente”).

Igualmente, Lewis critica o modelo de educação, no “A cadeira de prata”. Na escola, em nome de liberalismo e progresso, não se respeita nenhumas regras, não há obrigações nem disciplina. Reina a fé na ciência e no progresso, enquanto entre as crianças não se fala da amizade, da lealdade. Crescem indivíduos independentes um do outro, dispostos a competir.
Outra questão importante para Lewis e para o mundo moderno é a iniciação para vida adulta. Ela é apresentada no processo de transformação de um dos personagens principais do “A cadeira de prata”, o Eustáquio, bem como dos demais personagens. Na verdade todos têm de passar pela iniciação

E como é bem sabido, um dos problemas do mundo moderno é a falta desta iniciação. A falta de um momento marcante de passagem da infância para a vida adulta tem a sua repercussão na vida social e familiar. Interessante que não somente as culturas antigas cultivavam e apreciavam a iniciação à vida adulta, mas ainda hoje o fazem os nossos índios e algumas organizações.

Quando se lê as obras de Lewis, se tem uma impressão irresistível que no mundo dele as crianças são crianças de verdade (dotadas de intuição e imaginação), que os homens são homens de verdade, como se entedia antigamente (corajosos, altivos, prudentes, diligentes) e que as mulheres são vigorosas e particularmente sensíveis 2.

É de suma importância esta contribuição de Lewis. Hoje, sobretudo, os adeptos da ideologia de gênero disseminam as suas teorias de que estes papeis sociais são relativos e a sexualidade humana como tal não existe, mas é um “produto” da sociedade 3. Impressionante é que já nos anos 40, do século passado, podia se observar esta tendência, que hoje, por meio da obsessiva ideologia, dominou a sociedade moderna.

Lewis, como cristão autêntico, abertamente expressa a sua mundivisão conservadora. Mostra como o esquecimento ou a rejeição do passado pode levar aos erros irreparáveis e, até mesmo, a perdição daquilo que é o mais importante na vida.

Assim como Lewis, deve agir cada pessoa do bem. Sem medo, mas também sem falso triunfalismo. O mundo, como aqueles moradores da ilha dos cegos vai atacar, pensando que se defende, porque não enxerga. Não devemos recuar. Com serenidade, mas também com firmeza é preciso testemunhar em favor da vida racional e irracional.

1/ veja a postagem anterior: Gênero-ideologia. "Gender" - uma nova, perigosa ideologia.
3/ veja a postagem anterior: Gênero-ideologia. "Gender" - uma nova, perigosa ideologia.

PS.
Vários livros de C.S.Levis, em formato pdf, podem ser encontrados aqui:


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Igreja & Querigma

Para muitos cristãos a palavra “querigma” soa estranho. O que é isto - dizem? Respondendo, pode se dizer que Querigma é a primeira evangelização, o primeiro passo para o conhecimento da Verdade e do novo, pleno sentido da vida.

A Igreja por muito tempo não valorizou devidamente a primeira evangelização, o Querigma (supondo, com toda razão, que a evangelização fundamental acontece no seio da família). “Querigma” vem da língua grega: κήρυγμα, kérygma – e significa: proclamar, gritar, anunciar. É o primeiro anúncio de Jesus Cristo. Trata-se de apresentar Jesus Cristo, morto, ressuscitado e glorificado com a finalidade de suscitar a fé e levar a conversão (a mudança de conduta na vida) para ter a experiência da vida nova, no seguimento de Jesus Cristo.

A Igreja, então, insistia na “sacramentalização” e na catequese, como meios de evangelização. Acontecia e, infelizmente acontece ainda hoje, que o catequizando assimilava, as vezes perfeitamente, a doutrina da fé e normas morais, mas lhe faltava o essencial – a fé! Somente aplicação da doutrina pode criar futuros formalistas, indiferentes ou fanáticos fundamentalistas da religião. Tem de se lembrar do princípio fundamental exigido por Jesus: “É necessário nascer do novo” (cf. Jo 3, 1-15).

Um novo conceito de evangelização e um impulso para ela trouxe o Concílio Vaticano II, depois o Papa Paulo VI, na Exortação Apostólica "Evangelii Nuntiandi" (1975), como também, a IV Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano de Santo Domingo (1992) cujas ideias assumiu o papa João Paulo II, realizando uma Nova Evangelização, por meio de ensinamentos e da sua própria vida.

O Querigma deve levar a experiência pessoal de vida com Jesus Cristo. É uma vida nova, pois consiste em rompimento com a vida passada (seus hábitos e sua mentalidade) para viver, agir, falar e pensar diferentemente, no espírito do Evangelho que é próprio Jesus Cristo. Nisto consiste a salvação, ou seja, o abandono do “barco que está naufragando”, para entrar -pela fé-  na “Arca de Jesus” (At 2,14-41).

O anuncio querigmático suscita a fé e entusiasmo por Deus e pela Igreja. E esta é a sua finalidade. Depois, surge o desejo de conhecer melhor Jesus Cristo e aprofundar-se nesta nova vida. Então, o homem busca a catequese por iniciativa própria, não sendo pressionado por ninguém...

Se este anúncio não for efetivo, ou seja, se alguém ao ouvir o anúncio, não receber Jesus Cristo, como Senhor, não acreditar n’Ele e no Seu Plano – não pode ser catequizado!

Se, mesmo assim, alguém quisesse o fazer seria desonesto e causaria dano para aquela pessoa (privando-a da chance de conhecer a Verdade), para a Igreja (faria aumentar o número de “cristãos sem fé”, destruindo a família-comunidade e reduzindo a Igreja à uma associação) e para o mundo (“produziria” falsos cristãos que, por sua vez, representam um falso rosto de Deus e da Igreja).

Catequizar as pessoas não evangelizadas é o mesmo que semear no asfalto (paráfrase da expressão do Pe.Raniere Cantalamessa) ou tentar alimentar os mortos. É tempo perdido e o alimento perdido. Além disso, um tal “evangelizador-catequista” se expõe ao ridículo. Tenta dar alimento a quem já (ou ainda) não vive ou não o deseja. Isto significa “jogar as perolas diante dos porcos...” (Mt 7,6). Primeiro tem de ressuscitar, depois o alimentar... (Mc 5,35-43).
Seria importante que os formadores da vida religiosa e dos seminários, responsáveis pela formação de futuros sacerdotes e consagrados, levassem mais em consideração a necessidade de evangelizar os candidatos, pois há o mesmo perigo de “formar” os religiosos sem a fé... Neste caso as conseqüências seriam muito mais amplas e mais graves do que no caso de catequese dos leigos.

Não basta alguém ser um bom praticante da religião. Não são apenas obras que salvam, mas a fé (Rom 3, 28-30; 11,6). Inclusive, a Reforma Protestante, entre outras, foi inspirada por esta prática desligada da fé.

É preciso ajudar ao evangelizado ter motivações que nascem da fé, motivações evangélicas. Ajudá-lo a crescer na fé e ter criatividade e iniciativa. Estes serão sinais de uma fé salvadora e fecunda. Uma fé capaz de ser suporte da vida e de acender a chama em outras vidas...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Missa & ofertório

Missa como Sacrifício de Jesus Cristo, consumado no Calvário (sacrifício incruento), é um Oferecimento por excelência, pelo qual toda a humanidade, dominada pela escravidão do amor próprio, fica beneficiada, ganhando a justificação e a vida.

Ao realizar o Sacrifício de Si mesmo (do contrário às práticas de todas as religiões, incluindo o judaísmo, que ofereciam às divindades produtos da terra, animais e até sacrifícios humanos) Jesus Cristo destrói a lógica do amor próprio, reinante no mundo até então e, abre o caminho para o amor novo, amor com que Ele amou e que consiste em oferecer-se ao outro desinteressadamente (Heb 7, 28; 9,14; 9,25; 9,26; 9,28).


A vida toda de Jesus foi um contínuo oferecimento de Si à vontade do Pai e às pessoas, sobretudo mais às necessitadas. Este espírito de entrega e sacrifício de si próprio, foi perpetuado por Jesus na Eucaristia (Lc 22,19), ou seja, na Santa Missa. Assim a Missa, pela própria natureza é um Grande Oferecimento realizado pela Igreja, Corpo Místico de Cristo (Col 1,18. 24; 1Cor 12, 12-24; CIC 800;) para a glória do Pai Eterno e para salvação e santificação do mundo inteiro.

Cada Eucaristia renova a oferta da vida de Jesus pela salvação do mundo. É o ”Santo Sacrifício, porque atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador” (CIC 1330). É o Sacramento do oferecimento de Jesus Cristo, «por nós homens e para nossa salvação», como proclamamos no Credo.
O Catecismo da Igreja Católica diz que “a Eucaristia é o coração e o ponto mais alto da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a mesma Igreja, com todos os seus membros, ao seu sacrifício de louvor e ação de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na Cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças de salvação sobre o seu Corpo, que é a Igreja” (CIC 1407).

A Igreja oferece ao Pai esta Oblação, perfeita e única, agradável e satisfatória em favor dos vivos e dos mortos (o homem não morre; morre apenas o seu corpo, que inclusive num determinado tempo será ressuscitado) conforme o desejo de Jesus. Ninguém fica excluído (nem mesmo os criminosos e inimigos da Igreja) do Sacrifício redentor de Jesus oferecido, como Eucaristia, pois o seu Sangue foi derramado por todos (Mc 16,15; 14,24).

A doxologia (de duas palvras gregas: “doxa”- glória, honra, e “logos” – palavra, significa “palavra de glória” com que se conclui uma oração ou um hino) principal da Missa (Por Cristo, Com Cristo, Em Cristo...) é um momento solene e culminante do Oferecimento Eucarístico. Oferecimento agradável ao Pai (Rom 12,12; Jo 13, 31-32; 17,1-5,9-10). Nele os participantes da Eucaristia (participar = fazer parte), por terem consciência de ser Corpo Místico do Senhor devem se oferecer ao Pai com o Seu Filho e como Ele, para serem Seus verdadeiros filhos adotivos (Rom 8, 14.17; Gal 3,23-26). Este Oferecimento resulta em Comunhão Sacramental, no final da Celebração.

Em vista do que foi dito, torna-se evidente que o Ofertório, que inicia a segunda parte da Santa Missa, a Liturgia Eucarística, é muito importante. Faz parte do Grande Ofertório Eucarístico, torna-se glória do Pai o que é oferecido, conscientemente e generosamente. Sem o ofertório não há transfiguração, não há Sacrifício. Por isso, à Missa não se vai com as mãos vazias...


O pão e o vinho, que são oferecidos pelo Presidente da Celebração, como frutos do trabalho do homem, representam a vida do homem e o que ele é e, todas as ofertas dos participantes, como expressão de sua entrega generosa para o Sacrifício com Jesus Cristo. Assim os sacrifícios humanos estão unidos ao Sacrifício Redentor do Filho de Deus.  Todas as ofertas apresentadas ficam transformadas, pelo poder do Espírito Santo, em valor infinito e em benefício da humanidade e dos indivíduos.

No pão e no vinho, elementos do nosso mundo e da nossa cultura, oferecemos simbolicamente algo de nós mesmos. O ato de apresentar, juntamente com o pão e o vinho, também ofertas materiais e dinheiro, recorda que a Eucaristia é partilha e comunhão com o próximo. Supõe e exige a reconciliação, solidariedade e compaixão. “Se fores apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, vai primeiro reconciliar-te” (Mt 5,23). O fruto da Eucaristia é que nós nos convertamos em oferenda permanente e em hóstia viva (Rom 12,1).

Não importa o que alguém oferece. Importa que seja feito de coração. Na maioria das vezes oferece-se o dinheiro, porque assim fica mais prático. Perpetuou-se este hábito, mas é preciso lembrar que o ofertório não a forma de arrecadar recursos financeiros, mas é a forma de celebrar a fé e a vida, no amor e na partilha. Por isso, em vez de dinheiro pode se oferecer os bens materiais, frutos do trabalho profissional ou objetos simbólicos, que representem o estado da alma e do coração da gente.

A Deus sempre se oferece o que é de valor. Mas, as vezes, as condições matérias impedem o oferecimento de algo nobre, digno de Deus. Pois, estas situações não dispensam do ofertório. Sempre tem algo a dar. O coração grato, ou sofrido pode se expressar de várias maneiras, até mesmo oferecendo um bilhete, um desenho, uma pedrinha, um objeto, que foi ou é, causa de sofrimento ou de alegria. Naquilo que se oferece, encerra-se um coração que Deus conhece, aceita e transforma. Isto é a essência do ofertório.

É bom, ainda, lembrar o ofertório da viúva evangélica (Mc 12, 41-44) e, quando cantamos o canto do ofertório, durante a Missa, que haja a harmonia entre o que cantam os lábios e o que se entrega como ofertório (“Venho, Senhor, oferecer Com esse vinho e esse pão Tudo que existe em meu ser Tudo que há em meu coração...”).

Faz jus ressaltar, que aquilo que se oferece no altar não deve ser tomado de volta, porque assim o ofertório, em vez de ser a vida e ato de amor, tornar-se-ia um teatro... Lembrem-se disso, sobretudo, as equipes responsáveis pela Liturgia.

Sem ofertório não há sacrifício, não há Missa...

