quinta-feira, 28 de junho de 2018

Apóstolos. São Pedro e São Paulo. Igreja. Corpo de Cristo.


Solenidade de São Pedro e São Paulo

Esta solenidade é uma das mais antigas da Igreja. É anterior, até mesmo, ao Natal de Jesus Cristo. Comemoramos juntos, estes dois apóstolos, não os igualando, mas apenas enfatizando que ambos foram co-fundadores da comunidade cristã em Roma, ambos nesta cidade, deram a vida por Cristo e que as suas relíquias se encontram em Roma. Pedro e Paulo som considerados “fundamentos da Igreja”: una, santa, católica e apostólica, permanentemente missionária e ecumênica.
Pedro. O seu nome próprio foi Simão. O Senhor Jesus mudou seu nome para “Pedro”, para simbolizar a sua futura vocação e missão. “Tu és Pedro e sobre esta pedra fundarei a minha Igreja” (Mt 16,13-19).
Quando Pedro foi chamado ao grupo dos discípulos de Jesus, já era casado e vivia em Cafarnaum, na casa da sogra (Mc 1,29-31; Lc 4,38-39). 
Antes de subir ao céu, Jesus confiou ao Pedro a suprema autoridade de pastorear as Suas “ovelhas” (Jo 21,15-19). E consequência, como sinal de reconhecimento desta escolha, em todas as relações dos apóstolos, Pedro é sempre colocado em primeiro lugar (Mt 10,2; Mc 3,16, Lc 6,14, At 1,13).
Por assumir o lugar de Jesus, Pedro tornou-se o principal objeto de ódio e perseguição (At 12,1-17). Enfim, entregou a vida como mártir, na colina do Vaticano, em Roma. De acordo com o Orígenes, foi crucificado, com a cabeça para baixo, pois ele se sentia digno de morrer na cruz, como Cristo.
Paulo. Nasceu em Tarso, na Ásia Menor (At 21,39; 22,3), como um cidadão romano, fonte de certos privilégios (At 16,35-40; 25,11). A sua família pertencia aos fariseus, os mais zelosos intérpretes da lei mosaica (At 23,6). Ele não conhecia Jesus. Sabia, porém, dos cristãos, a quem odiava, considerando-os traidores. Perseguia os cristãos. Quando, certa vez, ia ao Damasco, para persegui-los, Cristo cruzou o seu caminho e o derrubou do “cavalo mas o próprio Jesus-Deus (At 9).
Depois da sua conversão, Saul foi batizado e começou uma nova vida.  Dedicou-se a proclamar o Evangelho, que há pouco tempo ardentemente combatia. Os judeus decidiram vingar-se do “traidor”, procurando ocasiões para assassiná-lo. Saul, no entanto, conseguia fugir. Até que, depois de anunciar o Evangelho e formar muitas comunidades, foi preso em Jerusalém. Ao correr o risco do julgamento injusto, apelou ao imperador romano. Em Roma, na prisão, Paulo continuava a evangelizar e escrevia cartas pastorais a comunidades, por ele fundadas, e às pessoas individuais. De acordo com uma antiga tradição foi decapitado (como cidadão romano) em Roma, no ano 67 ou 66.
É chamado de “apóstolo dos gentios”, pois evangelizava o mundo pagão, enquanto Pedro era responsável pela evangelização dos judeus, em virtude das decisões do primeiro Concílio da Igreja (At 15,6-12).
A comemoração de Pedro e Paulo, a Igreja faz aos 29 de junho, no entanto, no Brasil se transfere para o próximo domingo, que sucede ou antecede esta data. Neste dia contemplamos o mistério da Igreja, hierárquica (representada pelo Pedro) e carismática (Paulo, o missionário). Não uma organização humana, mas uma Obra de Deus, instituída para a salvação da humanidade.
Que são Pedro e são Paulo, intercedam por nós, e nos inspirem a nos dedicarmos ao Evangelho da Salvação, como eles fizeram, cada um de acordo com os seus carismas próprios. Esta é a vontade do Missionário do Pai, em quem fomos inseridos pelo santo Batismo (Mc 16,15).


segunda-feira, 25 de junho de 2018

Igreja. Cruz. Testemunho. Coragem.


"Em verdade, em verdade vos digo que vais chorar e vais ficar triste, enquanto o mundo se alegra. Você será afligido, mas sua aflição se transformará em alegria "(Jo 16,20). A dor, ou dizemos a palavra que a resume e transfigura, a cruz, é interpenetrada com o ofício apostólico; isto é, com a construção da Igreja.
 

Não se pode ser um apóstolo sem levar a cruz
. E se hoje o dever e a honra do apostolado são oferecidos a todos os cristãos indiscriminadamente, porque hoje a vida cristã é revelada com nova clareza o que é e deve 
ser... todos nós devemos ser apóstolos, devemos todos carregar a cruz. Para construir a Igreja, precisamos trabalhar duro, devemos sofrer.

Esta não é uma visão pessimista do cristianismo; é uma visão realista, especialmente no que diz respeito à sua edificação, à sua afirmação como Igreja. A Igreja deve ser um povo forte, um povo de testemunhas corajosas, um povo que saiba sofrer pela sua fé e pela sua difusão no mundo. Silenciosamente, de graça e sempre por amor”.

Papa Paulo VI, Audiência Geral, 01/09/1976

domingo, 24 de junho de 2018

João Batista. Sentido da vida. Fidelidade e vocação. Batismo e compromisso. Família.


Que vai ser este menino?
O Evangelho, quando nos transmite o relato do nascimento de João Batista, fala do projeto dum vida humana: “O que será que esse menino vai ser?” (Lc 1,66). Podemos imaginar a repercussão que causou a maternidade duma mulher estéril, na sociedade daquele tempo. Hoje, provavelmente, isto não nos impressionaria, pois, o homem moderno é capaz de fazer muito mais...
Seja como for, quando nasce uma criança, seus pais têm sonhos, com relação a ela. O ambiente, talvez, possa pensar, como há 2000 anos atrás, o que vai ser duma criança cujos pais são... pobres, ricos, desempregados, imigrantes, celebridades ou idosos... A verdade é, que ninguém é capaz de sabê-lo. No entanto, uma coisa é certa, que todo o futuro, vai depender do ambiente, em que vai viver e crescer. Igualmente, como acontecia com as sementes das parábolas de Jesus (Mt 13,1-43; Mc 4,26-32). Se uma semente “cair” no ambiente favorável, será abençoada e bem-sucedida.
João Batista, depois de viver no ambiente familiar favorável, passou para a segunda etapa da vida e, escolheu um ambiente, propício para a conservação e amadurecimento do dom da vida e da vocação. Foi ao deserto... Como consequência, precisou pagar o preço, próprio da natureza da ”semente”, para que ela possa viver de acordo com a sua singular condição. Quando compreendeu o objetivo de sua vida e o seu chamado, João precisou renunciar tudo, para realizar a missão. O que ele fez foi um ato de maturidade e responsabilidade. A vida não pode ser vivida de qualquer jeito, pois, toda a vida deixa os rastros no universo. São obras boas ou devastações diversas...
O sacramento ministrado com maior frequência é o do Batismo. A maioria dos que pedem o Batismo das crianças, não tem ideia mínima do significado e da importância deste sacramento. Não sabe de que se trata dum dom e dum compromisso ao mesmo tempo.
Que compromisso é este? Qual é a vocação do batizado? “O que vai ser” daquela criatura batizada? O cristão, para seguir a vocação, tem de renunciar a tudo (“qualquer de vocês, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo” Lc 14,33) – como João Batista. Somente, uma vida radical (se refere à “raiz”) pode fazer a diferença, num mundo do provisório, fácil e descartável. Só, assim poderá ser o precursor e “apontador” de Jesus Cristo, o único que salva, liberta e dá o sentido a vida. É d´Ele que o mundo precisa realmente.
Se, porventura, um cristão optar por levar a vida cômoda e sossegada, inevitavelmente, se tornará um dos cooperadores e promotores do “Reino das Trevas”, regido pelo “príncipe deste mundo”, o Satanás (Jo 12,31; 16,11; 1Jo 5,19). Viverá a lógica do “servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24). Este tipo de vida é o ateísmo prático e consiste em “servir a dois senhores”... (Mt 6,24).


sábado, 23 de junho de 2018

João Batista. Cristão. Conversão. Primado de Deus.


João Batista – o “Apontador”

Dia 24 de junho celebra-se solenemente o nascimento de João, filho de Zacarias, conhecido como Batista, em virtude do ministério de renovação do povo de Israel, através do batismo de conversão (Mc 1,1-8). João era muito respeitado, até mesmo pelos inimigos, pois nas suas palavras e na sua conduta não havia divergência nenhuma. Certa vez, até, o próprio Jesus, Filho de Deus, deu testemunho da sua vocação extraordinária e sua vida incomum, chamando-o de “o maior entre os nascidos de mulher” (Lc 7,28)
Por que chamei João Batista de “Apontador”?
1/ Porque apontava para o Infinito, através do modo de se vestir, alimentar e de morar. Estas suas atitudes, como que antecipassem os ensinamentos e o exemplo de Jesus. São atuais permanentemente (“...não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir. Afinal, a vida não vale mais do que a comida? E o corpo não vale mais do que a roupa? Olhem os pássaros do céu: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, o Pai que está no céu os alimenta. Será que vocês não valem mais do que os pássaros? [...] E por que vocês ficam preocupados com a roupa? Olhem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, porém, lhes digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, muito mais ele fará por vocês, gente de pouca fé! Portanto, não fiquem preocupados, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso” (Mt 6,25-34). Sempre atual será a ordem: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus...” (Mt 6,33).
2/ Apontava a infidelidade do povo à Aliança com Deus. Denunciava e desmascarava os pecados dos pequenos e das autoridades, sem distinção, em nome do Amor.
3/ Apontava a conversão pessoal, como caminho de saída deste conflito de infidelidade e como um meio para real comunhão com Deus. Para os que decidirem abandonar a vida em pecado, João ministrava o batismo de conversão (Mc 1,4).
4/ Como principal alvo da sua missão, apontou e revelou o Cordeiro de Deus, Salvador do mundo, Jesus Cristo - Deus que se fez Homem (Jo 1,29).
5/ Apontava, ainda, através do próprio martírio, o primado do compromisso com Deus (uma fé comprometida), acima de tudo, até mesmo, acima da própria vida.
O nosso povo tem estima muito grande pelo João Batista. Além de batizar os filhos com seu nome (João, Joana), cultiva-se vários costumes populares que, de certo modo, perpetuam a memória do Batista e lembram da sua Mensagem. Esta Mensagem é, e será, sempre atual, pois, o homem necessita de “apontadores” para o Infinito, para o verdadeiro sentido da vida. Sem eles, corre o risco de se desorientar, mergulhado nas preocupações cotidianas.
Não se deve reduzir Personagem tão excepcional, a um dos elementos folclóricos da nossa cultura, cultivados apenas para o divertimento e/ou recordação dos sentimentos da infância. É preciso olhar para o que João Batista continua apontando. E ainda mais, é preciso assumir o compromisso de apontar – como João Batista – para estes valores, pois, há muitas pessoas que não olham para longe e “para cima”...
Viva João Batista!!!

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Silêncio. Mistério. Conher a fé. Ditadura do barulho.


Contra a ditadura  do barulho (subtítulo do livro abaixo citado)

“O silêncio não é uma ausência. Pelo contrário, é a manifestação de uma presença, a mais intensa de todas as presenças.
O descrédito do silêncio da sociedade moderna é sintoma de uma doença grave e inquietante. As verdadeiras questões da vida colocam-se no silêncio. O nosso sangue corre nas veias sem fazer barulho, e só conseguimos escutar os batimentos do nosso coração no silêncio”.

Cardeal Robert Sarah, A força do silêncio, 1ª Ed, Lucerna 2017, pg.28

Onde comprar:

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Família. Vida. Concepção. Aborto. Defesa da vida.


Nazistas contemporâneos

No mundo inteiro está acontecendo uma batalha pela vida. A vida está sendo ameaçada em todas as fazes, desde a concepção até a idade avançada. A prática mais comum de atentar contra a vida é o aborto. Quantos recursos se investe (!), incluindo a educação de crianças e jovens, para convencer, mentido, que o aborto é um bem? Que se trata do bem da mulher, a “saúde” pública! Só o demônio é capaz de tanta perversidade.
 Na luz do conhecimento atual, baseado nos estudos científicos, não dá para sustentar a afirmação que alega, não saber quando começa a vida humana. Todos sabem, e não adianta fingir, que TODA a vida, (a dos seres irracionais também), começa no instante da concepção. Portanto, a partir deste momento, qualquer atitude que impeça natural desenvolvimento da vida já iniciada, é um crime. Sendo assim, não é de entranhar que a Igreja e as pessoas de boa vontade defendem a vida, não medindo esforços.
No sábado passado, aos 16 de junho, o papa Francisco, encontrou-se com famílias italianas, numa audiência concedida para o Fórum Italiano de Associações Familiares, que é uma federação de mais de 500 organizações familiares católicas. Ele falou muito sobre o valor e a beleza da vida familiar, que chamou de "o maior presente de Deus para a humanidade". Pediu às famílias que aceitassem filhos "como Deus as dá para nós". A propagação do aborto eugênico é um dos desafios, e não é algo novo, que ameaça a beleza e sacralidade da vida familiar.
Naquela ocasião, o Papa declarou, ainda, que matar crianças concebidas constitui os mesmos crimes cometidos por criminosos durante a Segunda Guerra Mundial. Os assassinatos de crianças não nascidas não são diferentes dos crimes nazistas. “Eu digo com dor. No último século, o mundo inteiro ficou indignado com o que os nazistas fizeram em nome da pureza racial. Hoje, fazem o mesmo, mas com luvas brancas” disse o Papa.  
É bom lembrar, neste contexto, que o crime de aborto comete não somente quem o pratica de modo direto, mas também, toda pessoa que o facilita, ajuda ou consente, mesmo através do silêncio. Todo cristão deve ter consciência clara do dever de defender a vida em todas as suas fases, desde a concepção até a morte natural.

terça-feira, 19 de junho de 2018

O Pecado. PECADO GERACIONAL. Cura e libertação. Carismático.


