Missa como Sacrifício de Jesus Cristo, consumado no Calvário
(sacrifício incruento), é um Oferecimento por excelência, pelo qual toda a
humanidade, dominada pela escravidão do amor próprio, fica beneficiada,
ganhando a justificação e a vida.
Ao realizar o Sacrifício de Si mesmo (do contrário às
práticas de todas as religiões, incluindo o judaísmo, que ofereciam às
divindades produtos da terra, animais e até sacrifícios humanos) Jesus Cristo
destrói a lógica do amor próprio, reinante no mundo até então e, abre o caminho
para o amor novo, amor com que Ele amou e que consiste em oferecer-se ao outro
desinteressadamente (Heb 7, 28; 9,14; 9,25; 9,26; 9,28).
A vida toda de Jesus foi um contínuo oferecimento de Si à
vontade do Pai e às pessoas, sobretudo mais às necessitadas. Este espírito de
entrega e sacrifício de si próprio, foi perpetuado por Jesus na Eucaristia (Lc
22,19), ou seja, na Santa Missa. Assim a Missa, pela própria natureza é um
Grande Oferecimento realizado pela Igreja, Corpo Místico de Cristo (Col 1,18.
24; 1Cor 12, 12-24; CIC 800;) para a glória do Pai Eterno e para salvação e
santificação do mundo inteiro.
Cada Eucaristia renova a oferta da vida de Jesus pela
salvação do mundo. É o ”Santo Sacrifício, porque atualiza o único sacrifício de
Cristo Salvador” (CIC 1330). É o Sacramento do oferecimento de Jesus Cristo,
«por nós homens e para nossa salvação», como proclamamos no Credo.
O Catecismo da Igreja Católica diz que “a Eucaristia é o
coração e o ponto mais alto da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a
mesma Igreja, com todos os seus membros, ao seu sacrifício de louvor e ação de
graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na Cruz; por este sacrifício, Ele
derrama as graças de salvação sobre o seu Corpo, que é a Igreja” (CIC 1407).
A Igreja oferece ao Pai esta Oblação, perfeita e única, agradável
e satisfatória em favor dos vivos e dos mortos (o homem não morre; morre apenas
o seu corpo, que inclusive num determinado tempo será ressuscitado) conforme o
desejo de Jesus. Ninguém fica excluído (nem mesmo os criminosos e inimigos da
Igreja) do Sacrifício redentor de Jesus oferecido, como Eucaristia, pois o seu
Sangue foi derramado por todos (Mc 16,15; 14,24).
A doxologia (de duas palvras gregas: “doxa”- glória, honra,
e “logos” – palavra, significa “palavra de glória” com que se conclui uma oração
ou um hino) principal da Missa (Por Cristo, Com Cristo, Em Cristo...) é um
momento solene e culminante do Oferecimento Eucarístico. Oferecimento agradável
ao Pai (Rom 12,12; Jo 13, 31-32; 17,1-5,9-10). Nele os participantes da
Eucaristia (participar = fazer parte), por terem consciência de ser Corpo
Místico do Senhor devem se oferecer ao Pai com
o Seu Filho e como Ele, para serem Seus verdadeiros filhos adotivos (Rom 8, 14.17;
Gal 3,23-26). Este Oferecimento resulta em Comunhão Sacramental, no final da
Celebração.
Em vista do que foi dito, torna-se evidente que o Ofertório,
que inicia a segunda parte da Santa Missa, a Liturgia Eucarística, é muito
importante. Faz parte do Grande Ofertório Eucarístico, torna-se glória do Pai o
que é oferecido, conscientemente e generosamente. Sem o ofertório não há transfiguração, não há Sacrifício. Por isso,
à Missa não se vai com as mãos vazias...
O pão e o vinho, que são oferecidos pelo Presidente da
Celebração, como frutos do trabalho do homem, representam a vida do homem e o que ele é e, todas
as ofertas dos participantes, como expressão de sua entrega generosa para o Sacrifício com Jesus Cristo. Assim os
sacrifícios humanos estão unidos ao Sacrifício Redentor do Filho de Deus. Todas as ofertas apresentadas ficam
transformadas, pelo poder do Espírito Santo, em valor infinito e em benefício
da humanidade e dos indivíduos.
No
pão e no vinho, elementos do nosso mundo e da nossa cultura, oferecemos
simbolicamente algo de nós mesmos. O ato de apresentar, juntamente com o pão e
o vinho, também ofertas materiais e dinheiro, recorda que a Eucaristia é
partilha e comunhão com o próximo. Supõe e exige a reconciliação, solidariedade
e compaixão. “Se fores apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares
que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, vai primeiro reconciliar-te” (Mt 5,23).
O fruto da Eucaristia é que nós nos convertamos em
oferenda permanente e em hóstia viva (Rom
12,1).
Não
importa o que alguém oferece. Importa que seja feito de coração. Na maioria das
vezes oferece-se o dinheiro, porque assim fica mais prático. Perpetuou-se este
hábito, mas é preciso lembrar que o ofertório não a forma de arrecadar recursos
financeiros, mas é a forma de celebrar a fé e a vida, no amor e na partilha.
Por isso, em vez de dinheiro pode se oferecer os bens materiais, frutos do
trabalho profissional ou objetos simbólicos, que representem o estado da alma e
do coração da gente.
A Deus
sempre se oferece o que é de valor. Mas, as vezes, as condições matérias
impedem o oferecimento de algo nobre, digno de Deus. Pois, estas situações não
dispensam do ofertório. Sempre tem algo a dar. O
coração grato, ou sofrido pode se expressar de várias maneiras, até mesmo
oferecendo um bilhete, um desenho, uma pedrinha, um objeto, que foi ou é, causa
de sofrimento ou de alegria. Naquilo que
se oferece, encerra-se um coração que Deus conhece, aceita e transforma.
Isto é a essência do ofertório.
É
bom, ainda, lembrar o ofertório da viúva evangélica (Mc 12, 41-44) e, quando
cantamos o canto do ofertório, durante a Missa, que haja a harmonia entre o que
cantam os lábios e o que se entrega como ofertório (“Venho, Senhor, oferecer Com
esse vinho e esse pão Tudo que
existe em meu ser Tudo que há em
meu coração...”).
Faz
jus ressaltar, que aquilo que se oferece no altar não deve ser tomado de volta,
porque assim o ofertório, em vez de ser a vida e ato de amor, tornar-se-ia um
teatro... Lembrem-se disso, sobretudo, as equipes responsáveis pela Liturgia.
Sem
ofertório não há sacrifício, não há Missa...
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