sábado, 9 de junho de 2018

Cristão. Luz e trevas. Testemunho. Jovens. Liturgia. Sacerdote (III)


Tenham a coragem de ir contra a corrente (tradução) - 3a Parte
Jovens, caminhar contra a corrente e combater as trevas
Finalmente, me volto para vocês. A vocês, os mais jovens, que se reuniram aqui, tão numerosamente. Primeiramente, peço que ouçam um ancião, de autoridade maior do que a minha. Quero dizer, São João Evangelista. Além do exemplo de sua própria vida, São João deixou, também, uma mensagem para os jovens. Em sua primeira carta, lemos palavras comoventes de um ancião para as Igrejas jovens, que ele fundou. Ouçam esta forte voz do ancião: “Eu lhes escrevi, jovens, porque vocês são fortes, e a palavra de Deus permanece em vocês e vocês venceram o Maligno. Não amem o mundo e nem o que há no mundo” (1Jo 2,14-15).
O mundo, que não devemos amar e, ao qual não devemos nos adaptar, - diz o padre Raniero Cantalamessa, em sua homilia de Sexta-feira Santa -  não é, o que bem sabemos, o mundo criado e amado por Deus. Não se trata dos homens que vivem no mundo, porque a eles, pelo contrário, devemos ir ao encontro constantemente, especialmente dos mais pobres e mais fracos, para os amar e servir com humildade. Não. O mundo que não deveria ser amado é um outro mundo. Aquele mundo que está sob o domínio de Satanás e do pecado. O mundo de ideologias que contestam a natureza humana e destroem as famílias. O mundo das estruturas da ONU, que impiedosamente impõe uma nova ética global, a qual todos deveríamos ser submetidos. Mas, o notável escritor, Inglês, do século passado, um homem de fé, Thomas Stearns Eliot, escreveu três frases, mais eloquentes que muitos livros: “No mundo dos refugiados, quem escolhe a direção oposta, irá parecer um desertor”.
Queridos jovens, se é permitido ao ancião, como São João, dirigir-se a vocês diretamente, eu também, os exorto e vos digo: vencestes o Maligno, combatam a toda lei contra a natureza, que quisessem vos impor, façam a resistência a qualquer lei contra a vida e contra a família, sejam aqueles que escolhem a direção oposta. Tenham a coragem de ir contra a corrente. Para nós cristãos, essa direção oposta, não é um lugar, mas uma Pessoa - Jesus Cristo, nosso Amigo e nosso Redentor. Para vocês, jovens, é designada uma tarefa particular e concreta: salvar o amor humano da degeneração trágica a que ela sucumbiu. O amor deixou de ser um dom de si, e tornou-se apenas uma posse do outro, muitas vezes cheio de violência e tirania. Na cruz, Deus se tornou um ser humano e nos revelou que Ele é a “ágape”, ou seja, o Amor que se entrega, até à morte. Amar verdadeiramente, é morrer por outra pessoa, como aquele jovem policial, coronel Arnaud Beltrame*.
Queridos jovens, certamente e com frequência, têm experimentado em vossas almas, o combate das trevas com a Luz. Às vezes, deixam-se seduzir pelos prazeres fáceis deste mundo. Do fundo de meu coração sacerdotal lhes digo: não hesitem! Jesus lhes dará tudo. Ao segui-Lo, caminhando para a santidade, não perdereis nada, mas ganhareis a única alegria que nunca falhará. Queridos jovens, se hoje Cristo está chamando alguém de vocês, para segui-Lo como sacerdote, religioso ou religiosa, não hesitem! Respondam-Lhe "fiat", entusiástico e incondicional "sim". Deus quer necessitar de vocês. Que alegria! Que graça!
Voltar às raízes
O Ocidente foi evangelizado por santos e mártires. Vocês, jovens de hoje, serão santos e mártires, que as nações esperam, para uma nova evangelização. Vossas pátrias estão sedentas de Cristo. Não as decepcionem. A Igreja confia em vocês. Estou orando, para que hoje, durante esta Santa Missa, muitos de vocês respondam ao chamado de Deus para segui-Lo, para deixar tudo por Ele, por Sua Luz. Quando Deus chama, é radical. Nos chama por completo, até o dom pleno, até o martírio do corpo ou do coração.
Querido povo da França, a civilização do vosso país foi criada pelos mosteiros. A Europa cristã foi construída por pessoas, homens e mulheres, que aceitaram seguir a Jesus, até o fim, radicalmente. Porque estavam procurando o próprio Deus, conseguiram construir uma civilização bela e cheia de paz, como esta catedral. Povo da França, povos do Ocidente, somente buscando a Deus, que encontrareis a paz e alegria.
Voltem às suas raízes, retornem à fonte, voltem aos mosteiros. Sim, todos vocês, criem a voragem de passar alguns dias em algum mosteiro. Neste mundo de barulho, feiura e tristeza, os mosteiros são oásis de beleza e alegria. Experimentem ali, de que é possível colocar Deus, realmente, no centro de toda a sua vida. Experimentem ali, a única alegria que não passa.

Caros peregrinos, renunciemos a escuridão. Escolhamos a Luz. Peçamos à Santíssima Virgem Maria, para sermos capazes, como Ela, dizer por completo, "fiat", ou seja, "sim"; que saibamos, como Ela, receber a luz do Espírito Santo.
Neste dia, quando, graças ao cuidado do Santo Padre Francisco, celebramos a festa da Santíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja, peçamos à Santíssima Mãe por igual coração que Ela tem. Um coração que nada nega a Deus, um coração ardente de amor pela glória de Deus, coração anunciando fervorosamente a boa nova aos homens, um coração generoso, grande, como o Coração de Maria, um coração na medida da Igreja, na medida do Coração de Jesus.  
* Um oficial da gendarmaria, de 44 anos, que em 24 de março de 2018, participou da ação de tomar de volta o refém das mãos de um terrorista islâmico, em um supermercado no sul da França e morreu em conseqüência de ferimentos.
Obs. Subtítulos e frases sublinhadas, são as minhas intervenções.

Aproveitando, quero recomendar dois livros-entrevistas com o Card. Robert Sarah: "Deus ou nada" e o "Poder do silêncio" (publicado recentemente). Excelentes!






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