O PECADO GERACIONAL E CURA ENTRE AS GERAÇÕES

Uns 20 anos atrás, num dos Grupos de Oração, pela primeira vez na minha vida, ouvi falar do ‘pecado geracional’ e da necessidade de ‘cura entre as gerações’. Fiquei meio desorientado, imaginando que eu devia ter deixado de ler alguma publicação recente, que tratava do assunto. Mesmo assim, alguma coisa não “encaixava”. Eu não conseguia compreender e conciliar tal fenômeno, com o que estudava na teologia e com o que dizia a minha razão.
Com o passar do tempo esqueci do problema, talvez, por causa de pouco contato mais próximo, que tive com os Grupos de Oração. Percebi que as denominações protestantes, chamadas de ‘evangélicas’ praticam este tipo de ‘ministério’ com frequência. Na Igreja Católica, o problema se manifestou, provavelmente, como efeito de falhas na formação doutrinal, espiritual e... até intelectual, dos pregadores e formadores de tais ambientes. Imagino que seja algo passageiro, ainda que “apareceu” em várias partes do mundo, sendo ainda, alimentado pela publicação do Pe. Robert De Grandis, autoridade inquestionável nos ambientes carismáticos –“A cura intergeracional”.
Com tudo isso, fiquei feliz, ao encontrar um posicionamento e esclarecimento, claro e competente, sobre o assunto. Me inspirou para fazer a partilha do meu próprio pensamento e oferecer segura posição da Igreja, ainda que, um Igreja Particular, sobre esta questão polêmica. Algumas partes citarei ao decorrer da reflexão.

A própria ideia de promover e praticar a ´cura intergeracional´ nasceu da convicção, de que os pecados dos nossos antepassados, influenciam a vida dos seus descendentes, ou seja a nossa vida de hoje. Esta influência pode ter dimensão espiritual, corporal, ou causar problemas na vida conjugal e familiar. Por isso, conforme a ideia, há necessidade de libertar o homem, aliviar o seu sofrimento. Daí vêm orações de cura, ou até, do exorcismo que, no entanto, é reservado a autoridade do Bispo Diocesano.
O Documento, que mencionei no começo, publicado pela CEP, afirma que a prática da ´cura intergeracional´ “origina-se de uma tradição, enraizada nas crenças das religiões orientais, que prestam um culto especial aos ancestrais e acreditam na reencarnação. Isso significa que essa prática é o resultado do sincretismo religioso, que produziu um novo fenômeno, chamado de "reencarnação do pecado”.
De acordo com os teólogos que elaboraram mencionado Documento, a causa principal da popularidade da ideia do p”ecado geracional” e “cura intergeracional”, se atribui a perda do sentido do pecado, como já dizia o Papa Pio XII (Discurso, Roma, 26/10/1946). Com a perda do sentido do pecado, a compreensão do que é a verdadeira liberdade, também, diminui. Assim, tenta-se culpar os antepassados pelos próprios infortúnios e fracassos (C.E.Merino, R.Garcia de Haro, Teologia Fundamental Moral, Cracóvia 2004, pp.459-460).
Os adeptos da ideia do "pecado geracional" recorrem a Sagrada Escritura, buscando apoio para esta prática de “curas entre as gerações”. Realmente, o Antigo Testamento faz algumas referências, às consequências dos pecados dos pais, como por exemplo, Êx 20,5: “O Senhor, teu Deus, que castiga a transgressão dos pais de filhos até a terceira e quarta geração”; Num 14,18: “O Senhor castiga os pecados dos pais nos filhos até a terceira e até a quarta geração”; Dt 5,9: “Eu sou Deus zeloso que castigo a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração”.
No entanto, conforme os estudos bíblicos atuais, nestes textos, não se trata da “injustiça” dos pais, no sentido do pecado pessoal, mas do seu mau exemplo, na criação dos filhos que, certamente irão morrer, mas pelos seu próprio pecado.
A ideia do "pecado geracional" contesta e obscurece a verdade sobre infinita e incondicional Misericórdia Divina. Nós, que somos Povo da Nova Aliança, não devemos duvidar em Deus, como Pai Misericordioso. A Igreja sempre ensina que o pecado é algo pessoal e querido pelo indivíduo. São Paulo diz claramente: “cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus" (Rm 14,12).
Também o papa João Paulo II, na Exortação Apostólica ‘Reconciliatio et paenitentia’ (16) recorda que “o pecado, no sentido verdadeiro e exato é sempre um ato da pessoa concreta, porque é um ato de liberdade de cada ser humano, não ato dum grupo ou duma comunidade”.
E ainda, o Catecismo da Igreja Católica (1857), ensina que: para um pecado “requerem-se, simultaneamente, três condições: ‘É pecado mortal o que tem por objeto uma matéria grave, e é cometido com plena consciência e de propósito deliberado’.
Portanto, o homem não pode ser punido por um ato não cometeu...
O único pecado que é transmitido de geração em geração é o pecado original. No entanto, é preciso lembrar que, “o pecado original não tem, em qualquer descendente de Adão, carácter de falta pessoal” (CC 405). Portanto, o pecado pessoal e a sua punição, nunca podem aplicados aos descendentes...
A prática da oração ou da Santa Missa, com a oração pela cura e libertação do pecado intergeracional, denuncia muito claramente, a falta de fé, ou pelo menos, a descrença na eficácia da graça sacramental.
Em primeiro lugar está a graça do Batismo. Neste Sacramento, o homem é liberto de todo e qualquer pecado. É óbvio que, certas conseqüências do pecado permanecem nos batizados, mas são temporais, como: sofrimento, doença, morte ou diversas imperfeições, entre elas a tendência constante de voltar ao pecado.
O Catecismo da Igreja Católica (1263) diz: Pelo Batismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas devidas ao pecado. Com efeito, naqueles que foram regenerados, nada resta que os possa impedir de entrar no Reino de Deus: nem o pecado de Adão, nem o pecado pessoal, nem as consequências do pecado, das quais a mais grave é a separação de Deus”.
Diante desta situação, as autoridades da Igreja claramente devam alertar e proibir o uso da própria expressão "pecado geracional" ou "cura intergeracional". Antes de tudo, porém, deveriam oficialmente proibir a celebração de Missas e/ou outras Celebrações, com oração de cura dos pecados intergeracionais.
O que vai dar, não sabemos. A intenção nossa é conscientizar. Portanto, que já chegou ao conhecimento da questão, não vai deixar-se enganar e explorar, mas toda a sua confiança depositará na Misericórdia Divina, aceitando a cruz de cada dia (Lc 9,12)...
Nos resta ter muita coragem!

