O Natal continua...
Está para terminar a celebração do Natal, da Encarnação de
Deus e sua vinda ao mundo dos homens. Estendida por oito dias quer nos ajudar a
penetrar mais profundamente o Mistério da Misericórdia de Deus, que vem para
livrar a humanidade do poder das Trevas. Quer nos ajudar, ainda, a abrir as
nossas vidas para a vinda e presença do Salvador, contínua e abrangente de
todas as dimensões da vida cotidiana.
O período da Oitava do Natal coincide com o dia 31 de
dezembro, último dia do ano civil. As comemorações do “fim de ano” atingiram
hoje um nível exorbitante e mágico. Não é nada de mal comemorar a passagem do
ano, mas preocupante é que muitos cristãos deixaram arrastar-se por esta onda
“laical”, esperando por este dia e preparando-se muito mais e melhor, do que
para as celebrações do próprio Natal.
Todos sabem a que a cronologia hodierna é um modo
convencional de medir e organizar o tempo. As datas comemorativas do ano civil
também são convencionais (Dia das Mães, Dias da Criança, Dia do Agricultor,
etc.) ou históricas (Dia da Independência).
Ao contrário, o Natal e outras Celebrações litúrgicas não
são convencionais nem históricas, e o seu valor, superior de todas as
comemorações, consiste em fazer acontecer o que está sendo celebrado
(não comemorado!). Não se trata duma mera recordação e, na oportunidade duma
homenagem, mas de um FATO que acontece, se renova e atualiza para o bem
e felicidade do ser humano.
Quando falta esta compreensão as pessoas transferem os seus
sonhos, expectativas e seus desejos do infinito (muitas vezes inconscientes)
para o mundo de fantasia e magia, atribuindo a certos objetos, lugares ou datas
poderes sobrenaturais, capazes de mudar as suas vidas e realizar os seus
desejos. O “réveillon” (na língua francesa usado para descrever uma festa de passagem
de ano) é um destes momentos.
As pessoas esperam o ponteiro “bater” a meia noite para se
cumprimentar e desejar um feliz ano novo... E será que vai acontecer? Somente
pela força do desejo vai mudar algo? Pode mudar, sim, e vai mudar, mas será
efeito das escolhas (prudentes ou insensatas). Mas, se estas escolhas forem
iluminadas pela Luz de Deus (efeito da comunhão efetiva e contínua com Deus) levarão
a realização humana e proporcionarão uma paz que é sinônimo da felicidade.
Muitos se alienam tanto que, parecem não fazer distinção
entre o Natal e o fim de ano, felicitando-se: “Feliz Natal e próspero ano novo”,
ou algo assim. Grande é o perigo de trocar o primário pelo secundário, o
essencial pelo acidental, a felicidade pela sensação ou pelo prazer que passam
e deixam a... ressaca.
Então, um cristão não pode comemorar a passagem do ano novo?
Poder, pode. Contudo, o cristão católico deve lembrar que, além da cronologia
convencional do tempo (ano civil) primeiramente deve viver a cronologia
litúrgica (Ano Litúrgico) e com isso não é correto não comemorar a passagem
do ano Litúrgico, mas fazê-lo exclusivamente na passagem do ano civil. Pode se
comemorar o réveillon com a devida e justa proporção entre o real e convencional,
sempre com Deus, pois só Ele pode dar ao ser humano o melhor que este precisa.
Finalizando, faz bem pensar fazendo quaisquer coisas, para
não de enquadrar na mentalidade de macaco, que só sabe imitar o que os outro
fazem...