sexta-feira, 30 de julho de 2021

Inferno. Satanás. Demônios. Espíritos Malignos. Almas perdidas.

Continuação da postagem anterior... A última Parte.

O INFERNO     

Como o Céu, também, o Purgatório e o Inferno se dividem em diferentes e inúmeros círculos. Quanto mais inferior o círculo, mais terrível e pesado o tormento nele... A alma condenada, conhece toda a Grandeza, Poder e Beleza de Deus e, ao mesmo tempo, tem a consciência de que nunca O poderá contemplar. Sabe que seu sofrimento é eterno e, que nada aliviará, nem diminuirá esse tormento... Queima-a um fogo eterno de desejo e de ânsia pela felicidade, que nunca será dela. Este fogo devora e consome a alma condenada, mas, nunca irá consumi-la e destruí-la. Um terrível e inexorável “nunca” a espreita por todos os lados. A alma condenada possui plena consciência de perda sofrida, pela própria escolha, e plena compreensão da justa punição que recebeu. Não pode amar a Deus, embora conheça o Seu Poder e a Sua Perfeição. Não pode sentir contrição, nem arrependimento. Tais sentimentos trar-lhe-iam o alivio, criariam uma impressão que, de algum modo, está pagando a dívida a Deus, contraída para com Seu Amor. Unicamente os sentimentos negativos estão lhe disponíveis. Desespero, dor, desamparo, abandono, e acima de tudo, ódio constante, cansativo e sem limites, a si mesma e a tudo! Quem quer que tenha rejeitado conscientemente a Deus durante sua vida, então, após a morte, será rejeitado por Ele! Sua alma irá para as “trevas”, onde haverá “choro e ranger de dentes”. Dalí não há retorno, nem salvação. Um tormento, que nenhuma palavra pode expressar. Acordado, consciente, sem esperança, odioso e eterno tormento, eis o estado, do qual nenhuma alma condenada jamais se libertará.

ASSIM É O INFERNO. Cada pessoa, está constantemente sob a influência do mundo sobrenatural, embora não o sinta, ou seja: dos Santos, dos Espíritos Alumiados, Muito Brilhantes, ou então, dos espíritos miseráveis, muito miseráveis, espíritos malignos e, finalmente, dos demônios,- dependendo para os quais a sua vontade se inclina. O Demônio, ou Satanás, é um antigo Anjo e, como tal, possui as mais altas habilidades, porém, em direção inversa da de Deus. O amor, contrasta com o ódio, o bem com o mal, a humildade com o orgulho, a confiança com o desespero, a esperança com a incerteza definitiva. O Demônio, dispõe da plena compreensão do espírito perfeito, mas, não pode e não quer utilizar o conhecimento do Bem. O seu poder está apenas no mal. Está totalmente ciente da grandeza e do Poder de Deus, e lembra da felicidade celestial. Experimentou a justiça de Deus, e a odeia. Não ama o mal, também, porque não pode amar nada. É orgulhoso e tem de submeter-se à vontade do Altíssimo, que o limita e, só permite a sua ação, até um certo ponto. A consciência da perfeição de Deus, que conheceu, lhe causa um sofrimento indizível, e ao mesmo tempo, imagina, que irá arruiná-la, fazendo o mal, o que também odeia. Não há espaço n´ele para nenhum outro sentimento. Odeia o seu próprio ódio, assim, como odeia a si mesmo. Não se pode conceber ideia alguma, da terrível força desse ódio, nem do tamanho de seu sofrimento. Sabe, também, que sofrerá por toda a eternidade, e que não pode haver remissão para ele. Tem a plena consciência do mal e da sua culpa, perante o Poder Supremo, e ainda assim, por vingança e ódio, gostaria de levar toda a humanidade ao sofrimento e desgraça sem fundo, que ele mesmo padece desde séculos e para todo sempre. Todo furor da sua ação poderosa investe nesta direção. Oxalá, as pessoas soubessem, que desprezo sem limites, ele sente pelo ser humano, que deixou-se seduzir por ele! Como o odeia por sua fraqueza, malevolência, sujeição e estupidez! Com que crueldade atormenta tal alma, assim que atingir o seu objetivo. O demônio, diante da face de Deus, pelo temor é justo, mas, diante do homem, não o compromete justiça nenhuma. 

Entre os demônios existem espíritos mais poderosos e mais fracos. Há uma hierarquia muito vasta no Mundo das Trevas. Cada Demônio tem um caráter diferente, tem a sua especialidade. Geralmente, cada um representa uma determinada paixão, como que um ministro, da pasta diferente do Mal, e tem a seu serviço, todo o departamento de subordinados, treinados e devotados. Muito raramente, e apenas em casos excepcionais, o próprio Satanás, se assim se possa dizer, trabalha pessoalmente, para destruir uma alma. Normalmente, quando escolhe uma alma, primeiro, envia espíritos fracos, para lhe prepararem o terreno. Depois deles, manda mais fortes e, cada vez piores. Somente no momento, em que o homem estiver mais fraco e mais instável, ele mesmo aproxima-se da sua alma. É o momento em que a pessoa começa a pensar, por exemplo, num crime. Apenas por um breve momento, um flash, e novamente, Satanás dá um passo para trás. O homem fica surpreso, apavorado e, por um tempo, desorientado. Em tal momento, por impulso de medo, está pronto a recuar, e até, de pensar em Deus... Mas, isso não pode ser permitido. Os espíritos fracos, desta vez, têm o dever, de diminuir rapidamente a impressão causada pelo pensamento dado por Satanás. Se o homem lhes der o ouvido, depois de algum tempo, vai começar a minimizar a impressão causada pelo pensamento do crime, às vezes até, rir dele, e aos poucos, desarmado e privado de vigilância, começar a ficar acostumado com tal pensamento. Portanto, quando Satanás se aproximar dele mais uma vez, já com um plano de crime pronto, encontrará o homem tão familiarizado com eventual possibilidade, que não haverá mais perigo de uma fuga espontânea. Tendo feito o seu trabalho, Satanás se retira novamente, deixando a alma sob os cuidados constantes de um bando inteiro de espíritos malignos. Estes, como os cupins, laboriosa e ligeiramente cavam debaixo da fundação, perfuram interiormente toda a estrutura da moralidade do homem, até que caia em ruínas. Somente quando houver o risco, de o homem cair em si e acudir-se, de começar a hesitar e se preocupar, se a consciência envenenada começar a vir à tona, Satanás aparece pela terceira vez. Caso necessário, ele seleciona, para o reforço, demônios de outras especialidades, convoca grupos inteiros de espíritos malignos e lança um ataque geral.

Se, em efeito da oração de alguém, ou em consequência de outra Graça, Satanás sofrer a derrota, ele sofre igualmente, como os Espíritos Alumiados sofrem, ao verem a queda do homem, que se beneficiava de sua proteção. Todos os espíritos malignos, comprometidos em tal conspiração, sofrem com o Satanás. Fracassado Satanás, perde a sua força, assim, como um Santo ganha mais glória no Céu, quando ajudar alguém a levantar-se do pecado. Se, num ataque geral, Satanás dominar um homem, para fortalecê-lo no pecado, por algum tempo, cria para ele condições de vida favoráveis, para o desenvolvimento do mal. Somente quando o homem cruzar certa linha, além da qual, na maioria das vezes, é incapaz de se retirar, o Satanás se afasta e o entrega a ruina de desespero e de solidão. Ai então, os bons espíritos há muito o abandonaram, e os maus, vendo que não vai mais escapar, sem piedade atormentam abandonada, à sua sorte, a vítima indefesa; igualmente, como na eternidade, será atormentada pela consciência de queda voluntária, sabendo claramente que, unicamente da sua vontade dependia a escolha do outro caminho, à verdadeira e eterna felicidade.

Todo pecado mortal, e a primeira faísca de pensamento pecaminoso, vêm diretamente do Satanás. Os espíritos maus e fracos apenas os alimentam no homem. Por meio de suas ações, Satanás, ao menos que um homem o rejeite a tempo, enfraquece, cada vez mais, seus anseios espirituais, a favor das coisas materiais. Ordena aos espíritos malignos, a desencadearem nele a avidez de esbanjo, confirmarem nele o desejo de conforto refinado para o corpo, alimentarem sua ambição, empurrarem sem cessar, às ilimitadas, aparentemente, possibilidades de aperfeiçoamento de todo tipo de tecnologia, para não lhe deixar tempo, de pensar na alma. O demônio, como um motor e concentração de todo o mal, não deixará o homem descansar, assim como, ele mesmo nunca mais encontrará a paz. Novamente, Satanás aparece ao homem, que considera seu, “em pessoa”. Acontece, as vezes, que o maior pecador, no último momento de sua vida cai em si. Aterrorizado pela própria culpa, está pronto para revogar tudo, voltar atrás, pronto a se arrepender e pedir perdão. Então, o Satanás, não querendo admitir sua vítima a um ato de contrição perfeita, que poderia aniquilar todo o seu trabalho, faz a última tentativa. Neste momento decisivo, tenta mergulhar o homem no desespero e nas dúvidas na Graça de Deus. Quer amarrar ao seu pescoço, como a um afogado, a mais pesada pedra do pecado contra o Espírito Santo, para destruí-lo definitivamente. E mesmo, se não consegui-lo, se o homem gerar o arrependimento perfeito, ou fizer a Confissão, infelizmente, Satanás, já alcançou amplamente o seu objetivo, atrasando a vinda do Reino de Deus na Terra! A vida inteira de tal homem foi estragada, muitas boas oportunidades perdidas e, o mau exemplo, fez com que a sua alma passará pesados tormentos de purificação, as vezes, por séculos e séculos.