Obs.: 
# CC – Direito Canônico da Igreja Católica
# Os destaques no texto citado são da minha iniciativa.
# Fonte citada: http://episkopat.pl/grzech-pokoleniowy-i-uzdrowienie-miedzypokoleniowe-problemy-teologiczne-i-pastoralne/. O documento citado: “OPINIÃO TEOLÓGICA DA COMISSAO DE DOUTRINA DE FÉ”.


domingo, 17 de junho de 2018

Amizade. Relacionamentos. Amor. Felicidade. Vida.

Amizade caricaturada
A vida do ser humano é composta de vários relacionamentos. Os mais comuns são os familiares, os de companheirismo, os profissionais. Contudo, os mais profundos, “vitais”, aqueles que têm mais impacto na vida da gente, são os de amizade e de amor.
O amor é um verdadeiro sonho de todo ser humano.  Amar e ser amado, é o desejo de cada coração. Amor verdadeiro é belo. Constitui fundamento da família, da sociedade e da Igreja. Está na origem de toda a vida humana. É um relacionamento exclusivo, reservado, acima de tudo, àqueles que vivem em seu âmbito.
Não é por acaso que o Santo Agostinho escreveu: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos” (Homilias sobre a 1ª Carta de João).
Hoje, mais do que nunca, o termo “amor” vem sofrendo um profundo processo de corrupção.  Muitas vezes é compreendido muito subjetivamente e egoisticamente, corrompendo assim, a sua natureza que é doação, sacrifício de si próprio em favor do bem do outro. Quando alguém se confunde em questão do amor, e o identifica com o sentimento (paixão), tem de passar pelas decepções e, muitas vezes, ver todo o relacionamento acabando em hostilidade, sofrimentos e diversas complicações.
Um outro relacionamento “básico e vital”, é a amizade. Ela é igualmente, ou até, mais importante que o amor, na vida do homem. Infelizmente, a amizade também, tem sido mal-entendida, quando identificada com o favoritismo, coleguismo ou pragmatismo utilitarista (tirar algum proveito para si). Nesta ótica o amigo seria aquele que me é favorável, que me apoie em tudo, que me acoberte, não me questione e, ainda, que seja inimigo dos meus inimigos...
Assim, a amizade não só fica desvalorizada, mas também, banalizada (o que aconteceu com o termo “amor”). Tal “amizade”, toda interesseira, é perigosíssima. É uma “amizade criminosa”, pois termina mal, deixando muito sofrimento e danos, também, materiais.
Pode-se dizer que, a amizade como um relacionamento, é mais nobre e mais elevada, que o amor. Por que? O amor, geralmente, inicia-se com algum tipo de fascínio e, muitas vezes, “sem querer”, sem procurar. Enquanto isso, a amizade é uma decisão. Decisão bem pensada, precedida por certo tempo de conhecimento recíproco e luta (juntos) por um ideal.
O ideal é o que caracteriza e, ao mesmo tempo distingue, a amizade da paixão. Ele faz as pessoas se unirem, sonharem e sacrificarem pela causa. É um tipo de relacionamento que, ao mesmo tempo, possui traços de amor e de companheirismo. Acredito que, todo amor responsável deve-se apoiar numa amizade verdadeira e madura. Sem ela não se deve casar...
Hoje presenciamos uma crise profunda de ambos relacionamentos vitais para o homem, amor e amizade. O que os destrói e deforma, é o egoísmo. Ele é como um vírus, que corrói tudo que é de mais belo e nobre na vida. Também, da amizade, o egoísmo faz uma caricatura... O amigo para um egoísta será somente quem vai lhe servir, atender suas expectativas, satisfazer necessidades e sacrificar-se por ele. Uma amizade confundida com exploração e escravidão...
Ira, não é difícil confundir-se. Vivemos num mundo regido pelo egoísmo e seus derivados. Mesmo sem querer, sofremos a influência do ambiente. Portanto, este não seria um momento oportuno de se questionar a si mesmo? Será que eu, não procuro “amigos” só para me amarem? Amo-os realmente? Sou um verdadeiro amigo de alguém?
Se eu reduzir a amizade ao proveito próprio, faria dela uma caricatura...


sábado, 16 de junho de 2018

Saúde. Gordura animal. Colesterol. Alimentação. Produtos naturais.

