A nossa vida num mundo artificial da tecnologia e no âmbito virtual-midiático, se assemelha cada vez mais à situação dos algemados na caverna platônica: a imagem das coisas e das pessoas tomamos pelas coisas e pessoas reais, enquanto isso, o bem aparente tomamos pelo bem verdadeiro, substitutos do amor pelo amor puro, uma pseudo-felicidade por felicidade autêntica, etc.
Como sair da caverna, duma existência degradada, e viver com sabedoria? Ao responder a esta pergunta, Gabriel Marcel segue o caminho de Sócrates (“Conheça a si mesmo”) e St. Agostinho (“Olhe para dentro de você, no interior do homem reside a verdade”).
Ele acredita, portanto, que a condição básica para sair da caverna é parar de fugir de si mesmo. Parada, isolamento (não: solidão!), silenciar-se, concentrar, entrar em si mesmo, encantar-se com a própria existência e, um despertar espiritual – o que não tem nada a ver com egocentrismo e narcisismo. Marcel termina um de seus ensaios com as palavras de Gustav Thibon: “Não fuja de si mesmo; antes, broquea este lugar apertado que te foi dado: aqui encontrarás a Deus e tudo mais”. "Tenha um coração e olhe ao coração!"
Jan Galarowicz Fonte: Gazeta Polska Codziennie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário