sexta-feira, 30 de maio de 2014

Eutanásia - um mal perverso

O termo “eutanásia” provém de dois verbos gregos “eu”, o que significa o “bem” e “thanatos”, que significa a “morte”. Temos assim: uma boa morte. Na antiguidade este termo era usado para falar da morte “serena”, sem sofrimento ou da morte boa e honrosa.
Ultimamente, a agressiva e sutil “cultura da morte”, que invade todas as áreas de vida (até mesmo a cultura e a arte) empregou o termo “eutanásia” para promover a prática de apressar a morte para eliminar o sofrimento. Na verdade, trata-se de eliminar da sociedade as pessoas portadoras das debilidades provenientes a idade ou da enfermidade, em vez de trata-las como requer a sua dignidade humana.

A respeito disso o Papa João Paulo II, diz que “torna-se cada vez mais forte a tentação da eutanásia, isto é, de apoderar-se da morte, provocando-a antes do tempo e, deste modo, pondo fim « docemente » à vida própria ou alheia. Na realidade, aquilo que poderia parecer lógico e humano, quando visto em profundidade, apresenta-se absurdo e desumano. Estamos aqui perante um dos sintomas mais alarmantes da «cultura de morte» que avança, sobretudo nas sociedades do bem-estar, caracterizadas por uma mentalidade eficientista que faz aparecer demasiadamente gravoso e insuportável o número crescente das pessoas idosas e debilitadas. Com muita frequência, estas acabam por ser isoladas da família e da sociedade, organizada quase exclusivamente sobre a base de critérios de eficiência produtiva, segundo os quais uma vida irremediavelmente incapaz não tem mais qualquer valor”1.

A eutanásia não é uma novidade e não foi inventada, recentemente, no mundo moderno. Já existia na antiguidade. Com a vinda do cristianismo o mundo foi conscientizado que a vida humana é sagrada e é um dom de Deus, portanto ninguém pode ter domínio sobre ela. Com a promoção da vida a Igreja contribuiu para a eliminação sucessiva de eutanásia da vida social.

No entanto, no século passado, os alemães, voltaram a propagar a eutanásia, como uma prática compassiva e humanitária de “ajudar morrer” àqueles que o desejarem. Logo, a eutanásia foi estendida para as crianças portadoras de doenças mentais e para os recém-nascidos, com graves problemas hereditários2.
Hoje, em vários países da Europa, começando pela Holanda (que em 2000 aprovou a lei que permite a eutanásia livre a partir de 16 anos; as crianças entre 12-16 precisam de consentimento dos pais. Cf. http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=40&mes=junho2001) a eutanásia é praticada com os critérios muito flexíveis i perigosos para o futuro da humanidade.

A prática da eutanásia é instrumento de um falso humanismo que promete eliminar o sofrimento e as dificuldades da vida humana. Ilude o ser humano ensinando que ele só tem direitos. Deve fazer o que lhe agrada, como que a felicidade dependesse da satisfação de todos os desejos. Deste modo promove-se uma vida que não corresponde com a realidade, pois esta, inevitavelmente, vem acompanhada pelos problemas e sofrimento.
A eutanásia não é um “direito” do homem, assim como não o é aborto. Sempre será atentado contra a vida sendo um homicídio (quando se acelera a morte por aplicação de um produto letal ou desligamento de meios que sustentam a vida) ou um suicídio (quando o próprio indivíduo deliberadamente acelera a própria morte). “Para um correto juízo moral da eutanásia, é preciso, antes de mais, defini-la claramente. Por eutanásia, em sentido verdadeiro e próprio, deve-se entender uma ação ou uma omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento”3. A eutanásia é moralmente inaceitável, independentemente das motivações, meios e circunstâncias.

Ao praticar a eutanásia “atinge-se, enfim, o cúmulo do arbítrio e da injustiça, quando alguns, médicos ou legisladores, se arrogam o poder de decidir quem deve viver e quem deve morrer. Aparece assim reproposta a tentação do Éden: tornar-se como Deus «conhecendo o bem e o mal» (cf. Gn 3,5). Mas, Deus é o único que tem o poder de fazer morrer e de fazer viver: «Só Eu é que dou a vida e dou a morte» (Dt 32,39; cf. 2Re 5,7; 1Sam 2,6). Ele exerce o seu poder sempre e apenas segundo um desígnio de sabedoria e amor. Quando o homem usurpa tal poder, subjugado por uma lógica insensata e egoísta, usa-o inevitavelmente para a injustiça e a morte. Assim, a vida do mais fraco é abandonada às mãos do mais forte; na sociedade, perde-se o sentido da justiça e fica minada pela raiz a confiança mútua, fundamento de qualquer relação autêntica entre as pessoas”4.

Hoje novamente é preciso conscientizar o mundo que a vida possui um valor inestimável. Ela é sagrada e tem o mesmo valor em cada criatura humana, independentemente o seu estado mental, psíquico ou físico. Ninguém, de qualquer maneira, pode atentar contra a vida, pois Deus é a sua fonte e o seu defensor. Ele é verdadeiro amigo da vida (Sb 11,26). Para ser amigo de Deus é preciso ser amigo da vida.


A eutanásia não é uma solução. A solução para o sofrimento e problemas humanos é o amor, ou seja, compaixão, misericórdia, diligência para com os doentes, idosos e agonizantes. Assim como a satisfação dos desejos não faz feliz, assim também o sofrimento não faz infeliz. Tudo depende da ótica com que se vê uma o e outra realidade (Cf. Evangelium vitae 67). Portanto, em vez de eliminar uma vida, deve-se buscar os meios adequados para humanizá-la, valorizá-la e sustentá-la - com amor.

Sejamos amigos da vida e construamos a civilização do amor pela prática da misericórdia.

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1 João Paulo II, Encíclica “Evangelium vitae”, No 64
2 Cf. Amai-vos, No 1, Ano XXXIII, pg.5
3 “Evangelium vitae”, No 65
4 “Evangelium vitae”, No 66




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