sexta-feira, 14 de maio de 2010

Paradoxo da sabedoria. Vaidade. Felicidade e prazer.

Não pretendo ser um Eclesiástico (Ecl 1,1), porém, ao observar um fenômeno, que as mesmas coisas beneficiam uns e fazem mal aos outros (uns se enobrecem outros se desumanizam), tenho na ponta de língua a sua expressão: “a vaidade”. Já, já vou me explicando.
Todas as coisas são boas. Esse é o princípio e uma verdade não só bíblica (tudo o que Deus criou era muito bom... cf. Gn 1,31), mas universal. Acho que ficaria muito difícil de encontrar um exemplo de algo que realmente e objetivamente seria mal. Até mesmo o veneno de uma cobra pode servir para curar.

Pois é. A água, o fogo, a comida e a bebida, igualmente podem fazer o bem e o mal, podem servir e podem prejudicar. De que isso depende? Depende do uso, do relacionamento sábio ou insensato com estas realidades. Saber usar, saber escolher, saber viver... Isto é a sabedoria! Não basta possuir uma quantidade de conhecimentos e conceitos, por maior que seja. Assim como um motorista que conheceu as normas do Código de Trânsito, mas quando pega no volante vira um pirata, um perigo para si e para os demais usuários de vias públicas.

O termo “vaidade”, emprestado do Eclesiástico, consiste aqui numa filosofia de vida, produto da sociedade moderna. O indivíduo quer ser feliz, no entanto, só busca o prazer, confundindo-o com a felicidade.
O prazer não é sinônimo de felicidade! Mais ainda, é preciso saber que o prazer muitas vezes está ausente em certas fazes de uma vida feliz. Então, o prazer seria oposto a felicidade? Não. Ele esta vinculado à ma vida feliz, mas é um prazer mais profundo. Um prazer-satisfação de uma consciência pura, da harmonia e da fidelidade aos valores e princípios fundamentais na vida. Esta sensação não é passageira. É permanente.
Enquanto isso, o prazer, tão valorizado hoje, pode ser definido como uma satisfação agradável e efeito de usufruir dos bens, sem assumir o compromisso. Esta constatação vale igualmente para superficiais ou imaturos relacionamentos entre as pessoas. A sensação do prazer, ao contrário da felicidade é passageira. A felicidade é muito mais do que apenas um prazer.
Eis o grande paradoxo: o indivíduo quer ser feliz, mas só corre atrás do prazer, que é mais fácil, em vez de buscar a sabedoria que poderá ensiná-lo conquistar o difícil e assim ser feliz...

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