ESPÍRITOS MALIGNOS. Os Espíritos malignos, são as almas de pessoas condenadas, outrora altamente dotadas por Deus. Talvez, por essa razão, sejam tão fortes em sua ação, quando notarem no homem, até, a mais leve inclinação voluntária para o mal. Assim, quando alguém reflete muito, qual caminho deve seguir, prontamente lhe oferecem conselhos convenientes, aproveitando-se da sua indecisão. Os espíritos malignos, sendo espíritos superiores, na sua raiz maligna, agem conscientemente, habilmente, propositalmente, porém, igualmente a Satanás, raramente se ocupam com homem fraco e instável. Deixam-no aos espíritos fracos, ou muito fracos, que facilmente podem vencê-lo, entregando-o, aos espíritos cada vez mais inferiores, para, de qualquer maneira, virar servo do demônio.

Um espírito maligno age, mais frequentemente, ao redor das pessoas fortes, talentosas, com grande potencial, pessoas, que uma vez entregando-se ao seu poder, podem fazer muito mal no mundo, e assim, trabalhar com ele, para o reino das trevas. Com quanta habilidade, com quanto conhecimento de psicologia, de inclinações e de fardos hereditários, o Espírito Maligno procura conquistar tais pessoas! Como lhes ajudam, como cuidam dale, como sabem remover todos os obstáculos do seu caminho! Muitas vezes, assim, pode-se explicar o fato, de que pessoas más, geralmente, se dão muito bem nesta vida. As lendas, estorinhas, contos e fábulas, frequentemente, contêm muito mais verdade e sabedoria, que alguém possa imaginar. Tais personagens das lendas, que em troca de entregarem suas almas ao diabo, inesperadamente enriqueceram, são todos os especuladores sujos, exploradores, os que adquiriram a fortuna de maneira imoral e desonesta. Eles se enganam, ao pensar que foi a sua inteligência, sua “mão de sorte” ou prosperidade favorável, que lhes deram o sucesso. Alguns, por sua própria culpa e negligência voluntária, não percebem claramente a quem servem, acreditando que estão fazendo exatamente o que querem, seguem aonde Espírito Maligno os leva. Outros, conscientemente e livremente escolhendo o mal, fazem de tudo, que o espírito maligno lhes inspira, na convicção, de que sempre, e em tudo, vais continuar a ser benevolente para com eles.

Todavia, os homens, podem contar com a proteção do Espírito Maligno, somente, até ser atingido, o que o Inferno exigiu deles, e para aquilo que podiam ser usados. Empurrados abaixo de certo nível, de onde geralmente não conseguem mais se reerguer, tornam-se os mais miseráveis servos das Forças das Trevas, por toda a eternidade! Por conseguinte, o homem mau, que afirma não estar amarrado a nenhuma crença, nem estar ligado a vínculo algum, mas, que é livre e "original" - há muito tempo se tornou um escravo do senhor mais cruel! O Espírito Maligno, em cujo poder se encontra, elimina n´ele, todos os pensamentos acerca da vida futura, fortalece uma falsa convicção, de que tudo termina com a morte, para que a vítima, apavorada com o que a espera, não lhe escape no último momento. Se tal homem, a tempo se lembrasse, que foi criado pelo Poder Supremo, para um propósito importante, e que a vida no mundo, é apenas um átrio dum mundo melhor, uma provação, um complicado, as vezes, quebra-cabeça, que somente a boa vontade pode resolver, e que, não se pode violar, ousadamente e irrefletidamente, as Leis deste Poder Supremo, para depois, não sofrer da Sua justiça, - quão desesperadamente tentaria escapar e se defender! Infelizmente, o véu que permitiu estender diante dos seus olhos, é tão denso, que somente um grande e consciente esforço da sua parte, poderia removê-lo.

ESPÍRITOS FRACOS. Espíritos Fracos, ou Muito Fracos, são almas condenadas, as mais inferiores, de pessoas pouco dotadas, que, pela preguiça, permanecendo durante a vida, na mediocridade morosa, pela própria culpa e própria vontade, negligenciando os dons que receberam, não apenas não atingiram o seu devido nível de perfeição, mas, praticando o mal passivo, não fizeram, nem mesmo o menor esforço nesta direção, durante toda a vida. A consciência e a ação de tais espíritos, são muito limitadas, e portanto, pode-se dizer, inconsequentes. Há algo de acidental em suas ações, por isso, o homem que se deixa dominar por eles, está cheio de incertezas interiores e desorientação. Às vezes, grupos inteiros de tais fracos guardiões, se juntam em torno de uma pessoa e, como suas ações são diversas, causam no homem a divergência de desejos, conceitos e aspirações. Quando a voz de consciência do homem, claramente se manifestar, exatamente são eles, que lhe sugerem soluções aparentemente prudentes, sóbrias e efetivas, na linha de menor resistência, nas questões duvidosas ou delicadas.

Por isso, os Espíritos Fracos, como que, automaticamente arrastam, cada vez mais para baixo, aqueles que não têm firme vontade para fazer o bem, não desejam a perfeição, e os que recuam constantemente. No mundo espiritual, o movimento é igualmente obrigatório, como no mundo material. Aqueles que não sobem, têm de cair. Os Espíritos Fracos, no mundo invisível, são uma espécie de algas. Embora pareçam frágeis, podem amarrar e subjugar alguém, sem saída, contribuindo para a sua ruína. Não o fazem com plena consciência, como Satanás ou os Espíritos Malignos, mas, por causa da sua natureza fraca, assim, como o homem de caráter fraco e débil, que não sabe influenciar positivamente o seu ambiente, empurra as seduções para o estado de passividade, prejudicando-se a si mesmo. Os espíritos maus e os fracos, também, frequentemente, comunicam-se com os homens, durante sessões espíritas, embora, às vezes, possam chegar almas que padecem. Todos tais espíritos sofrem e buscam incessantemente um descanso. No momento de entrarem em contato com um ser humano e, enquanto o contato durar, não sentem o seu sofrimento. Para prolongar, o máximo possível, esse tempo, eles respondem ansiosamente a todas as perguntas feitas durante as sessões. Os Espíritos Malignos, com plena consciência, enganam as pessoas, enquanto os fracos, cuja consciência é estritamente limitada, falam quaisquer coisas e, tentam sustentar a atenção das pessoas, com qualquer coisa que seja; só para manter contato, por mais tempo possível, o que lhes traz alívio e sossego. Em casos muito raros, os Espíritos Alumiados, vêm às sessões espíritas, mas nunca poder-se-a ter a certeza da sua presença, porque os Espíritos Malignos sabem se fingir de Espíritos Alumiados. Portanto, se alguém tentar conhecer os segredos do além-mundo, através de sessões espíritas, pode ser facilmente enganado.

Existe outro caminho de entrar em contato com além-vida: uma ardente, verdadeira e firme vontade, unida à oração perseverante, - sempre são favoráveis. A resposta poderá vir, seja pela percepção interior, seja por um sinal externo, desde que o desejo seja puro, forte e inteiro. Enganam-se os que dizem, que o sofrimento da alma, não será o seu próprio sofrimento. Para um conforto, querem se convencer de que, após a morte, perderão a consciência da própria identidade, seja como alma padecente, seja feliz. Afirmam que, assim como, não os importa um prémio eterno, destinado não para eles, mas, para alguma consciência lhes estranha, assim também, por receio do sofrimento alheio, não têm vontade, de negar a si nada nesta vida. O homem nunca perderá a sua própria personalidade. Por toda a eternidade saberá quem era, quem é, qual recompensa ou castigo recebeu. A borboleta pode não lembrar que era uma lagarta, um besouro, não saber que era uma larva, mas, uma alma imortal lembrará e saberá nitidamente, que é a mesma personalidade, o mesmo “eu”, que era no ser humano.

Assim, como ninguém havia perguntado ao homem, se ele gostaria de existir, ninguém lhe perguntará, se ele quer arcar com as consequências de ter existido. Assumi-la-ás, de qualquer maneira. Uma vez criado, não se retirará da “circulação” pois, igualmente como a morte do corpo temporal, assim, a vida eterna imortal da alma, são as consequências inevitáveis da existência humana. Há quem diga que, cometeu o mal durante a vida, porque tal foi o seu destino. Nada mais falso que isso! O destino, - é a qualidade e a quantidade do Poder que o homem recebeu de Deus. Tal poder, de acordo com sua própria escolha, pode ser utilizado para o bem, ou para o mal. É nisso que consiste o livre arbítrio! 