Benefícios da gordura de banha
No tempo da minha infância e juventude, um dos mais populares produtos culinários, era a gordura da banha. Teve diversas utilidades, a começar pela conservação da carne, frituras e fazer lanches com as fatias de pão (sobretudo quando preparado com cebola e bacon – que delícia!). Quando foi inventada a margarina e outros óleos de origem mista, a indústria investiu pesado contra a banha, alegando esta ser muito prejudicial a saúde humana. Começamos a consumir óleos “saudáveis” industrializados... Hoje, já temos mais conhecimentos, devido a coragem dos pesquisadores honestos e independentes dos subsídios dos grandes monopolistas.
Confesso, que mesmo tendo certos problemas cardíacos, nunca deixei de consumir a carne de porco e..., também a banha. É claro – prudentemente, cuidando da alimentação balanceada. Hoje, quando escuto encantamentos sobre as vantagens de banha, apenas, tenho uma pequena satisfação da minha intuição, que mais uma vez não falhou...
Li algumas matérias sobre o assunto e resolvi partilhar, já que este blog serve, também, para promover a vida. O que mais me impressionou, é que repetidamente os autores afirmam que este tipo de gordura deveria ser usado em todas as cozinhas. E não apenas por adultos, mas também, pelas crianças.
E por que?
Primeiramente, por motivo da presença de ácidos saudáveis. A maioria das pessoas consideram-na uma gordura não saudável, que contém grandes quantidades de graxos ácidos saturados. Na verdade, a banha contém apenas 39% deles, dos quais 35% é o ácido esteárico, o que reduz os níveis de colesterol.
Em 45%, a banha é uma riqueza de ácidos monossaturados, incluindo o ácido oleico - o mesmo que está presente no azeite, cujos benefícios são amplamente conhecidos.
Na composição da gordura de banha está, também, o ácido linoleico, que é um anti-inflamatório.
A gordura de banha, graças à presença de ácidos saudáveis, é uma excelente gordura para frituras. Muitos nutricionistas acreditam, que seja até, melhor do que o azeite ou, cada vez mais usado, óleo de colza.            
E o colesterol?
Pelo que os estúdios afirmam, a gordura de banha não afeta o aumento súbito do nível de colesterol. Nos 100g de banha, encontramo-lo em apenas 90 mg, aproximadamente, enquanto na manteiga comum está presente mais que em dobro.
Além disso, é preciso lembrar que, os produtos que contêm colesterol são muito importantes na dieta de cada pessoa, tanto adulto quanto a criança. Pois ele está presente em todas as células do nosso corpo. A deficiência deste composto, pode causar muitos efeitos não desejáveis, começando pelas infecções e terminando em doenças graves.
Mais benefícios de banha...
A gordura de banha é muito barata e acessível sem dificuldade. Eu, pessoalmente, consumo aquela de procedência caseira. Podemos também, prepara-la em casa, por exemplo, de toucinho. Por causa dos ácidos saturados e monoinsaturados presentes na sua composição, é um produto duradouro. Guardado na geladeira, não estraga tão rápido, como por exemplo, a manteiga.
Além disso, a vantagem de usar a banha de porco na cozinha, é o seu sabor. Os alimentos com ela preparados, irão agradar até os mais exigentes.
E ainda, na gordura de banha não há aditivos químicos.
Obs. :
1/ A foto primeira é das flores de colza, da qual se fabrica o óleo saudável.
2/ A finalidade desta matéria é apenas informar e não estimular o consumo de banha. Talvez, alguém sinta-se motivado a pesquisar e aprofundar ou, corrigir informações aqui escritas. Em todo caso, se alguém tiver expressas orientações médicas, deve segui-las e eventuais mudanças dos hábitos alimentares consultar com o seu médico.



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Santo Antônio – homem evangélico. Homem inquieto. Filho de Deus. Missionário


Homem evangélico, homem inquieto, homem de Deus

Hoje, celebramos a memória litúrgica de Santo Antônio de Pádua (ou de Lisboa), um dos santos mais populares. Um dos meus irmãos mais velhos, desta grande família franciscana. Um Santo muito querido do povo.
Nasceu em Lisboa, em 1195, e morreu em Pádua (onde se encontra o seu túmulo), na Itália, em 1231, com 36 anos de idade. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo.
Ainda jovem, entrou na Ordem dos Cônegos Regulares onde ordenou-se sacerdote. Estudou filosofia e teologia em Coimbra, até ser ordenado sacerdote. 
Pouco depois da sua ordenação, abandonou os Cônegos Regulares para se tornar missionário, na recém-nascida Ordem Franciscana. O seu deseja era evangelizar a África. A Providência de Deus leva-o, pelos caminhos dolorosos, à Itália, onde deve alcançar os cumes da vida evangélica, através da simplicidade e humildade de vida, dum frade franciscano.
O Papa Pio XII, em 1946 escreveu: “E Deus não deixou de lhe manifestar várias vezes quanto foi estimado pelo Cordeiro Jesus Cristo este amor que tinha à pureza. Efetivamente, enquanto Antônio estava rezando solitário na sua cela eremítica, todo absorto com o espírito em Deus e com os olhos voltados para o céu, eis que, de repente, num raio de luz lhe aparece o Divino Menino Jesus, cingindo-se ao colo do jovem franciscano, e com os seus bracinhos cumula de carícias o nosso Santo que, anjo em carne humana, arrebatado em suavíssimo êxtase, vai pascendo entre os lírios’ (Cant 2,16) junto com os anjos e com o Cordeiro Divino.
Quem atentamente – continua o Papa Pio XII - percorrer os “Sermões” do paduano, descobrirá em Antônio o exegeta peritíssimo na interpretação das Sagradas Escrituras e o teólogo exímio na definição das verdades dogmáticas, bem como o insigne doutor e mestre em tratar as questões de ascética e de mística – tudo o que, como tesouro da arte divina da palavra, pode prestar não pouco auxílio, especialmente aos pregadores do Evangelho, pois constitui rica mina de onde os oradores sacros podem extrair as provas, os argumentos oportunos para defender a verdade, impugnar os erros, combater as heresias e reconduzir ao reto caminho”. (Papa Pio XII, Carta Apóstolica, Exulta, ó feliz Lusitânia,16/01/1946).
Também, o Papa João Paulo II, retoma este cunho missionário de Antônio, dizendo: “Durante toda a sua existência Santo António foi um homem evangélico... Queria pedir a todos vós que mediteis exatamente sobre este marco de evangelização.... Sem fazer exclusões ou preferências, este é um sinal que nele a santidade alcançou metas de excecional altitude”.[...] “O Doutor Evangélico fala ainda aos homens do nosso tempo, sobretudo indicando-lhes a Igreja, veículo da salvação de Cristo. A língua incorrupta do Santo e o seu aparelho fonético encontrado maravilhosamente intacto parecem atestar a perenidade da sua mensagem. A voz de Frei António, através dos Sermões, é ainda viva e penetrante; em particular, as suas coordenadas contêm um apelo vivo para os religiosos dos nossos dias, chamados pelo Concílio Vaticano II a testemunhar a santidade da Igreja e a fidelidade a Cristo, como colaboradores dos Bispos e Sacerdotes” (Papa João Paulo II, discurso em Pádua, no dia 12 de setembro de 1982).
As pessoas, incessantemente, estão procurando exemplos autênticos para imitar em suas vidas. O Santo Antônio é um modelo perfeito duma santidade radical e inequívoca. É por isso que ele sempre será atraente e sempre atual. É um santo que, ainda hoje tem algo a dizer ao homem. Algo que é desconfortável para este mundo, mas ao mesmo tempo, o mundo precisa muito disso. Se trata da vida humana, segundo o Evangelho de Jesus Cristo.
Não é justo reduzir um homem, do porte de Santo Antônio, a um artifício utilitário, um “santo casamenteiro” ou, um “mágico”, que serve para encontrar as coisas perdidas. Ele é, realmente, um homem de Deus! Um Homem evangélico, que conhecia e vivia o Evangelho, concretamente – seguindo os passos de Jesus Cristo, o Evangelho do Pai. É por isso, que mesmo não sendo conhecido devidamente, o Santo Antônio continua atraindo a atenção dos homens e apontando a Jesus, o Caminho Verdade e Vida (Jo 14,6) a quem consagrou a sua vida terrestre.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Família hoje. Filhos. Matrimônio. Cônjuges. Felicidade.


Que família?! 