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eutanásia - um mal perverso

O termo “eutanásia” provém de dois verbos gregos “eu”, o que significa o “bem” e “thanatos”, que significa a “morte”. Temos assim: uma boa morte. Na antiguidade este termo era usado para falar da morte “serena”, sem sofrimento ou da morte boa e honrosa.
Ultimamente, a agressiva e sutil “cultura da morte”, que invade todas as áreas de vida (até mesmo a cultura e a arte) empregou o termo “eutanásia” para promover a prática de apressar a morte para eliminar o sofrimento. Na verdade, trata-se de eliminar da sociedade as pessoas portadoras das debilidades provenientes a idade ou da enfermidade, em vez de trata-las como requer a sua dignidade humana.

A respeito disso o Papa João Paulo II, diz que “torna-se cada vez mais forte a tentação da eutanásia, isto é, de apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e, deste modo, pondo fim « docemente » à vida própria ou alheia. Na realidade, aquilo que poderia parecer lógico e humano, quando visto em profundidade, apresenta-se absurdo e desumano. Estamos aqui perante um dos sintomas mais alarmantes da «cultura de morte» que avança, sobretudo nas sociedades do bem-estar, caracterizadas por uma mentalidade eficientista que faz aparecer demasiadamente gravoso e insuportável o número crescente das pessoas idosas e debilitadas. Com muita frequência, estas acabam por ser isoladas da família e da sociedade, organizada quase exclusivamente sobre a base de critérios de eficiência produtiva, segundo os quais uma vida irremediavelmente incapaz não tem mais qualquer valor”1.

A eutanásia não é uma novidade e não foi inventada, recentemente, no mundo moderno. Já existia na antiguidade. Com a vinda do cristianismo o mundo foi conscientizado que a vida humana é sagrada e é um dom de Deus, portanto ninguém pode ter domínio sobre ela. Com a promoção da vida a Igreja contribuiu para a eliminação sucessiva de eutanásia da vida social.

No entanto, no século passado, os alemães, voltaram a propagar a eutanásia, como uma prática compassiva e humanitária de “ajudar morrer” àqueles que o desejarem. Logo, a eutanásia foi estendida para as crianças portadoras de doenças mentais e para os recém-nascidos, com graves problemas hereditários2.
Hoje, em vários países da Europa, começando pela Holanda (que em 2000 aprovou a lei que permite a eutanásia livre a partir de 16 anos; as crianças entre 12-16 precisam de consentimento dos pais. Cf. http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=40&mes=junho2001) a eutanásia é praticada com os critérios muito flexíveis i perigosos para o futuro da humanidade.

A prática da eutanásia é instrumento de um falso humanismo que promete eliminar o sofrimento e as dificuldades da vida humana. Ilude o ser humano ensinando que ele só tem direitos. Deve fazer o que lhe agrada, como que a felicidade dependesse da satisfação de todos os desejos. Deste modo promove-se uma vida que não corresponde com a realidade, pois esta, inevitavelmente, vem acompanhada pelos problemas e sofrimento.
A eutanásia não é um “direito” do homem, assim como não o é aborto. Sempre será atentado contra a vida sendo um homicídio (quando se acelera a morte por aplicação de um produto letal ou desligamento de meios que sustentam a vida) ou um suicídio (quando o próprio indivíduo deliberadamente acelera a própria morte). “Para um correto juízo moral da eutanásia, é preciso, antes de mais, defini-la claramente. Por eutanásia, em sentido verdadeiro e próprio, deve-se entender uma ação ou uma omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento”3. A eutanásia é moralmente inaceitável, independentemente das motivações, meios e circunstâncias.

Ao praticar a eutanásia “atinge-se, enfim, o cúmulo do arbítrio e da injustiça, quando alguns, médicos ou legisladores, se arrogam o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer. Aparece assim reproposta a tentação do Éden: tornar-se como Deus «conhecendo o bem e o mal» (cf. Gn 3,5). Mas, Deus é o único que tem o poder de fazer morrer e de fazer viver: «Só Eu é que dou a vida e dou a morte» (Dt 32,39; cf. 2Re 5,7; 1Sam 2,6). Ele exerce o seu poder sempre e apenas segundo um desígnio de sabedoria e amor. Quando o homem usurpa tal poder, subjugado por uma lógica insensata e egoísta, usa-o inevitavelmente para a injustiça e a morte. Assim, a vida do mais fraco é abandonada às mãos do mais forte; na sociedade, perde-se o sentido da justiça e fica minada pela raiz a confiança mútua, fundamento de qualquer relação autêntica entre as pessoas”4.

