domingo, 17 de junho de 2018

Amizade. Relacionamentos. Amor. Felicidade. Vida.

Amizade caricaturada
A vida do ser humano é composta de vários relacionamentos. Os mais comuns são os familiares, os de companheirismo, os profissionais. Contudo, os mais profundos, “vitais”, aqueles que têm mais impacto na vida da gente, são os de amizade e de amor.
O amor é um verdadeiro sonho de todo ser humano.  Amar e ser amado, é o desejo de cada coração. Amor verdadeiro é belo. Constitui fundamento da família, da sociedade e da Igreja. Está na origem de toda a vida humana. É um relacionamento exclusivo, reservado, acima de tudo, àqueles que vivem em seu âmbito.
Não é por acaso que o Santo Agostinho escreveu: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos” (Homilias sobre a 1ª Carta de João).
Hoje, mais do que nunca, o termo “amor” vem sofrendo um profundo processo de corrupção.  Muitas vezes é compreendido muito subjetivamente e egoisticamente, corrompendo assim, a sua natureza que é doação, sacrifício de si próprio em favor do bem do outro. Quando alguém se confunde em questão do amor, e o identifica com o sentimento (paixão), tem de passar pelas decepções e, muitas vezes, ver todo o relacionamento acabando em hostilidade, sofrimentos e diversas complicações.
Um outro relacionamento “básico e vital”, é a amizade. Ela é igualmente, ou até, mais importante que o amor, na vida do homem. Infelizmente, a amizade também, tem sido mal-entendida, quando identificada com o favoritismo, coleguismo ou pragmatismo utilitarista (tirar algum proveito para si). Nesta ótica o amigo seria aquele que me é favorável, que me apoie em tudo, que me acoberte, não me questione e, ainda, que seja inimigo dos meus inimigos...
Assim, a amizade não só fica desvalorizada, mas também, banalizada (o que aconteceu com o termo “amor”). Tal “amizade”, toda interesseira, é perigosíssima. É uma “amizade criminosa”, pois termina mal, deixando muito sofrimento e danos, também, materiais.
Pode-se dizer que, a amizade como um relacionamento, é mais nobre e mais elevada, que o amor. Por que? O amor, geralmente, inicia-se com algum tipo de fascínio e, muitas vezes, “sem querer”, sem procurar. Enquanto isso, a amizade é uma decisão. Decisão bem pensada, precedida por certo tempo de conhecimento recíproco e luta (juntos) por um ideal.
O ideal é o que caracteriza e, ao mesmo tempo distingue, a amizade da paixão. Ele faz as pessoas se unirem, sonharem e sacrificarem pela causa. É um tipo de relacionamento que, ao mesmo tempo, possui traços de amor e de companheirismo. Acredito que, todo amor responsável deve-se apoiar numa amizade verdadeira e madura. Sem ela não se deve casar...
Hoje presenciamos uma crise profunda de ambos relacionamentos vitais para o homem, amor e amizade. O que os destrói e deforma, é o egoísmo. Ele é como um vírus, que corrói tudo que é de mais belo e nobre na vida. Também, da amizade, o egoísmo faz uma caricatura... O amigo para um egoísta será somente quem vai lhe servir, atender suas expectativas, satisfazer necessidades e sacrificar-se por ele. Uma amizade confundida com exploração e escravidão...
Ira, não é difícil confundir-se. Vivemos num mundo regido pelo egoísmo e seus derivados. Mesmo sem querer, sofremos a influência do ambiente. Portanto, este não seria um momento oportuno de se questionar a si mesmo? Será que eu, não procuro “amigos” só para me amarem? Amo-os realmente? Sou um verdadeiro amigo de alguém?
Se eu reduzir a amizade ao proveito próprio, faria dela uma caricatura...


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