A alma começa a continuação do seu caminho, não a partir do momento, em que a morte a surpreendeu, mas, pelo consentimento benevolentíssimo de Deus, o começa do nível, da mais alta perfeição, que alcançou durante a sua vida. Isso só pode acontecer, se, na hora da morte, a soma dos esforços do homem para o bem, exceder a soma de suas quedas conscientes, e ainda, se não tinha morrido em pecado mortal. Somente a Justiça Divina e a Sua Onisciência, podem fazer tal cálculo com exatidão matemática e, assim o faz! Nunca foi o Plano de Deus condenar qualquer alma. É verdade que Deus, sendo Onisciente, sabe qual alma, no futuro, será salva ou condenada, conforme suas ações livres e, portanto, por sua própria escolha, mas, de forma alguma influi no livre arbítrio do homem.

O eterno Plano de Deus, estabeleceu clara e inabalavelmente, o grau do Céu, em que algumas almas devem proclamar a Sua Glória. Ao criar cada alma, Deus lhe concede todos os dons adequados, todas as graças e todo o poder necessário. Com isso, predestina lhe um determinado lugar no Céu, esperando que, possa tocar um determinado tom, na Orquestra de Sua Glória. No entanto, depende da escolha do homem, se a sua alma assumirá o tom destinado a ela, e do qual Deus precisa. Deus dá chance a cada alma, mas, não pode submeter Seus Planos Divinos, aos caprichos do livre arbítrio do homem. Entretanto, desde séculos, cada alma, tem um lugar preparado no Céu. Mas, se pela escolha consciente do mal, a alma não quiser alcançar o auge disponível para ela, será condenada e estará nas profundezas do Inferno, da escuridão e tormento correspondentes à Luz e à felicidade que rejeitou. Alcançará, portanto, o seu auge, mas na direção oposta a Luz... Deus, sendo Todo-Poderoso, no lugar da alma condenada, cria uma outra, igualmente dotada, com as mesmas possibilidades, para que possa preencher aquele lugar vazio, que há séculos espera por tal tipo de alma. Porque, não pode faltar, nenhum, que seja o único, som na grande Sinfonia das almas encarregadas a proclamar eternamente a Glória de Deus!

A alma, tendo ficado em seu nível mais elevado, nada sabe da existência dos Círculos Superiores. O conceito de felicidade maior da dela, está além de seu pensamento. No entanto, vê todos os Círculos abaixo dela. Pode atuar neles, ajudar, e pela sua intercessão diante de Deus, com Sua permissão, pode favorecer as almas padecentes no Purgatório, bem como os homens na terra. Assim como antes, os olhos do corpo identificavam luzes, figuras e cores, assim agora, os olhos da alma, veem tudo, o que acontece no Mundo do Espírito. Reconhecem facilmente as almas dos parentes e conhecidos, porque uma alma, para a outra, é o mesmo, que um ser humano é para o outro. Cada um mantém sua forma, cor e propriedades. As almas de pessoas, que tinham aspirações do mesmo gênero, estarão juntas num determinado Círculo do Céu. Não apenas o nível intelectual, o sangue, e os sentimentos que uniam seus corações durante a vida, mas acima de todo, seus anseios espirituais o determinam. O grau de amor a Deus, a força da vontade, com que avançavam para Ele, a quantidade e qualidade de renúncias, sacrifícios e privações, feitos a Ele durante a vida, eis a única fraternidade, parentesco e vínculo, capaz de ligar com outra alma, tão fortemente, para encontrá-la, até mesmo, na eternidade. A separação das almas de pessoas que se amam na terra, quando obrigadas a ficar eternamente, em dois Círculos distintos, não perturbará a plenitude da sua felicidade. Porque a felicidade da alma, consiste unicamente em sua relação com a Suprema Perfeição, e é somente por este ângulo que ela pode enxergar e sentir. Por tal razão, a familiaridade com a alma, na qual o amor de Deus não for igualmente intenso, só lhe causaria dor, angústia e ansiedade. Enquanto isso, a felicidade eterna tem de ser plena!

O olhar da alma remida, sobre a terra, é penetrante, como raios-X. Atravessando a matéria, penetra na alma da pessoa viva, e a conhece, como ela é realmente. Tal olhar é livre de quaisquer resíduos sentimentais e demais tendências, que não o confundem mais, nem obscurecem. Uma alma remida, sabe tudo sobre a alma do vivente, se Deus o permitir. Se homem, cometendo o suicídio, agiu no obscuro, não sendo totalmente responsável pelo ato, a sua alma, não será condenada eternamente, graças à perfeita Justiça de Deus. Deverá, no entanto, esperar no abandono, lamentavelmente doloroso e inútil para sua futura felicidade, por tantos anos, quantos lhe ainda faltaram, para a morte natural. Só então, começará a sua devida reparação e justa punição. O suicida, portanto, de maneira alguma, está escapando do sofrimento na terra e, nada ganha com o passar do tempo. Apenas, está trocando a dor menor, já conhecida, por uma, nova e, inconcebivelmente mais cruel. Apesar disso, acrescenta voluntariamente, a todas as aflições temporais já sofridas e, aos tormentos que o esperam no Purgatório, todos aqueles anos, que lhe faltavam para a morte natural, certamente, tormentos piores, dos quais pensou fugir.


quarta-feira, 28 de julho de 2021

O Céu. Espíritos. Anjo da Guarda. Felicidade

(Continuação...)

ESPÍRITOS ALUMIADOS

Os Espíritos Alumiados são as almas das pessoas salvas, que “trabalham” junto com os santos, para a Glória e o Amor de Deus. Procuram na terra pessoas, que correspondam às suas possibilidades, e querem ajudá-las a servir a Deus, com alegria. Deste modo, desejam aproveitar e realizar todas as oportunidades, que lhes confere o grau de sua santidade, de luz e poder.

O Espírito Alumiado, ao encontrar entre os homens, uma pessoa dotada espiritualmente, que corresponde às suas ações, tenta conquistá-la para as coisas de Deus, através de inspirações. Se o homem, tendo boa vontade, se submete confiante à tal influência, na medida em que se desenvolve espiritualmente,  se ampliam suas possibilidades, e também, mudam os Espíritos que o acompanham. Alguns Espíritos, tendo cumprido suas tarefas, se afastam e, em seu lugar vêm outros, mais fortes, para enfim, moldar a base ao defensor definitivo e permanente da alma, que é geralmente um Santo.

O ESPÍRITO DO SANTO PROTETOR

O Espírito do Santo Protetor tem que corresponder, com seu caráter e suas possibilidades, ao caráter e à disposição do homem assistido. Um Santo, da alteza do grau de perfeição, alcançada por seus méritos, haurindo, por assim dizer, do capital que, pela vontade de Deus, lhe é permitido gozar, pode agir mais facilmente e mais rápido, numa alma próxima e semelhante.

No calor e na luz do Santo Protetor, se desenvolvem no homem, todas as boas inclinações, que Deus plantou em sua alma. O Santo torna-se Protetor dum ser humano, ou sem o seu conhecimento, quando o homem sabe que, amparado pela graça imerecida, seria capaz no futuro fazer muito, pela Obra de Deus, ou então, quando, tendo amado especialmente algum dos Santos, lhe pede calorosamente essa proteção.

Quando um homem, na sua vida interior, é instável e confuso, é que talvez, não tenha ainda ao seu lado, um Protetor forte, ou pior, tem vários protetores, mas, do mundo das trevas. Pois, quando o homem não possui uma firme vontade para fazer o bem, geralmente triunfa nele o mal, o, na melhor das hipóteses, assim permanecerá “morno”, até a morte.

Um Santo, não tem acesso ao homem, que não possui a boa vontade, que nem mesmo tenta, nem faz esforço, para tê-la. Por meio da oração e do amor, a um dos santos, até o homem mais instável no começo, pode conseguir para si, um protetor tão forte que, sob a sua influência, a antiga instabilidade e indecisão, desaparecerão sem deixar vestígios. Para alcançar a proteção dum Santo, deve-se rezar para ele uma novena livremente escolhida, iniciando-a ou encerrando, com a Confissão e a Sagrada Comunhão; e durante a novena, orar fervorosa e sinceramente ao Espírito escolhido. Se a oração for sincera e a intenção pura, muitas vezes acontece que no nono dia, pode-se sentir, ao seu lado, a presença do Santo Protetor. Uma pessoa dotada de vários talentos e interesses, pode pedir a proteção de vários santos ao mesmo tempo, escolhendo-os, de acordo com o tipo e categoria dos dons, que sente dentro de si. No entanto, é mais fácil relacionar-se com aquele Santo Protetor, a qual mais nos atrai o nosso coração.

