sexta-feira, 23 de abril de 2021

Nova Cultura. Homem Novo. Sacramentos da Vida Nova

Nova Cultura

O “homem novo” é reconhecido pela Nova Cultura que n´ele se destaca. Ao falar da Nova Cultura, não se trata de boas maneiras, ou conveniências, mas do modo de ser, da expressão natural do fenômeno chamado “homem novo”. Pode se dizer, que a Nova Cultura seria um “produto” do “homem novo” (Tg 2,18).  

A “nova cultura”, por ser nova e diferente das demais, se caracteriza pela diferenciada sensibilidade para com o Invisível. Possui uma percepção, como que intuitiva, dos valores que transcendem os valores de consumo. Ao subsistir na realidade temporal e, ao mesmo tempo, relacionar-se com o transcendental: Belo, Bom, Infinito, etc., unifica ambas as realidades, como aconteceu no Mistério da Encarnação do Verbo Eterno de Deus, que assumiu a natureza humana.

O “homem natural” possui a sua “cultura natural”. Sendo constituído de instintos e sentimentos, além da razão, a sua cultura se expressa através destas realidades. A sua orientação existencial é voltada a realidade temporal em que nasceu e vive, porque não conhece ou não reconhece uma outra.

A distinção entre ambas culturas pode se perceber no relacionamento com as valores da vida

cotidiana, como: os bens materiais, a moradia, alimentação, o mundo de moda,, etc. O homem natural irá consumi-los (as vezes desordenadamente), explorá-los e acumulá-los, enquanto o homem novo, movido pelo cultura nova, irá usá-los com ponderação, como MEIOS para um fim mais distante...

Quando presenciamos hoje, com espanto, uma verdadeira invasão da subcultura ao nosso mundo, que não poupou nem os batizados, filhos de Deus, precisamo-nos perguntar: Cadê os Homens Novos? Cadê os “cidadãos do Infinito”? Qual será o futuro do nosso mundo se as coisas continuassem assim? Não está passando da hora de se manifestarem os filhos de Deus? (“A criação inteira espera com impaciência a manifestação dos filhos de Deus” Rom 8,19).

Tudo indica que chegamos ao ponto em que não resta mais nada, a não ser uma autêntica conversão para a Verdade. Chega de iludir-se com as promessas ou convicções próprias de que “um dia tudo vai dar certo”. Basta de refugiar-se no sentimentalismo enganoso, que no nível religioso vai ter de desembocar no fingimento, hipocrisia e idolatria. Sim, idolatria. Porque faltando um relacionamento real e íntimo com a Verdade, que Deus Pessoal, resta a “fabricação” mental e/ou sentimental de um “Deus” que aprove uma vida mundana, sem compromisso (do homem natural) do indivíduo. Eis um drama... O efeito da falta da Vida Nova no mundo “velho”...

Para que haja a Cultura Nova e tenha um impacto para a realidade hodierna, é necessário haver portadores da Vida Nova. Esta nos é dada gratuitamente no encontro com a Vida Plena, que fecunda o homem natural e ele se torna um Homem Novo. Isso acontece nos Sacramentos... Assim, como no mistério da Encarnação...

O Tempo Pascal que vivemos é um período todo propício para esta “fecundação” Divina, que dura desde a Ressurreição de Cristo para a Vida Plena até o Pentecostes litúrgico. Na prática, cada Eucaristia, cada Sacramento da Confissão, cada tempo passado a adoração de Deus-Hóstia, esta Vida Plena nos é comunicada, formando e consolidando “homens novos” incumbidos de fecundar o mundo com a Nova Cultura, semente do Reino de Deus.


terça-feira, 20 de abril de 2021

Homem Novo. Nova Criação. Amizade. Ressurreição.

 O Homem Novo

Todo o ser humano nascendo dos seus pais possui uma vida natural, recebida de acordo com a natureza humana. Sabemos, que esta vida, no passado remoto, foi atingida pela “invasão” dum elemento maléfico, que a Bíblia chama de pecado. Daí em diante, os homens vêm ao mundo, como que debilitados, privados da graça de uma vida originariamente perfeita.

Em consequência de ser privado do vínculo estrito com o Sobrenatural, o ser humano encontra-se sob a influência predominante das forças da realidade natural que o rodeia e dos próprios instintos. Sente-se desorientado neste mundo, pela perca de unidade referencial com a sua Origem (Imagem do Criador) e de um modo desordenado busca a felicidade neste mundo temporal...

Deus, sabendo que é impossível o homem ser feliz fora d´Ele, pelo mistério da Encarnação une-se à natureza humana (no seio da Virgem Maria) para, através da Páscoa Redentora, dar o início a uma Nova Criação e um Homem Novo. União do Divino com o “natural; união do Céu e da Terra. Assim, o homem tem a capacidade de viver a vida sobrenatural (Jo 1,12-13).