Hoje novamente é preciso conscientizar o mundo que a vida possui um valor inestimável. Ela é sagrada e tem o mesmo valor em cada criatura humana, independentemente o seu estado mental, psíquico ou físico. Ninguém, de qualquer maneira, pode atentar contra a vida, pois Deus é a sua fonte e o seu defensor. Ele é verdadeiro amigo da vida (Sb 11,26). Para ser amigo de Deus é preciso ser amigo da vida.


A eutanásia não é uma solução. A solução para o sofrimento e problemas humanos é o amor, ou seja, compaixão, misericórdia, diligência para com os doentes, idosos e agonizantes. Assim como a satisfação dos desejos não faz feliz, assim também o sofrimento não faz infeliz. Tudo depende da ótica com que se vê uma o e outra realidade (Cf. Evangelium vitae 67). Portanto, em vez de eliminar uma vida, deve-se buscar os meios adequados para humanizá-la, valorizá-la e sustentá-la - com amor.

Sejamos amigos da vida e construamos a civilização do amor pela prática da misericórdia.

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1 João Paulo II, Encíclica “Evangelium vitae”, No 64
2 Cf. Amai-vos, No 1, Ano XXXIII, pg.5
3 “Evangelium vitae”, No 65
4 “Evangelium vitae”, No 66




quarta-feira, 28 de maio de 2014

Gênero - Pseudo-dogma disfarçado

A teoria de gênero, que deve ser chamada de ideologia, prendeu atenção de várias pessoas e organizações que realmente se interessam pelo verdadeiro bem da humanidade. Desmascaram a “inofensiva” teoria e conscientizam as populações sobre os seus verdadeiros objetivos. Esta é uma resposta para o ousado avanço da ideologia, que sem mais se disfarçar pretende subjugar todas as nações, às suas teorias enlouquecidas, ou melhor dizer, demoníacas.
A ideologia em si, não possui poder nenhum, sobretudo por ser equivocada e por contrariar todos os princípios científicos. O poder possuem os governantes a quem a sociedade delegou os poderes. São eles propagadores e implantadores desta ideia nociva. Em vez de servir, tornam-se, cada vez mais, parasitos da sociedade, fingindo de cuidar dela, enquanto buscam seus próprios interesses a qualquer custo. As vezes sendo democráticos agem como autoritários totalitaristas, tanto mais quanto motivados pelos “subsídios” dos lobbys internacionais.
As recentes reações populares, em Rio e São Paulo, resfriaram um pouco estes avanços totalitaristas no Brasil, o que não deve levar a pensar que os eliminaram. Certos partidos políticos têm no “próprio sangue” o desejo do poder totalitário. É óbvio que não só no Brasil. O palco do totalitarismo disfarçado é a Europa, que define se como “modelo de democracia”. Talvez esta seja a concepção “democrática” de uma realidade totalmente oposta.
No ano 1999, na Alemanha, o governo decidiu implantar e realizar a ideia da teoria de gênero sem consultar a população e sem levar em consideração as suas reações. Somente agora, depois de tanto tempo, começaram as debates. Será que tal tipo de democracia queremos no Brasil? Parece, que melhor, não seguir este caminho.
Poder-se-ia esperar que uma sociedade pós-moderna, em nome da democracia real, deveria rejeitar todo tipo de ideologias ou dogmas que possam ter qualquer aparência de ameaça à liberdade humana. Enquanto isso, a ideologia de gênero prospera mais que nunca. A corrida atrás da liberdade, ou seja, libertinagem tornou-se um dogma que, na realidade não é sujeito a qualquer questionamento, discussão ou verificação. É um verdadeiro paradoxo.
De um lado rejeita-se qualquer tipo de imposição, do outro, submete-se a mais absurda, a do gênero, que aparentemente não agride os direitos individuais. Estas imposições são feitas arbitrariamente pelos determinados governos. Assim, como falamos do caso na Alemanha. Agora sim, iniciar-sem discussões e análises... Mas, será que aquelas decisões não causaram a sociedade danos irreparáveis?
Ora, o pão e a roupa são importantes, sem dúvida. Mas, o “pão escravo” e vestimentas “presidiárias” (a cegueira da moda), mesmo acompanhadas com umas doses de diversão, podem se tornar amargos. E será que serão suficientes para a felicidade? Melhor pensar nestas questões antes das eleições, que estão chegando. Depois, poderá ser tarde demais.
Me inspirei na reflexão, duma fonte de livre acesso. Identificação disponível, quando solicitada (FM).