O SANTO PATRONO

O Santo Patrono, por natureza, não é o Protetor na terra, do seu acompanhado. Pode se tornar, sim, quando solicitado em oração. Antes que isso aconteça, o Patrono conhece cada pessoa que leva o seu nome, e pode tentar, inspirar-lhe o desejo da sua proteção constante. A atuação do Patrono, que se torna Protetor da alma, é grandemente realçada e não termina com a morte. No dia, em que a Igreja celebra a solenidade de um determinado Santo, todos os bons resultados das suas ações na terra, durante o ano passado, são recompensados no Céu, e o Santo sai ganhando na glória. O “Aniversariante”, desce nesse dia, aos mais baixos Círculos do Céu, onde recebe reverência e agradecimentos das almas, a quais ajudou a alcançar a felicidade. Em tal dia, pode ainda, interceder junto a Deus, pelas almas mais sofridas, de pessoas que, durante sua vida tiveram devoção especial a ele, ou que levavam o seu nome. É muito importante o oferecimento da Santa Missa pela alma do falecido, no dia do seu Patrono. No momento, em que Deus cria a alma do homem, também lhe atribui o Anjo da Guarda. Este é um Espírito, cujos dons estão intimamente ordenados aos da alma, a ser cuidada.

O ANJO DA GUARDA

O Anjo da Guarda, sendo um ser unido a Deus e, que compreende a Deus, possui um intelecto perfeito e independente. No entanto, para ser um companheiro inseparável do homem, em tudo que este vivencia, a mente do Anjo da Guarda possui a capacidade de adaptação a qualquer idade e nível do homem. Por isso, pode-se dizer, que o Anjo da Guarda cresce juntamente com o homem, embora, obviamente o termo não seja exato. Se as pessoas soubessem viver mais plenamente a vida espiritual, sentiriam ao seu lado esse, bem selecionado, e amável companheiro. Desde a infância, passando pela meninice, juventude, idade madura, até a velhice, poderiam conviver com ele, como amigo inseparável, o mais fiel e mais devotado. No entanto, devido ao fato, de que o mundo material obscureceu, ao homem, quase completamente, o mundo espiritual, apenas uma criancinha conhece a comunicação maravilhosa com o seu Anjo. Sorrisos, quase imperceptíveis no rosto da criança adormecida, refletem esse contato alegre.

Com o passar do tempo, devido ao defeito e imperfeição da natureza humana, tal contato nítido, se torna embaçado e, somente em casos muito raros, o homem consegue restabelecê-lo. A preocupação do Anjo da Guarda, com relação ao homem, se limita a protegê-lo do que poderia lhe acontecer, com a permissão de Deus. Em tais casos, o Anjo da Guarda tem o direito de intervir junto a Providência de Deus e, intercedendo, pode preveni-lo de muitas coisas. No entanto, isso só pode acontecer, se o homem, tendo a boa vontade, mesmo que inconscientemente, escuta as instruções e alertas interiores, do seu Anjo da Guarda.

No que diz respeito à vida interior do homem, o papel e o dever do Anjo da Guarda é, também, guardar, registar e recordar-lhe as inspirações e luzes enviadas por Deus, através dos Santos; inspirações que, sem a sua ajuda, o homem poderia esquecer e desperdiçar, com maior frequência do que, lamentavelmente, isso acontece, apesar da sua atuação. Visto que, o Anjo da Guarda está sempre com o homem, este o expõe a grande dor, tristeza e angústia, cometendo o pecado. Como uma criatura, que ama a Deus, com um amor consciente e pleno, o Anjo odeia o clima do pecado. Pela vontade de Deus, entretanto, a sua união com a alma não é rompida, nem mesmo pelo pecado do homem, ao contrário da comunhão com Deus e com os Santos, que é interrompida pela escolha consciente do mal.

O Anjo da Guarda ama a alma humana, como a irmã gêmea, e deseja a sua salvação, o quanto antes, ao que, inclusive, está intimamente relacionada a plenitude da sua própria felicidade. Quando a alma está no Purgatório, o seu Anjo da Guarda, a espera ansiosamente, no nível mais alto do Céu, destinado a ela, e que, após a purificação, também ela alcançará. Apesar do Purgatória, a sua comunicação continua. O Anjo da Guarda, como o Espírito perfeito, não pode sofrer com a alma, mas, enquanto o plano de Deus não se realizar completamente, com relação a alma, ele também, não terá a felicidade completa.

A plenitude da felicidade eterna do Anjo da Guarda, nunca será maior do que a felicidade plena da alma a ele confiada. Em certo sentido, estão sujeitos à lei dos vasos comunicantes. Somente quando ambos atingirem topo da felicidade eterna, o seu relacionamento mudará um pouco. A alma salva, atingirá pelo conhecimento e proximidade com Deus, o mesmo grau de inteligência, que o Anjo da Guarda teve desde o início, por sua própria natureza. Isso poderia se comparar à diferença entre irmãos, dos quais um é muito mais velho que o outro. Na infância e na adolescência, esta diferença é marcante. No entanto, quando os dois excedem um certo limite de idade, ela se apaga completamente. O Anjo da Guarda nunca abandonará a alma salva, da qual cuidava. Permanecerá com ela por toda a eternidade...

O fio que liga a alma, ao seu Anjo da Guarda, é tão forte, que somente a condenação da alma pode rompê-lo irremediavelmente. Se for o caso, Deus dará ao Anjo órfão, uma outra alma, e a memória, daquela que, apesar de todos os seus esforços, de todas a graças e de ajuda de Deus, livremente escolheu o mal, desaparece completamente da consciência do Anjo da Guarda.

A incumbência dos Espíritos Santos e Alumiados, além de cuidarem dos homens, é a adoração constante da Eucaristia na terra. Em cada igreja ou capela, onde é guardado o Santíssimo Sacramento, diante do Sacrário, além dos Anjos, também, diversos Santos, ficam de guarda, revezando-se. Na maioria das vezes, é o Patrono de uma determinada igreja, que com amor e glorificação, presta esta guarda de honra. Nem por um momento, o Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor ficam sem esta assistência invisível. Enquanto o Reino de Deus não vier ao mundo, e enquanto o Senhor Jesus for prisioneiro apenas do Tabernáculo, e não de todas as almas e corações humanos, até então, a Igreja Triunfante cuidará, para que o Deus oculto no Pão e no Vinho, nem por um momento, fique sem ser adorado na terra. O mundo invisível inteiro, é cheio de diversos tipos de Espíritos. O espírito acolhido pelo homem, voluntariamente e permanentemente, se tornará o seu guardião, conselheiro, zelador e, finalmente seu senhor.

Estão enganados os que imaginam que, qualquer pensamento, bom ou mau, são seus próprios pensamentos. Sem perceber, o homem sempre se inclina para ouvir as incitações do mundo espiritual, aos quais cede ou não. Todos os desejos, pensamentos, ideias, toda a criatividade, independentemente da direção, enfim, tudo que um homem costuma considerar como “seu”, apenas lhe é sugerido pelo mundo sobrenatural, que o rodeia por todos os lados. Não há pensamento que surgisse por si mesmo em seu cérebro. O cérebro é apenas, por assim dizer, um receptor de ondas enviadas do além-mundo. Do discernimento e do livre arbítrio do homem depende, se vai aceitar e seguir uma determinada inspiração. Tanto os bons espíritos, quanto os maus, podem apenas aconselhar, persuadir, sugerir, mas, não podem nos impor nada. A única propriedade real do homem, que nem mesmo Deus lhe tira, tendo uma vez a concedido deliberadamente, é o seu livre arbítrio!

Continuará...


terça-feira, 27 de julho de 2021

O Céu. Paraíso. Graus de Felicidade. Beatitude eterna.

(Continuação...)

O CÉU

Muitas almas, tendo deixado o Círculo Indiferente, permanecerão para sempre, no Círculo de ConhecimentoO seu entendimento não suportaria mais. A sua capacidade não aguentaria mais. Estão repletas de felicidade e, portanto, não podem desejar mais nada. Simplesmente, não sabem de que pode haver uma felicidade maior, do que esta, que estão vivendo, e ao mesmo tempo, entendem que a recompensa que Deus, no Seu Amor e na Sua Sabedoria lhes deu, é a maior, que nem mesmo a mereciam!

Às almas, a quem Deus incumbiu maiores desafios, dando-lhes, também maiores faculdades, concedeu, obviamente, um lugar superior no Céu, desde que, não frustrarem seus desafios. Ou, então, se não cumprirem tudo, durante a vida, mais tarde, atingirão o nível adequado com o plano de Deus, por meio de sofrimentos no Purgatório. Tais almas, depois de uma estadia, mais breve ou mais longa, no Círculo de Conhecimento, passarão para o próximo Círculo, ou seja, o Primeiro Círculo, o Luminoso.

CÍRCULOS LUMINOSOS

Depois, repete-se o mesmo. As almas permanecerão na eternidade no Círculo, onde se encontram, ou, irão subindo mais alto, para parar no Círculo do Céu, no qual a plenitude absoluta da felicidade vivenciada, corresponder á sua suprema capacidade espiritual. A qualidade de luminosidade e a quantidade desses Círculos são inimagináveis. Quanto mais superior, tanto mais luminosidade, mais encanto e, mais conhecimento sobre Deus.

Como um som movendo-se regularmente, até o seu ponto mais alto, nas notas musicais, assim, muitas almas terão de escalar, os degraus luminosos da perfeição, pelos Círculos cada vez mais altos, sempre, com o mesmo desejo, acostumando-se gradualmente, com o conhecimento de Deus, cada vez maior, e movendo-se, para o ponto, em que o conhecimento e o gozo serão completos. E assim, com base na Justiça Absoluta, que cada alma entende, reconhece e adora, finalmente alcançará o grau de felicidade eterna de acordo com o plano de Deus.