<<Deus, porém, na sua infinita misericórdia "amou tanto ao mundo que lhe deu seu Filho

unigênito" (Jo 3,16); e o Verbo do Eterno Pai, com a mesma divina caridade, revestiu a natureza humana da descendência de Adão, mas inocente e imaculada, para que do novo e celeste Adão dimanasse a graça do Espírito Santo a todos os filhos do primeiro pai; e estes que pelo primeiro pecado tinham sido privados da filiação adotiva de Deus, pelo Verbo encarnado, feitos irmãos segundo a carne do Filho unigênito de Deus, recebessem o poder de virem a ser filhos de Deus (cf Jo 1,12). E assim Jesus crucificado não só reparou a justiça do Eterno Pai ofendida, senão que nos mereceu a nós, seus consanguíneos, inefável abundância de graças>> (Enc. Pio XII, Mistici Corporis, 12).

Pelo desígnio de Deus a Igreja foi instituída para ser um ambiente em que nascem no mundo temporal os “homens novos”. A Igreja é a Mãe destas Vidas Novas. Novas, porque naturais e sobrenaturais simultaneamente. O mistério do nascimento da vida nova, a sobrenatural, acontece no Sacramento do Batismo. E esta vida é sustentada por demais Sacramentos, que por si, são realidades novas, instituídas para servir ao homem novo. Portanto, será normal um batizado, nascido para vida nova, não querer receber e alimentar-se dos Sacramentos?

A característica principal e o distintivo do homem novo é que ele é amigo de Deus. Não só de nome, mas de fato (1Jo 3,1). Não é mais amigo do pecado, porque nasceu de novo, morrendo para o pecado... (Col, 2,20; 3, 3). Portanto, não é possível ser, ao mesmo tempo, amigo de Deus e amigo do pecado, ou seja do “mundo” (Mt 6,24).

Qualquer amizade verdadeira é um amor todo especial, profundo mais que qualquer outro tipo de relacionamento. O que une os amigos é a descoberta da riqueza e beleza das suas personalidades. O amigo deseja de fazer lhe o bem, encantar-se com seus sonhos e sucessos, ficar perto, conhecer cada vez melhor, inspirar-se nele, cooperar com seus empreendimentos, etc. Um relacionamento assim, é o sinal do Reino de Deus e da Vida Nova.

Vivendo o Tempo Pascal e contemplando o homem novo (Novo Adão), as Sagradas Escrituras nos atraem e propõem este modelo de vida e esta mentalidade nova. O Homem Novo, Cristo Ressuscitado nas Suas aparições, "natural" e sobrenatural, é a certeza da existência e da veracidade da Vida Nova. 

O mundo nosso necessita de homens novos... Quanto mais avança a degeneração do gênero humano, tanto mais urgente se faz a manifestação de homens novos. Os batizados receberam o Espírito que ressuscitou Jesus Cristo do sepulcro, portanto, receberam a vida nova e... Dai em diante vivem duas vidas - natural e sobrenatural - ao mesmo tempo... Resta-lhes viver aprendendo a serem guiados pelo Espírito Vivificante...

O homem novo em nossa cultura extremamente hedonista tem de ocupar um lugar os marginalizados das épocas passadas. Para os modernistas de hoje, o homem novo é um reacionista e subversivo. Por isso, é tido como um sem juízo. Mas..., como sabiamente disse o pensador e poeta inglês, Thomas Stearns Eliot (+ 1965) “Numa terra de fugitivos aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo” - o homem novo torna-se um farol do Porto Seguro...


terça-feira, 6 de abril de 2021

Homem Pascal. Páscoa. Liturgia-Vida. Peregrino no mundo.

 Cristão - uma criatura “pascal”

Solenemente e alegremente estamos vivendo a Oitava da Páscoa (8 dias seguidos, após a Páscoa Redentora, que libertou o mundo do poder do Inferno). Nestes dias consolidamos e assimilamos cada vez mais este grande Mistério que nos quer comunicar a Vida Nova, a mesma do Cristo Ressuscitado.

É uma pena que a maioria maciça dos cristãos deixou de vivenciar a Páscoa, conservando apenas algumas tradições e/ou ritos, de valor secundário (Procissão Penitencial, Procissão do Encontro, “Enterrar o Cristo”, etc) ou, até mesmo, alienante (feriadão, bacalhau na Sexta-Feira Santa, ovo de chocolate).

Enquanto isso, a Páscoa é um Mistério e um dom da Graça Divina, ao qual temos o acesso através da fé, na Liturgia. A primeira Páscoa (Ex 12-13) teve o caráter profundamente litúrgico (o cordeiro, o modo como sacrificar e comer, o seu sangue, etc). Aquela Páscoa judaica, sendo a figura da Páscoa Perfeita e Universal, compõe o contexto da instituição da Páscoa Redentora de Cristo Jesus, da Nova e Eterna Aliança (Lc 22,20).