Muita coisa se fala e escreve sobre a família. Mais espaço ocupam os problemas, dificuldades, desafios... O homem de hoje, habituado com as facilidades da vida moderna, pode sentir medo, perante o compromisso conjugal e familiar. Pode sentir-se incapaz para isto, experimentando constantemente as suas limitações e impotências. Infelizmente, a geração hodierna não foi preparada para a capacidade de renúncia e abnegação, sem as quais é difícil imaginar uma vida conjugal bem-sucedida.
Do outro, os problemas nas sociedades refletem uma parte da problemática família, talvez chegando a questionar a filosofia promovida pelos “progressistas”, do menor número de filhos, a favor da qualidade da sua criação e educação. Mas, será que realmente, será mais fácil criar bem apenas um ou dos filhos, do que 4 ou mais?
Sem dúvida, a resposta depende do ponto de vista. No entanto, a realidade não é construída pela opinião e sim pela vida. Com isso, não fica difícil chegar a conclusão, de que a ideia de um, ou máximo dois filhos, é uma ideia sem fundamento. Uma ideia falsa. 
Pessoalmente, conheço algumas famílias com 5 e mais filhos. O que, em primeiro lugar, pode-se notar, é a qualidade dos relacionamentos. São afetuosos espontaneamente. São pessoas naturalmente felizes, apesar de não haver padrão de vida valorizado hoje. Impressiona a sensibilidade recíproca e a responsabilidade. Pode-se observar diversas habilidades dos filhos mais velhos, assimiladas pelos filhos mais novos, etc...
Frisemos que estamos falando das famílias completas e maduras e não das desestruturadas, cuja problemática é diferente.
Já faz tempo, que a internet se encanta com uma família do Reino Unido. Eu também, fiquei admirado, louvando a Deus por esta luz, que veio para iluminar as trevas da mentira do mundo de hoje, que vem promovendo relacionamento contrários a natureza humana, criada para viver em comunidade.
É a família dos Radford. É uma família com 20 filhos! E mais, ainda. Em breve nascerá o 21º. Sem dúvida, uns se encantarão e outros desprezarão. Diversas reações para o mesmo fato.
Ficamos ainda mais espantados, ao saber, que a família de Sue (com 43 anos) e Noel Radford, vive sem nenhum auxílio do Estado. Mesmo tendo o direito a receber ajuda, renunciaram, e vivem do salário de Noel. Não tem nenhuma dívida e nenhum empréstimo nas instituições financeiras.
Sue e Noel Radford são pais de Christopher (com 27 anos), Sophie (com 23 anos), Chloe (com 21 anos), Jack (com 19 anos), Daniel (com 17 anos), Luke (com 15 anos), Millie (com 14 anos), Kate (com 13 anos), James (com 12 anos), Ellie (com 11 anos), Aimee (com 10 anos), Josh (com nove anos), Max (com sete anos), Tilly (com seis anos), Oscar (com cinco anos), Casper (com quatro anos), Alfie (com três anos), Hallie (com um ano) e de Phoebe (com oito meses).
Parece que tudo na vida depende das prioridades. Deus nos ajuda nesta organização da vida oferecendo uma hierarquia de prioridades. Uma hierarquia segura. Dentro desta hierarquia encontra-se a família, vinculada às prioridades maiores, fixadas no começo da “Enumeração Divina”. Se a vida familiar for construída no efeito do “acaso”, capricho ou carências, os filhos serão considerados como um “mal inevitável”... Se, por sua vez, os conjugues tiverem a consciência e a generosidade de oblação, entrega das suas vidas, poderão construir uma família, verdadeiramente estável e feliz.
Para os candidatos ao matrimônio: não tenham medo de aventurar-se no mundo do amor ablativo! A vossa família, bem estruturada, pode fazer uma diferença significativa numa cultura de crise de valores e insegurança moral.



sábado, 9 de junho de 2018

Cristão. Luz e trevas. Testemunho. Jovens. Liturgia. Sacerdote (III)


Tenham a coragem de ir contra a corrente (tradução) - 3a Parte
Jovens, caminhar contra a corrente e combater as trevas
Finalmente, me volto para vocês. A vocês, os mais jovens, que se reuniram aqui, tão numerosamente. Primeiramente, peço que ouçam um ancião, de autoridade maior do que a minha. Quero dizer, São João Evangelista. Além do exemplo de sua própria vida, São João deixou, também, uma mensagem para os jovens. Em sua primeira carta, lemos palavras comoventes de um ancião para as Igrejas jovens, que ele fundou. Ouçam esta forte voz do ancião: “Eu lhes escrevi, jovens, porque vocês são fortes, e a palavra de Deus permanece em vocês e vocês venceram o Maligno. Não amem o mundo e nem o que há no mundo” (1Jo 2,14-15).
O mundo, que não devemos amar e, ao qual não devemos nos adaptar, - diz o padre Raniero Cantalamessa, em sua homilia de Sexta-feira Santa -  não é, o que bem sabemos, o mundo criado e amado por Deus. Não se trata dos homens que vivem no mundo, porque a eles, pelo contrário, devemos ir ao encontro constantemente, especialmente dos mais pobres e mais fracos, para os amar e servir com humildade. Não. O mundo que não deveria ser amado é um outro mundo. Aquele mundo que está sob o domínio de Satanás e do pecado. O mundo de ideologias que contestam a natureza humana e destroem as famílias. O mundo das estruturas da ONU, que impiedosamente impõe uma nova ética global, a qual todos deveríamos ser submetidos. Mas, o notável escritor, Inglês, do século passado, um homem de fé, Thomas Stearns Eliot, escreveu três frases, mais eloquentes que muitos livros: “No mundo dos refugiados, quem escolhe a direção oposta, irá parecer um desertor”.
Queridos jovens, se é permitido ao ancião, como São João, dirigir-se a vocês diretamente, eu também, os exorto e vos digo: vencestes o Maligno, combatam a toda lei contra a natureza, que quisessem vos impor, façam a resistência a qualquer lei contra a vida e contra a família, sejam aqueles que escolhem a direção oposta. Tenham a coragem de ir contra a corrente. Para nós cristãos, essa direção oposta, não é um lugar, mas uma Pessoa - Jesus Cristo, nosso Amigo e nosso Redentor. Para vocês, jovens, é designada uma tarefa particular e concreta: salvar o amor humano da degeneração trágica a que ela sucumbiu. O amor deixou de ser um dom de si, e tornou-se apenas uma posse do outro, muitas vezes cheio de violência e tirania. Na cruz, Deus se tornou um ser humano e nos revelou que Ele é a “ágape”, ou seja, o Amor que se entrega, até à morte. Amar verdadeiramente, é morrer por outra pessoa, como aquele jovem policial, coronel Arnaud Beltrame*.
Queridos jovens, certamente e com frequência, têm experimentado em vossas almas, o combate das trevas com a Luz. Às vezes, deixam-se seduzir pelos prazeres fáceis deste mundo. Do fundo de meu coração sacerdotal lhes digo: não hesitem! Jesus lhes dará tudo. Ao segui-Lo, caminhando para a santidade, não perdereis nada, mas ganhareis a única alegria que nunca falhará. Queridos jovens, se hoje Cristo está chamando alguém de vocês, para segui-Lo como sacerdote, religioso ou religiosa, não hesitem! Respondam-Lhe "fiat", entusiástico e incondicional "sim". Deus quer necessitar de vocês. Que alegria! Que graça!
Voltar às raízes
O Ocidente foi evangelizado por santos e mártires. Vocês, jovens de hoje, serão santos e mártires, que as nações esperam, para uma nova evangelização. Vossas pátrias estão sedentas de Cristo. Não as decepcionem. A Igreja confia em vocês. Estou orando, para que hoje, durante esta Santa Missa, muitos de vocês respondam ao chamado de Deus para segui-Lo, para deixar tudo por Ele, por Sua Luz. Quando Deus chama, é radical. Nos chama por completo, até o dom pleno, até o martírio do corpo ou do coração.
Querido povo da França, a civilização do vosso país foi criada pelos mosteiros. A Europa cristã foi construída por pessoas, homens e mulheres, que aceitaram seguir a Jesus, até o fim, radicalmente. Porque estavam procurando o próprio Deus, conseguiram construir uma civilização bela e cheia de paz, como esta catedral. Povo da França, povos do Ocidente, somente buscando a Deus, que encontrareis a paz e alegria.
Voltem às suas raízes, retornem à fonte, voltem aos mosteiros. Sim, todos vocês, criem a voragem de passar alguns dias em algum mosteiro. Neste mundo de barulho, feiura e tristeza, os mosteiros são oásis de beleza e alegria. Experimentem ali, de que é possível colocar Deus, realmente, no centro de toda a sua vida. Experimentem ali, a única alegria que não passa.

Caros peregrinos, renunciemos a escuridão. Escolhamos a Luz. Peçamos à Santíssima Virgem Maria, para sermos capazes, como Ela, dizer por completo, "fiat", ou seja, "sim"; que saibamos, como Ela, receber a luz do Espírito Santo.
Neste dia, quando, graças ao cuidado do Santo Padre Francisco, celebramos a festa da Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja, peçamos à Santíssima Mãe por igual coração que Ela tem. Um coração que nada nega a Deus, um coração ardente de amor pela glória de Deus, coração anunciando fervorosamente a boa nova aos homens, um coração generoso, grande, como o Coração de Maria, um coração na medida da Igreja, na medida do Coração de Jesus.  
* Um oficial da gendarmaria, de 44 anos, que em 24 de março de 2018, participou da ação de tomar de volta o refém das mãos de um terrorista islâmico, em um supermercado no sul da França e morreu em conseqüência de ferimentos.
Obs. Subtítulos e frases sublinhadas, são as minhas intervenções.

Aproveitando, quero recomendar dois livros-entrevistas com o Card. Robert Sarah: "Deus ou nada" e o "Poder do silêncio" (publicado recentemente). Excelentes!






Cristão. Luz e trevas. Testemunho. Jovens. Liturgia. Sacerdote (II)


Tenham a coragem de ir contra a corrente (tradução) - 2a Parte

Sacerdote – fidelidade a vocação
Queridos irmãos sacerdotes, agora estou endereçando estas palavras,
especialmente para, vocês. O Santíssimo Sacrifício da Santa Missa é um lugar, onde encontrareis a luz para o vosso ministério. O mundo em que vivemos constantemente quer algo de nós.
Constantemente estamos em movimento. Seria muito perigoso se fossemos vistos como assistentes sociais. Neste caso, não poderíamos levar ao mundo da Luz de Deus, mas a nossa própria luz, que não é, a que os homens esperam. Saibamos voltar-nos a Deus durante a celebração litúrgica, concentrada, cheia de respeito, silêncio e imbuída de santidade. Por conta própria, não inventemos nada na liturgia, tudo aceitemos de Deus e da Igreja. Não pretendamos fazer um espetáculo ou sucesso.
A liturgia nos ensina que, ser padre, não significa, acima de tudo, fazer muitas coisas. Significa, permanecer com o Senhor na Cruz. A liturgia é um lugar onde o homem encontra Deus face a face. Neste momento extremo, Deus nos ensina a ser “conformes à imagem do seu Filho, para que este seja o primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8,29).
A Liturgia não é, e não pode ser, uma oportunidade para dividir, combater e disputar. Tanto na forma ordinária como na forma extraordinária do Rito Romano, a essência é dirigir-se à Cruz, a Cristo, nosso Oriente, nosso Tudo, nosso único horizonte. Seja na forma ordinária ou extraordinária, sempre saibamos celebrar o Santíssimo Sacrifício, assim como hoje, em conformidade com o que nos ensina o Concílio Vaticano II, com a nobre simplicidade, sem sobrecarga desnecessária, sem uma estética artificial e teatral, mas, com a sensibilidade do sagrado, com zelo, acima de tudo, pela glória de Deus e em verdadeiro espírito dos filhos da Igreja, de hoje e da eterna.
Queridos irmãos sacerdotes, tenham sempre a certeza: o celibato sacerdotal proclama ao mundo a permanência com Cristo na Cruz. A ideia, apresentada mais uma vez, por alguns, de separar o celibato do sacerdócio, através da ordenação dos homens casadas (“viri probati”) - como alegam, por razões de necessidades pastorais, de fato, terá consequências graves - a ruptura definitiva com a Tradição apostólica. Implantaremos o sacerdócio à nossa medida humana, mas não nos perpetuaremos, não prolongaremos o sacerdócio de Cristo, obediente, pobre e casto. O sacerdote não é apenas "alter Christus", é outro Cristo. É verdadeiramente "ipse Christus", o próprio Cristo. E é por isso que, assim como o Cristo e a Igreja, será sempre um sinal de contradição.
Cristo Crucificado leva a liberdade
E a vocês, queridos cristãos leigos, engajados na comunidade humana, quero lhes dizer com poder: não tenham medo. Não tenham medo de levar a este mundo a Luz de Cristo. O vosso primeiro testemunho deve ser a vossa própria vida, vosso próprio exemplo de viver. Não escondam a fonte da vossa esperança. Pelo contrário, anunciem, testemunhem, evangelizem. A Igreja necessita de vocês. Lembrem a todos, que somente o Cristo crucificado revela o autêntico significado da liberdade.
Para vocês, queridos pais, quero dirigir uma mensagem muito especial. Ser pai e mãe de uma família no mundo de hoje é uma aventura difícil, cheia de sofrimentos, obstáculos e preocupações. A Igreja lhes agradece. Sim, agradece pelo generoso dom de si mesmos. Tenham a coragem de criar seus filhos na Luz de Cristo. Às vezes tereis que combater contra a corrente dominante, suportar o escárnio e a zombaria do mundo, mas não estamos aqui para agradar ao mundo. Nós anunciamos a Cristo crucificado, que é um escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1Cor 1,23).
Não tenham medo, não desistam. Através da voz dos papas, e especialmente, da encíclica 'Humanae vitae', a Igreja confia-lhes uma missão profética. Testemunhem diante de todos a vossa alegre confiança em Deus, que nos fez guardiões inteligentes da ordem natural. Proclamem aquilo que Jesus nos revelou com a sua vida. Queridos pais e mães de famílias, a Igreja ama vocês. Amem a Igreja. Amem esta vossa Mãe.
Obs. Subtítulos e frases sublinhadas, são as minhas intervenções.