CÍRCULO DE ALEGRIA

É o primeiro Círculo, de uma série de Círculos Luminosos. Aqui estão as almas de crianças mortas e as almas de adultos, cuja infância em relação a Deus, permaneceu confiante, simples e total, apesar dos anos que se passaram. Depois desse, segue-se o Círculo de Liberdade, de Luz, de Bondade e muitos, muitos outros... Todos esses superiores Círculos do Céu são os santuários dos Santos, mas não apenas dos que foram canonizados. São os exércitos inteiros de almas mansos e devotadas a Deus durante a vida, cuja santidade o mundo não conheceu, mas que, nestes superiores Círculos do Céu admiram e adoram a Onipotência e Santidade de Deus.

Como exemplo, sei, de Santa Madalena-Sofia, sobre uma lavadeira santa. Toda a sua vida, ela lavara as roupas. Trabalhando pesadamente, pelo pão de cada dia, para sua família, não se revoltava, nem se queixava, mas, aceitava tudo com submissão, como procedente da vontade de Deus. Com cada esforço, cada cansaço, cada fadiga, encurvada sobre a sua bacia, sem cessar louvava a Deus. Sem grandes palavras, silenciosamente, despercebida, simplesmente assim... Viveu constantemente pensando na Sua presença e, por seu Amor, com serenidade, permaneceu por longos anos, em humilhação e fadiga, até que Deus acolheu a sua alma, diante da Sua Face... Aquela lavadeira, hoje, é Santa, no Céu.

CÍRCULO DE SABEDORIA DIVINA

No círculo de Sabedoria Divina, estarão aqueles santos, que toda a força da sua mente e todo o seu conhecimento, gastaram na terra, pela causa de Deus.

CÍRCULO DE DONS DO ESPÍRITO SANTO

No Círculo de Dons do Espírito Santo, estarão aqueles que, por meio da oração, do desejo e da renúncia, conseguiram para sua alma, pleno desenvolvimento dos dons do Paráclito, alcançando o máximo desenvolvimento espiritual, durante a vida. O mais alto dos Círculos, a ser alcançado pela alma humana, é o CÍRCULO DE AMOR, ou seja, o CÍRCULO VIRGINAL. Aqui ficarão os Santos que acima de tudo, enamoraram o Amor de Deus, no Sagrado Coração de Jesus; que, por Ele, renunciaram a própria vida e nunca encostaram no amor terreno.

O CÍRCULO RÉGIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

O último e o máximo Círculo do Céu, é o CÍRCULO RÉGIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE. A Santidade e seu poder direto, preenchem todo o Céu de felicidade inexprimível. O núcleo de Luminosidade, resplandecendo de três centros, intimamente unidos, age com indescritível força de amor. A Luminosidade desse Amor, ou seja, de luz e poder, se derrama do Núcleo concêntrico, para os mais próximos Círculos de espíritos puríssimos.

Quanto mais distante do Centro, tanto mais fraco se torna o efeito da Luz, porque os círculos mais distantes, não suportariam uma intensificação tão poderosa de santidade. Deus, a Luz Eterna, então, é presente em todos os lugares simultaneamente, impregna tudo, permeia tudo, irradia tudo e deifica tudo, com a Sua Santíssima Presença. Só Jesus e Sua Mãe Imaculada, têm no Céu, os seus corpos glorificados. As almas de todos os homens, estão aguardando o Juízo Final e a ressurreição dos mortos, para, então, se unirem a seus corpos.

Para a Bem-Aventurada Virgem Maria, não há limites no Céu. Ela é a mais Santa entre todos os Santos. Ela é a Rainha do Céu e, portanto, tem direitos e privilégios singularmente únicos. Assim, como outrora, a Salvação do mundo concentrou-se, primeiramente, em Seu corpo Imaculado, para depois, através dele vir ao mundo, assim hoje, os raios de todas as graças, que fluem do Céu para a terra, têm que primeiramente concentrar-se n´ela. Só então, pela Sua mediação poderosa, se espalham pelo mundo.

QUAL É O CÉU?

Se quiséssemos expressá-lo “à nossa maneira”, diríamos, antes de mais nada, que o céu é, como arco-íris. Tudo ali, é traduzido em cores... O mundo sensorial, conhece apenas uma minúscula parte das cores existentes no universo; somente as que nossos olhos mortais são capazes de reconhecer. Os olhos da alma, captam um número infinito e incalculável deles. Nossas cores terrestres, em comparação com aquelas, são cinzentas e manchadas. Não podemos, nem mesmo, conceber a ideia, da escala de sua exuberância. A santidade não é insípida, nem cinzenta, mas alegre e como o arco-íris! Assim, como cada regimento militar, usa suas próprias cores em seus uniformes, assim ali, pela tonalidade de cor, se conhece a qualidade, caráter, grau e gênero de santidade. Cada propriedade, virtude, mérito, encontram o seu correspondente na rica escala de cores celestiais...

As almas dos santos se permeiam e se reconhecem por suas cores. Assim, como nós sabemos que, ao misturar a cor amarela com a azul, teremos a cor verde, assim ali, pelo tipo de auréola que envolve um determinado santo, os Espíritos sabem quais foram as virtudes que constituíram a sua santidade. A combinação e a predominância de determinadas cores, criam uma luminosidade individual, característica a cada um deles. É por isso, que o Céu é como arco-íris.

A imaginação humana entorpecida e desajeitada, incapaz de encontrar outro termo, diz que a felicidade eterna é cantar, exaltando a glória de Deus, e ainda, ver constantemente a face de Deus. O Céu, não é paralisação e desocupação! “Olhar a face de Deus”, significa a incapacidade de fazer qualquer coisa, diferentemente da Sua Vontade. Se quiséssemos comparar isso, com algo compreensível para nós, poderíamos dizer que, o estado duma alma salva, é uma obediente, proposital e criativa circulação da sua consciência, ao ritmo das batidas do coração da Onipotência de Deus.

ISSO É A FELICIDADE

A alma salva, enxerga e entende, conhece e admira o Poder, a Bondade, a Santidade e a Sabedoria de Deus, e dessa sabedoria se sacia, haure dela e vive dela. A razão, iluminada pela visão da Verdade, penetrada pelo Espírito Santo, não pode pensar diferentemente, a não ser conforme a Sabedoria de Deus. Um homem que tem ouvidos, não é capaz de tampá-los de tal maneira, a não ouvir, por exemplo, o rugido de um canhão. A sua audição, pela força da natureza, tem de ouvi-lo. Da mesma forma, a alma dotada de Graça, impregnada pelo Espírito Santo, não pode deixar de ser racional. A percepção, compreensão e admiração da perfeita harmonia e ordem dos Planos de Deus, uma plena satisfação e encanto pelas Suas leis - isso é o Céu!

Tudo é justo. Tudo é bom e evidente. Todos possuem o que os preenche, o que almejaram durante sua jornada terrena e, o que não sabiam desejar, por causa das imperfeições espirituais. Aqui, torna-se real, tudo o que a nossa imaginação podia criar. Todos os pensamentos humanos, até os mais fantasiosos, são apenas um reflexo pálido e distante, da criatividade de Deus. A imaginação Divina não tem limites, e cada pensamento Dele é, ao mesmo tempo, um ato criativo.

No Céu, a alma encontrará todos os desejos, mas, os encontrará em forma perfeita. Encontrará até, o que não sendo pensado, estava no seu íntimo, como anseio. A alma, ao possuir tudo o que a preenche totalmente de felicidade, ama o Doador desses dons acima de tudo, e a constante união com o Criador, com o recebimento contínuo de novos dons, tornam a vida espiritual, uma corrente incessante de gratidão e de gozo.

A comunhão da alma com Deus, é tanto maior e mais forte, quanto mais o homem O amou durante a vida. Além da Providência Onipotente de Deus, e da mais doce e poderosa intercessão da Santíssima Virgem Maria, os homens podem se beneficiar da proteção de toda a hierarquia dos Espíritos Celestiais, que, para a maior glória de Deus, estão sempre prontos para lhes ajudar na terra.

A Igreja Triunfante, é uma esfera ilimitada de luz, felicidade e poder, que se origina em Santíssima Trindade e termina na alma mais pobre, que possa estar no mais baixo grau do Círculo de Conhecimento. Desta imensidão toda, a Vontade Divina separou certos poderes, certos Círculos, certas categorias de Espíritos, para ação direta na terra. Assim, os homens, acima de tudo, se beneficiam do cuidado de Anjos da Guarda, Patronos, Guardiões e toda a corte de Espíritos Alumiados.

Continuará...


sexta-feira, 23 de julho de 2021

Purgatório. Rezar pelas Almas. Comunhão dos Santos. Salvação.

Continuação da postagem anterior...

Os homens podem fazer muito pelas almas do Purgatório

Deus, no Seu Amor, permitiu que a Igreja Militante, auxiliar o doloroso abandono da Igreja Sofredora. Cada Santa Missa, pensamento, oração, sacrifício ou renúncia oferecidos nesta intenção, têm uma grande importância para as Almas do Purgatório. Pois, como o alimento é indispensável para o corpo, assim, a oração pela alma penitente.