Os primeiros participantes da Nova Páscoa, estavam presentes ali, no Cenáculo, junto ao “Cordeiro Imaculado” (1Pd 1,19), que se imolava a Si mesmo, sob espécies do pão e do vinho (Lc 22,14-20) e que, em seguida, os alimentava com o Seu Corpo e Seu Sangue.

O avanço da descristianização e dessacralização da sociedade absorveu uma grande parte dos cristãos, que privando-se do Sacrum abraçaram o “profanum” no qual tentam satisfazer a fome da felicidade, latente em todo ser humano. As inquietudes do coração humano e esforços para ser feliz “apesar de tudo”, não podem ser bem sucedidas somente no plano natural, pois este mundo em que vivemos proporciona apenas meios, para se alcançar o Objetivo. E esse Objetivo é a Vida Nova trazida pelo Senhor Ressuscitado...

Já que o mundo moderno oferece inúmeros atrativos, para muitos começa a faltar tempo para a reflexão, para perguntas sobre o sentido da vida e das coisas, enfim, para preservar e cultivar um olhar sobrenatural. Este é alimentado pela profissão e celebração da fé em Comunidade, na Liturgia. Quando falta o interesse pessoal, falta também o tempo... Assim, começa a passagem para o ritualismo e magia. As riquezas do Mistério, em vez de alimentar, orientar e encorajar tornam-se uma mera “obrigação”, da qual sempre que for possível, procura-se livrar...

A Páscoa, como central acontecimento de fé, não é uma recordação histórica, como também não o é, o Natal ou o Pentecostes. São acontecimentos, que através da Sagrada Liturgia (sinais visíveis, sensíveis e eficazes) se tornam reais e nos proporcionam a participação deles, com os mesmos efeitos que tiveram no passado. Nos fazem mergulhar no determinado Mistério, elevando cada vez mais no grau de intimidade com o Mistério, que chamamos Deus.

Vemos que aqui não há lugar para a rotina ou ritualismo sem a vida. Mais ainda, tais atitudes podem ser uma rebeldia contra Deus, que é Vida e que através ritos litúrgicos procura atrair e envolver o homem neste mistério.

Por isso, a Páscoa, é muito mais que o primeiro Domingo da Páscoa na Ressurreição. Nem termina no dia seguinte, ou seja na segunda -feira. Ela dura três dias e... não termina. É o começo. Assim, como foi no Antigo Testamento. O Povo Eleito passou da terra da escravidão e da morte para a Terra Prometida. E a nossa Páscoa, também, continua, enquanto não alcançarmos a Terra Prometida, que é a Casa do Pai.

O cristão, portanto, deve ser um “homem/mulher Pascal”... Abraça o espírito pascal, como modo de viver. E isso não é um heroísmo, mas a consequência do Batismo (mergulhar, imergir). O batizado inserido em Deus na Santíssima Trindade, como que naturalmente é orientado para viver a vida seguindo o Caminho, Verdade e Vida, que é o Filho do Homem, o primeiro “Homem Pascal”. Ou seja, o cristão vive como um peregrino (Lc 12,35-38; 1Pd 2,11) que atravessa varias realidades mas, se dirige para o além...

Portanto, investir tudo para ser feliz neste mundo significa viver frustrado... A felicidade verdadeira está além...

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Páscoa felicitações. Ressurreição - o caminho cristão.

Páscoa, 2021

Caro Amigo dessa página,


Ao celebrarmos mais uma Páscoa da nossa salvação, receba os meus cumprimentos, melhores sentimentos e a minha oração de gratidão ao Bom Deus.... A Páscoa é a fonte e o ápice da vida cristã. É a Mãe da Liturgia da Igreja. Ela nos coloca perante o mistério da vida e do seu sentido...

A Páscoa Redentora de Nosso Senhor foi precedida por muitas pequenas “páscoas-passagens” durante sua vida terrestre, que O preparavam e conduziam para a Páscoa Maior, no Calvário, seguida pela Ressurreição. A nossa vida, também, é uma (“pascoa”) passagem contínua... e o Cristo Pascal indica a direção... Obviamente, deve ser uma passagem para a Vida, vida na Graça Santificante, para a Vida em Plenitude.

Por isso, nos regozijamos nestes Dias Pascias, pois o Senhor nos mostrou a Sua Misericórdia. Venceu o Mal e nos capacitou a entrar e permanecer no Bem. Isso, porém, tem seu preço... Como Cristo Jesus, é preciso aceitar e carregar a cruz... das adversidades, das enfermidades, da injustiça, da incompreensão, etc... - todos os dias... A vitória do Senhor, Cristo Jesus, foi nos dada gratuitamente e, é fonte da nossa coragem e garantia da nossa vitória.

Que o Cristo Ressuscitado que proclama solenemente: "A Paz esteja convosco!" enche, constantemente com essa Paz, o seu coração e corações dos seus queridos.

Tenha uma santa e abençoada Páscoa!