Cristão. Luz e trevas. Testemunho. Jovens. Liturgia. Sacerdote


Tenham a coragem de ir contra a corrente (tradução) - 1a parte

Hoje quero oferecer mais uma tradução, como leitura muito edificante, da homilia do Card. Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. A homilia foi proferida no dia de Pentecostes, deste ano 2018, durante a Missa de encerramento da 36ª peregrinação a Chartres (França), para o santuário de São José.
Talvez, possa parecer que a problemática europeia seja diferente da américo-latina, mas, na verdade há mínimas diferenças. O mundo de hoje se tornou uma aldeia na qual tudo tramita sem dificuldade e com muita rapidez. Vale igualmente para as coisas boas e, como também, para as que fazem mal. Infelizmente, quase todos dos problemas apontados pelo Cardeal já estão latentes no Brasil.
Quem sabe, talvez a atitude dos peregrinos da França nos leve a reflexão e nos inspire? O impressionante daquele evento foi, que participaram 12 mil peregrinos, com média de idade de 21 anos! E, a maioria foram rapazes... Uma boa leitura!
Como de costume, dividirei o texto em partes. Creio que assim, facilitará uma leitura mais proveitosa.

Caros peregrinos a Chartres!
“A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más” (Jo 3,19). E vocês, queridos peregrinos, aceitaram a única luz que não engana, a luz de Deus? Vocês caminharam por três dias, orando, cantando, suportando o calor do sol e a chuva. Mas, vocês aceitaram a luz em seus corações? Realmente renunciaram a escuridão e decidiram seguir o caminho de Jesus, que é a Luz do mundo?
Queridos amigos, deixem-me fazer esta pergunta radical. Pois, se Deus não é nossa luz, então, tudo mais se torna desnecessário. Sem Deus tudo é escuridão. Deus veio a nós, fez-se homem, nos revelou a única verdade que salva, morreu para nos redimir do pecado. Ainda, no dia de Pentecostes, nos deu o Espírito Santo e ofereceu a luz da fé. No entanto, nós preferimos a escuridão. Olhemos ao nosso redor: a sociedade ocidental decidiu organizar-se sem Deus, e eis que está entregue às luzes cintilantes e enganosas da sociedade de consumo, ao lucro a todo custo e um individualismo desenfreado. O mundo sem Deus é um mundo de trevas, mentira e egoísmo.
Sair das trevas e viver na Luz
Sem a Luz de Deus, a sociedade ocidental se tornou como um navio embriagado à noite. Não tem mais amor suficiente para aceitar os filhos, para protegê-los desde o ventre de suas mães, para defendê-los da agressão de pornografia. A sociedade ocidental privada da Luz de Deus, não sabe mais respeitar seus idosos, acompanhar os enfermos no caminho da morte, abrir espaço para os mais pobres e os mais desprotegidos. É dada à escuridão da ansiedade, da tristeza e alienação. O que tem a oferecer é apenas a vacuidade e niilismo. Permite para se proliferarem as mais esquisitas ideologias.
A sociedade ocidental sem Deus, pode se tornar o berço do terrorismo ético e moral, mais prejudicial e destrutivo do que o terrorismo islâmico. Lembrem-se que Jesus nos disse: “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10,28).
Queridos amigos, perdoem-me por esta descrição, mas é preciso ter uma consciência clara e ser um realista. Digo isto a vocês, porque em meu coração de padre e pastor, sinto pena de muitas almas perdidas, tristes, inquietas e solitárias. Quem as conduzirá à Luz? Quem lhes mostrará o caminho para a Verdade, o único verdadeiro caminho da liberdade, que é o caminho da Cruz?
Será que vamos entregá-los ao azar do erro, niilismo desesperado ou islamismo agressivo, e não faremos nada? Em oz alta, devemos proclamar ao mundo que nossa esperança tem um nome: Jesus Cristo, o único Salvador do mundo e da humanidade.
Queridos peregrinos da França, olhem para esta catedral: seus antepassados ​​a construíram para proclamar a sua fé. Nesta arquitetura, nesta estrutura e nos vitrais, tudo expressa a alegria de termos sido salvos e muito amados por Deus. Seus antepassados ​​não eram perfeitos, eles não eram sem pecado, mas eles queriam que a luz da fé iluminasse as suas trevas. Povo da França, acorde e ainda hoje, escolha a Luz, renuncie a escuridão!
Sagrada Liturgia – fonte da Luz
Como fazer isso? O Evangelho nos responde: quem age conforme a verdade se aproxima da luz (Jo 3,21). Deixemos a luz do Espírito Santo iluminar a nossa vida, concretamente, de forma simples e nas áreas mais íntimas de nosso ser profundo. Satisfazer as exigências da verdade é, antes de tudo, colocar Deus no centro de nossas vidas, assim, como a cruz é o centro desta catedral. Meus irmãos, façamos o propósito de nos dirigir a Deus todos os dias. Agora mesmo, tomemos a decisão de passar, todos os dias, alguns minutos em silêncio, para nos dirigir a Deus e dizer-Lhe: Senhor, reine em mim, eu Te entrego toda a minha vida.
Caros peregrinos, sem o silêncio não há luz. A escuridão alimenta-se do barulho constante deste mundo, que não nos deixa voltar-se a Deus. Tomemos o exemplo da liturgia, da Santa Missa de hoje. Ela nos leva à adoração, ao filial e afetuoso temor, diante da grandeza de Deus. A Liturgia alcança o topo, no momento da Consagração, quando todos juntos, voltados para o altar, com um olhar direcionado à Hóstia, à Cruz, recebemos a Sagrada Comunhão, em silêncio, concentração e adoração. Irmãos, amemos aquelas liturgias, que nos permitem saborear a presença silenciosa e transcendente de Deus, e nos orientam ao Senhor.  (Continuará)
Obs. Subtítulos e frases sublinhadas, são as minhas intervenções