Os que sofrem no Purgatório são como mendigos... Esperam que alguém lhes dê uma esmola... Às vezes, têm de esperar por vários séculos e, não fosse a oração constante da Igreja, por todas as almas do Purgatório, muitas destas infelizes esperariam em vão. O mundo rápido esquece daqueles que já faleceram, eles porém, despojados de todas as impurezas humanas, de toda falsa grandeza ou orgulho, no inexprimível, doloroso abandono, esperam por auxílio! O mais pobre, o mais simples indigente, é um rei em comparação com uma alma sofredora. Pelo sofrimento, doença, deficiência, fome ou abandono, ele ainda pode lucrar perante Deus. Suportando as tribulações com paciência, pode obter Seus favores, apagando pecados. Uma alma do Purgatório está a mercê da esmola, do amor e, da memória das pessoas vivas, auxílios que, ela mesma não pode reclamar.

As almas de alguns Círculos do Purgatório, às vezes, têm a permissão de Deus, para aparecer aos homens, ou visitá-los em sonhos. Esta é a única forma de poderem pedir ajuda pessoalmente. No entanto, as pessoas, geralmente, desconsideram os sonhos e têm tanto medo dessas aparições deprimentes, que raramente vem-lhes à mente, de orar pela alma, pedir a celebração da Santa Missa, ou oferecer algum sofrimento ou ato de caridade. Não pensam, que um sinal do outro mundo, só pode vir com a vontade e permissão de Deus, e que, portanto, não deve ser banalizado. Orar pelos mortos é, por assim dizer, do interesse mútuo, dos por quem oram, e dos daqueles que oram. As almas que sofrem estão tão infelizes, que se alguém lhes ajudar a abreviar o Purgatório, elas saberão ser gratas e nunca se esquecerão de tal dádiva. A sua primeira atitude, será transmitir aos espíritos do Primeiro Círculo de Luz, o pedido de proteção a seu benfeitor. Os Espíritos Superiores transmitem, tal pedido, para o Círculo seguinte e, como o vento nas cordas, a petição passará por todos os Círculos do Céu, até chegar ao Trono do Altíssimo.

As almas salvas, como espíritos luminosos, podem ser muito úteis ao homem, em vários questões espirituais e até materiais. Nada pesa tanto para uma alma no Purgatório, quanto a amargura ou o ódio, dos que ainda ficaram na terra. Ao contrário do benefício mútuo, da oração oferecida pelos falecidos, tal ódio traz danos recíprocos. Pois ninguém, que alimentava o ódio no coração, mesmo que fosse ódio motivado pelo mal sofrido no passado, não verá o Criador, antes de suportar os mesmos tormentos, que causou a alma daquele culpado.  O perdão concedido aos mortos, por amor a Deus e ao próximo, traz um grande alívio a alma sofredora e, ao mesmo tempo, proporciona aos vivos, as bênçãos de Deus. Portanto, é necessário perdoar tudo durante a vida, para que, após a morte, tudo seja perdoado a nós. A mais misericordiosa, mais terna, mais poderosa Advogada das almas sofredoras no Purgatório, é a Santíssima Virgem Maria. A Sua compaixão se inclina sobre este terrível caldeirão de tormentos inefáveis, e o Seu boníssimo coração, embora se abaixe perante a Justiça de Deus, se compadece destes infelizes e intercede por eles incessantemente. Graças a privilégios excepcionais, Ela tem o poder e o direito, libertar algumas almas do último Círculo do Purgatório, nos dias de Suas festas mais importantes, ou alcançar, a passagem para um Círculo mais leve, aos que permanecem no mais severo.

Existe um dia maravilhoso no ano, quando os tormentos de todo o Purgatório estão suspensos. É o Dia de Finados. Em todos, os inúmeros Círculos, em todos os níveis e graus, como num abismo de uma gigantesca mina de tormentos sem fundo, acontece festiva paz e silêncio... As almas descansam... Não sofrem... Como um fluxo de um ar puro, elas são refrescadas pela oração intensa e comum da Igreja Militante. Que alivio! Que trégua misericordiosa! Todo o mundo cristão, numa grande explosão de compaixão, saudades e amor, pede ao Céu a graça da luz eterna para os mortos. Mesmo aquelas pessoas que, geralmente não se lembram dos mortos, naquele dia vêm ao cemitério, fazer pelo menos uma oração, acender pelo menos uma velinha...

Se alguém, não puder estar no cemitério naquele dia, então, pode igualmente bem, ajudar aos mortos, com a oração e pensamentos, estando longe de seus túmulos. O mais importante é a intenção de oferecimento. A presença no túmulo não é essencial. A oração sincera, sempre encontrará a determinada alma, e aliviará o seu sofrimento. Mas, muito importante é o comportamento no cemitério. Ao entrar ali, se entra na casa dos mortos, onde vigoram as suas leis. As almas sofrem, quando se perturba a seriedade deste lugar, com a imprudência e agitação. Isso as machuca e ofende.

No Dia de Finados, aumenta no mundo a presença e atuação dos Espíritos. Se as pessoas soubessem ouvir este outro mundo, o sobrenatural, muitas coisas poderiam pressentir. Cada sacrifício moral, físico ou material, sempre tem, e especialmente no Dia de Finados, um valor enorme e real para as almas do Purgatório. Cada minúscula coisa pode ser oferecida por elas. Que seja, o próprio esforço de ir ao cemitério, carregar uma guirlanda, estar comprimido no ônibus, o frio, pegar a chuva, enfim, tudo! Apenas, tem que o oferecer conscientemente. A intenção é que dá o valor e a importância, a cada esforço. Assim, como a intenção misericordiosa, santifica a oração de um mendigoàs vezes mecânica e distraída, a quem se dá esmola, com pedido de rezar pelo falecido. O homem, na intenção de socorrer às almas, dá a Deus essa luzinha física, pois só essa pode dar, e em troca, Lhe pede a Luz Eterna para os mortos. Deus aceita tal sacrifício, e faz a troca da luz física, pela luz espiritual, com a qual ilumina as trevas atormentadoras das almas. Existe pois, alguma conexão misteriosa entre tal luzinha, santificada pela intenção, e as trevas da vida, após a morte.

Pode-se, oferecer a dor física pelas almas do Purgatório. Conheço um caso, quando algumas pessoas se ofereceram sofrer, no Dia de Finados, para aliviar as almas dos mortos. Embora, até então, todas estivessem perfeitamente saudáveis, no momento em que decidiram fazê-lo, desmaiaram ao mesmo tempo. Tiveram a dor de cabeça, dor de dentes, dor nas costas, dores nas articulações, cãibras... Pontualmente, ao meia noite, todas essas incomodidades simultaneamente recuaram. Sei, dos meus santos guardiães, que por tais sofrimentos, mesmo leves e breves, assumidos pelos vivos, no intuito de ajudar às almas sofredoras, Deus, muitas vezes, reduz tormentos longos e severos aos falecidos. Sei, também deles, que quando alguém deseja aplacar a Deus, por alguma culpa específica do falecido, deve oferecer atos, opostos a sua culpa. Assim, por exemplo, pelo avarento, a esmola, pelo ímpio, a oração sincera e fervorosa, pelo caluniador, o silêncio, etc. As crianças podem alcançar as mais numerosas graças para as almas do Purgatório. O martírio, conscientemente ocorrido, por amor a Deus, elimina imediatamente todas as punições do Purgatório.

Continuará... A próxima, será sobre o Céu.


Purgatório. Desejo de Deus. Circulos do Purgatório. Expiação.

O Purgatório    (Continuação...)

O CÍRCULO DE ENGANOS.

O primeiro e, o mais terrível, círculo do Purgatório, é o Círculo de Enganos. É o momento, em que a alma está circulando perto da terra, mas, não tem mais contato com ela. Ela não se lembra do que era, nada sabe do que será com ela; só conhece um pavoroso e tremendo presente. Não vê, também, o fim de seu tormento atual. Não entende nada. Não sabe o que e, por que, tudo isso está acontecendo com ela; não sabe quanto tempo isso vai durar... Às vezes, encontra grupos inteiros de almas vaguejantes e hostis a ela, com as quais não se consegue comunicar, tem medo delas e não sabe evitá-las. Não encontra alívio, nem descanso. Movimentação incessante e sem sentido, uma busca constante, sem saber do que, e consciência, de que tudo o que é, ou melhor, o que não há - pode não ter o fim.

A única coisa que existe para ela, neste completo vazio, ficando exausta, assustada, errante, é a consciência de sua própria personalidade; sem noção do sentido, do tempo, do espaço, do objetivo. Uma busca constante do seu próprio lugar, e uma constante impossibilidade de encontrá-lo. Neste Círculo, encontram-se, alguns dos, ainda, não condenados algozes de Cristo.

