domingo, 31 de outubro de 2010

Fazer o bem para ser feliz



Como fazer o bem para ser feliz?



Outra questão, igualmente à abordada no último post, parece puramente filosófica. Mas, não é. É a questão prática que, conforme observo, geralmente não é prezada e não levada em consideração. As conseqüências disto podem surpreender e podem se estender para o âmbito maior que se imagine...

O bem verdadeiro sempre beneficia os dois “envolvidos”: a quem o pratica e quem é beneficiado. O bem aparente não beneficia a ninguém. Parece que por isso Jesus Cristo orientava para não praticar as coisas boas só para que os outros possam ver, admirar, comentar... (Mt 6,1-18)

O que é o bem aparente? Depois do pecado original o homem perdeu, entre outras coisas, a capacidade de distinguir nitidamente o bem do mal. Muitas vezes o mal lhe parece como bem aparente, por isso o faz. As conseqüências, geralmente, vêm se manifestando depois...

Ninguém, não sendo iludido pelo bem aparente, faria um mal por ser mal. Todo homem conserva em si a imagem de Deus e uma natural atração para o bem, para o belo, para amar e ser amado etc.

O bem aparente pode se tornar a causa dos dramas pessoais e relacionais. Quando isto acontece? É quando se confunde as necessidades legítimas (próprias ou dos outros) com os meros caprichos. Daí é preciso ser um bom observador. É preciso buscar o conhecimento de si mesmo e dos outros. Ele é indispensável para definir as necessidades legítimas, que são edificantes e, quando satisfeitas, constroem a felicidade.

O capricho, que é o bem aparente, é quando se sente a vontade de fazer algo, dar algo para o outro – e assim se faz, sem levar em consideração as suas necessidades verdadeiras e as conseqüências deste “bem” que se faz a partir do gosto pessoal.

Muitas vezes os pais, vovôs, tios, amigos gostam de dar, assim, os presentes, dinheiro, roupas etc. Não estão satisfazendo uma legítima necessidade do outro, mas a sua própria vontade (necessidade) de dar, ou seja, um capricho (porque não é um ato responsável). Pode se imaginar uma mãe amando o seu filho tão imensamente que o segura sempre no colo e não o deixa andar sozinho, para não cair e não se machucar... O que vai dar? Uma deficiência! Criará uma pessoa sem capacidade de andar, abstraindo das conseqüências psíquicas deste amor irresponsável.

Outras situações, deste gênero, podem se enquadrar nas afirmações: “eu fiz porque ele me pediu”. Pois é. É a lógica que conduz para uma vida imoral, para as infidelidades diversas, para atos considerados criminosos... Eu preciso ser responsável pelo que faço. Preciso ter a sabedoria e a maturidade suficientes para distinguir uma necessidade dum capricho. Só assim poderei fazer o outro feliz e, assim, eu serei realizando a própria felicidade.

Sim, este modo de viver, amando como Jesus, não é fácil. Ele, várias vezes, vai causar situações de conflitos, até mesmo com as pessoas mais próximas. Vai gerar acusações de decepção, de falta de sensibilidade, falta de compreensão, de amor etc... Mas, é preciso lembrar-se, que Jesus passou tudo isso. E... venceu.

O grande apóstolo Paulo escreve assim: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados. Progredi na caridade, segundo o exemplo de Cristo que nos amou...” (Ef 5,1-2).

É muito importante saber a quem beneficiar, quando beneficiar e como beneficiar, para ocasionalmente não lhe causar algum dano... e, assim, não atrapalhar o sonho da felicidade própria e alheia. Isto não seria o bem.

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