O CÍRCULO DE TREVAS

A alma no Círculo das Trevas ainda não sabe nada sobre Deus. Também, não sabe o que a espera no futuro. Em vez disso, com terrível meticulosidade, tem de analisar constantemente suas próprias culpas, pecados, erros, equívocos, negligências, e só entende, quão torpe e mísero foi o seu lucro, em comparação com a perda. Está atormentada pela memória constante dos momentos, em que cometia o mal e pela sensação da própria impotência, porque nada mais pode concertar, nem desfazer. É oprimida pelo ódio a si mesma, e pelo desespero, ao ver  sua perda e o seu castigo. Desamparo, desespero, cheios de amargura e pesar, consciência de abandono, nojo das próprias ações - este é o fogo que não se apaga, e que a consome.

O CÍRCULO DE IDÓLATRAS

Todos aqueles que já transgrediram o primeiro Mandamento, que acima de tudo, colocavam as pessoas, estudos, a ambição, a si próprios, ou, os objetos materiais, agora, estão plenamente cientes da existência do Deus Único, e anseiam por Ele, com um desejo atormentado e sem esperança. Para onde quer que olhem, diante de si veem seus antigos ídolos. Agora, gostariam de adorar e glorificar o Deus verdadeiro, mas, na sua memória, sem cessar têm os antigos e absurdos apreços. Querem implorar a ajuda de Deus, mas têm de pedi-la àqueles ídolos, embora já saibam e entendam o absurdo de tais pedidos. Querem ver a Luz, que pressentem sobre si mesmos, mas tudo aquilo, ao que antes davam a honra, que é devida a Deus, agora, como uma nuvem sinistra, lhes obscurece e cobre a Luminosidade. Ainda, todos os pensamentos sobre erros cometidos durante a vida, sobre troca voluntária de valores, aprofundam sua tristeza e sofrimento.

CÍRCULO DE CÚMPLICES

Neste Círculo se encontram todos aqueles que, de alguma forma, se ajudaram no pecado. Embora estarem perto de si, isto lhes causa grande sofrimento; não podem se ocultar, mas ficam constantemente diante dos seus olhos. A maioria deles estava unida pelo amor pecaminoso. Se sentem culpados e injustiçados mutuamente. Sentem pena um do outro e, ao mesmo tempo, remorsos. Gostariam de esquecer de si, mas, não podem se separar. Oh, quão miserável, imundo e horrível lhes parece agora, tudo aquilo que os unia! Como agora, enxergam bem o seu verdadeiro valor, e como não conseguem entender a sua própria cegueira! Com que gosto lançariam toda a responsabilidade, sobre a pessoa tão próxima e querida, em sua vida! Com que veemência atribuíam um, ao outro, aqueles pecados cometidos juntos! Lembram-se de tudo, de cada momento, de cada contração impura de seus corações... Estão queimando de dor e de vergonha. Vergonha, que nunca tinham conhecido durante a vida!

O CÍRCULO DE EVIDÊNCIA DAS CONSEQUÊNCIAS

É um Círculo inexprimivelmente doloroso! Como que, através duma cortina rasgada, a alma vê a terra e, as mais longínquas consequências, de suas más ações e erros. Percebe a labuta de toda a sua vida, em ruínas e, já sabe que isso aconteceu, porque o âmago da sua vida, era o pecado e a transgressão. Compreende, o quanto cada seu desvio das Leis de Deus, se vinga nos filhos, netos e bisnetos. Vê os efeitos do seu mau exemplo, espalhados durante a vida; quantas almas e quantos corações infestados pelas sementes dos falsos princípios, conceitos e ensinamentos que propagou. E vai sofrer neste Círculo, não só por si mesma, mas, por todos os pecados que causou. Vai sofrer justamente assim, porque agora, entendendo o mal, terá de olhar as mais distantes, e mais variadas, as consequências de suas culpas na terra.

O CÍRCULO DE SOLIDÃO

Sofrem aqui, todos aqueles que, ao longo da vida, buscaram irrefletidamente a agitação, barulho e diversão e, portanto, nunca tiveram tempo para refletir sobre o valor da alma; os que desperdiçaram o precioso, e breve tempo, da vida terrena, em assuntos frívolos, triviais, sem valor, com isso, maus e pecaminosos. Na solidão absoluta, refletem agora sobre o vazio lamentável dos perdidos assim horas e anos. Gostariam de chamar alguém, partilhar com alguém o seu tormento, ao menos, sentir a presença de alguém... Por todos os lados, no entanto, estão rodeados apenas por um vazio e solidão incomensuráveis, sem fundo e sem esperança. Estão como que numa casa vazia, sem janelas e sem portas, e não têm certeza se algum dia sairão dela.

O CÍRCULO DE TORMENTOS RUIDOSOS

Ao contrário do Círculo da Solidão, aqui estão as almas daqueles que durante a vida, evitavam ou desprezavam as pessoas, e não lhes deram nada de si mesmas. Aqueles que, com o dano próprio e dos outros, procuravam o isolamento, ouvindo apenas gostos e sentimentos pessoais. Aqueles, por exemplo, que evitavam a Missa por causa da grande compressão de pessoas. Aqueles que, podendo compartilhar com o próximo os seus dons intelectuais, se retiravam no silêncio, - mesquinhos e egoístas. Aqueles que, pelo conforto, preguiça e resistência de servir ao próximo, de qualquer maneira, se trancavam num círculo acanhado de seus próprios pensamentos e assuntos. Aqueles que apreciavam a paz, acima de tudo, recusando-se a compreender o dever social, de amar ao próximo. Estas são, portanto, as almas de pessoas que pecaram, mais passivamente do que ativamente; pessoas que aparentemente não fizeram nada de errado, porém, por uma presunção arrogante, desdenhosa, egoísta e mesquinha, também, não praticaram tanto bem, quanto poderiam ter feito. Agora, as suas almas estão em constante inquietação e agitação. Em nenhum lugar encontram a tranquilidade; em nenhum lugar o exílio! Multidões, grupos, enxurradas de almas ansiando pelo silêncio, do qual estão se privando mutuamente. A atenção alheia, olhares, presença de alguém, em todos os lugares. Movimento, perturbação, confusão, mobilidade, tumulto, tormento e cansaço constantes, que não encontram o descanso…

O CÍRCULO DE DESEJO

Estão aqui, as almas daqueles que viveram em pecado impuro, que indiscriminadamente, nas perversões e devassidão, saciavam os desejos da carne, com plena consciência da abominação de seus próprios atos. Têm de meditar aqui, sobre o caminho à fonte de Água Viva, que voluntariamente fecharam... Queima-as terrível e insaciavelmente uma sede de pureza... Se sentem sujas, maculadas, desleixadas e as esgota uma terrível auto-aversão. Gostariam de lavar-se, enxaguar a sujeira, limpar, mas ao redor, tudo é seco, abrasador e hostil. Durante a vida, estas pessoas bebiam de fontes sujas, portanto, têm de se purificar pelo sofrimento, por um longo tempo, antes de poderem beber das limpas.

O CÍRCULO DE ALUCINAÇÃO

Neste Círculo, permanecem as almas de pessoas que viviam seus caprichos, fantasias, que constantemente buscavam novas sensações, novas experiências, poses, nelas se deleitavam, praticando o que inventavam e o que, como pensavam, combinava mais “com a sua cara”. Almas de pessoas que não quiseram saber, nem tocar, nos mais simples deveres da vida cotidiana real, inventando para si, ocupações artificiais, equivocadas, que não beneficiavam, nem a elas, nem a ninguém. Agora, as suas almas terão que continuar a vivenciar os seus sonhos enganosos, vaguear em busca inútil dos valores essenciais e do sentido, se enredar neste emaranhado enganoso, avaliado, então, corretamente.

O CÍRCULO DE ESPERANÇAS ENGANADORAS

Neste Círculo, padecem as almas das pessoas que durante a vida não cumpriam a palavra dada, nem as promessas, que fomentavam vãs esperanças nos outros, que tinham muitos bons propósitos, possibilidades e impulsos, mas nunca, pela negligência os realizaram; que adiavam "para depois" o arrependimento e a conversão, bem como, uma generosa, verdadeira oração,- sofrem na esperança da iminente libertação.

Sem cessar, imaginam que estão chegando ao fim de seus tormentos, que a qualquer momento, se abrirá diante deles a plenitude da felicidade, que só falta estender a mão, dar alguns passos..., e de repente, se percebem no fundo de incerteza e desespero. Isso se repete constantemente. Sempre a mesma esperança, e sempre a mesma frustração... Subida exaustiva, como pela parede de vidro, e de novo, derrapando desamparadamente, até ao fundo... Não irão conseguir interromper este tormento. Incontáveis vezes recomeçam, e incontáveis vezes ficarão frustradas. Isso se repetirá até que a última, mesmo a menor, culpa deste estágio seja apagada.

O CÍRCULO DE PENITÊNCIA ADEQUADA

É o Círculo mais extenso, por assim dizer, o Círculo pelo qual terão de passar todas as almas, que têm algo para reparar. Assim como, em outros Círculos, a alma sofria pelo seu próprio dano, por atrasar a própria felicidade, se atormentava com o seu próprio sofrimento, por meio de conceitos, que poderiam causar-lhe o tormento, grau por grau, alcançava a purificação, - assim aqui, no Círculo de Penitência Adequada, mais uma vez, sofrendo por todas as faltas, apenas se lembra, que ofendia o Criador!

A consciência do seu próprio dano desaparece completamente neste Círculo. Resta apenas a compreensão plena e perfeita, das negligências para com Deus. A alma enxerga aqui nitidamente e, dolorosamente vivencia, em sua memória, dia após dia, momento a após momento, pensamento após pensamento, mais uma vez, a sua vida inteira. Nem sequer um único pecaminoso batimento do coração será omitido, contanto que, já tenha sido expiado pelos sofrimentos conscientes na terra.

Agora, a alma vê claramente cada momento, em que poderia ter deixado o caminho errado, enxerga as luzes com as quais Deus lhe mostrava a futilidade de sua conduta. Entende, que por seu livre arbítrio, escolhia as coisas que ofendiam a Deus e não eram do Seu agrado, podendo às vezes, com pouco esforço e raciocínio, fazer aquilo que se reverteria para a glória de Deus.

Agora, a alma vê claramente, o que ainda, o homem da terra, às vezes, ousa duvidar, de que todos recebem do Criador, o suficiente luz e força, para nunca ofendê-Lo. Com inexorável consequência e clareza, passam diante dos olhos da alma, as imagens da sua própria vida, e enquanto isso, com o entendimento já desobstruído, ela compreende a santidade, a beleza, a doçura, o poder, a perfeição e a justiça de Deus, que ofendia. Purificada nos Círculos anteriores, de tudo próprio, como que, refeita pelo sofrimento, purificada pela angústia das impurezas terrenas, permanece diante do seu Criador e Senhor, sofrendo, acima de tudo, por ter ofendido a Sua Eterna Perfeição.

Quanto mais sensível e mais dotada for a alma, quanto mais íntimo poderia ser o seu relacionamento com Deus e maior capacidade de entender os Seus Planos, tanto maior será a sua dor e desespero. Não se pode ter noção alguma do tormento, da vergonha e da dor que a alma experimenta aqui! Se ela pudesse morrer, quereria morrer neste Círculo. Se ela pudesse enlouquecer, aqui enlouqueceria! Somente quando a última culpa, a última falha e o último, mais íntimo pensamento, forem queimados por esta, a mais perfeita, em seus motivos contrição, a alma passará para o último Círculo do Purgatório, o Indiferente.

O CÍRCULO INDIFERENTE

Que alívio, que felicidade, que bênção inconcebível para a alma, quando, depois de passar por todos os Círculos próprios para a sua expiação, chega, enfim, até aqui! Isso permite ter uma ideia do grau de sofrimentos anteriores, e parece uma graça, quando não sente mais nada. Enaltece este Círculo, como um sobrevivente naufragado saúda à ilha salvadora. É um Círculo no qual não se sofre, mas espera. E embora, não se saiba quanto tempo a espera vai durar, não se sofre por esse motivo.

Algumas almas ficarão aqui enquanto, pode-se dizer, não descansarão, depois dos tormentos passados e, adquirirão forças para entrarem no primeiro Círculo do Céu. As almas de outras pessoas, tendo cumprido o seu castigo, esperam aqui, sem sofrer, até que alguém na terra, repare o que elas destruíram ou negligenciaram em suas vidas.

Por exemplo, há aqui padres que celebravam a Santa Missa com negligência e distraidamente. Eles estão esperando, até que alguém na terra, a celebre piedosamente pelas suas almas, de padres desleixados.

Estão aqui, também, aqueles que durante a vida, juntaram patrimônio à custa da injustiça e de lágrimas humanas. Até que alguém não repare o mal que praticaram, ou, se isso for impossível, na intenção dos culpados, não pratique um ato de caridade, equivalente ao mal cometido naquele tempo, as almas de tais pessoas, passarão para o próximo Círculo, somente, quando na terra cessarem todas as consequências de seus erros.

As almas dos escritores que escreviam obras contrárias às Leis de Deus, esperarão aqui, até que alguém na terra, não retome as suas inspirações, e as use para a glória de Deus. Entretanto, tal ação expiatória, pode ocorrer pela direta permissão de Deus e, unicamente, do Círculo Indiferente. Às vezes, tais almas em espera, podem ser levadas mais acima, pela oração fervorosa, repleta de renúncias e boas obras, dos viventes que, com plena consciência e, especificamente por determinada alma, oferecem estas doações.

Neste Círculo, também, estão as almas, a quem Deus abreviou o tormento nos Círculos anteriores, pela intercessão da Santíssima Virgem Maria, orações dos seus padroeiros ou, boas obras de pessoas vivas. Com isso, a qualidade de punição foi lhes alterada, da mais breve e dolorosa, para mais longa e mais suave. Nesta permanecerão, até a sua completa purificação e amadurecimento, que lhes permita passar para o primeiro Círculo do Céu, ou seja, o Círculo de Conhecimento.

A alma que ganhou tal indulto, percebe e conhece perfeitamente tudo, o que ainda tinha para redimir e que foi perdoado, sem nenhum mérito seu. Embora não viva mais tormentos, a própria percepção, do que ainda a esperava e, do que ela foi preservada, leva-a a gratidão àqueles que lhe ajudaram pela oração, a libertar-se antes do tempo.

Há pessoas que acreditam que, se alguém fizer uma boa confissão, logo após a morte entra no Reino dos Céus. No entanto, estão erradosO Purgatório é um “lugar” não só de purificação, mas também, de amadurecimento, para aqueles que, por negligência ou desconsideração das luzes interiores, não se desenvolveram espiritualmente. Tais pessoas têm de começar seu desenvolvimento no Purgatório e sofrer, até, que desenvolvam a capacidade de compreender, ou seja vivenciar, o momento culminante de felicidade, determinado, desde séculos, pelo bom Deus. Não queriam amadurecer durante a vida, então, têm de amadurecer após a morte, suportando os tormentos durante séculos.

Por esta razão, as pessoas boas, generosas, ativistas filantrópicos, nobres idealistas, e outros,- se as suas ações não foram motivadas,  principalmente pelo amor de Deus, então, apesar de numerosas e grandes coisas, feitas por outras razões, terão de aprender no Purgatório, primeiramente, a amar a Deus e, só então, será lhes dado a vê-Lo.

A base do julgamento não será apenas aquilo que a pessoa fez bem ou mal, mas também, se cumpriu todo o bem, que podia ter feito durante a vida. Tudo, portanto, o que faltar ao máximo das exigências de Deus, de acordo com as capacidades da alma, e tudo o que exceder o máximo de tolerância de Deus, de acordo com as fraquezas da carne, a alma tem de reparar ou aperfeiçoar pelo sofrimento, no Purgatório.

Pouquíssimas almas evitarão o Purgatório, embora, cada uma poderia evitar, se durante a vida, quisessem compreender claramente, que cada pecado, mesmo o menor, tem de ser conscientemente reparado, aqui na terra, ou ali. O sofrimento, durante a vida, aceito com a boa vontade ou, a humilde e confiante submissão a vontade de Deus, são as mais privilegiadas formas o ideal meio de penitência, pelas infidelidades às Suas Leis, para alcançar a felicidades após a morte.

O sofrimento expiatório aceito, durante a vida, é uma prova de nossa boa vontade, e por isso, Deus, na Sua generosidade, pelo mesmo pecado, exige a reparação mais leve e mais curta, do que teria exigido no Purgatório. Pode-se fazer uma comparação com a balança decimal. Quem quer expiar as culpas durante a vida, coloca, até mesmo os pequenos pesos dum lado, e eles “superarão” os muito maiores, do outro lado. Da mesma forma, até um pequeno mérito na terra, “ali” tem um valor dez vezes maior.

Na mesma balança decimal, no entanto, Deus, pesa também, a culpa humana. Por cada pecado não reparado “aqui”, “ali” será necessário colocar na balança uma punição muito maior, para compensar. Pois, quem adiar a penitência, até o sofrimento obrigatório no Purgatório, não será beneficiado de nenhum alívio da Divina Misericórdia.

Quão maravilhosamente grande é o poder do sofrimento conscientemente aceito e oferecido a Deus! Como bem entendem isso, depois da morte, todos aqueles que, mesmo na Paixão salvadora de Deus-Homem e, no martírio dos seus seguidores, só viram uma loucura mística!

Na opinião de alguns, a elevação do sofrimento à dignidade de mérito, é apenas uma invenção genial, dum nobre revolucionário de Nazaré que, levado pela dor, para adoçar algo, que não se podia evitar, persuadiu as mentes não esclarecidas dos pobres, com a ilusória fé numa recompensa, se suportarem pacientemente o sofrimento temporal. Na sua opinião, uma promessa de algo, que só seria se cumprido após a morte, impunemente poderia ser lançada ao mundo... Aonde, então, depois buscá-la? O quanto ficarão surpresos e apavorados, tais pensadores, quando se depararem, “cara-a-cara” com a Justiça Daquele, que sabe cobrar o respeito às Suas Promessas!

As almas do Purgatório não podem fazer nada, por si mesmas, a não ser sofrer. O sofrimento, é a sua única oração, único trabalho e, finalmente, a unica maneira para se aproximarem do Objetivo.

Continuará...