quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Fé - Ignorância em crescimento (ritualismo, consumismo, verdade)

Nos dias 30 de novembro até 3 de dezembro, acontecia em Roma, a XIX Assembleia Plenária da Congregação para a Evangelização dos Povos (CEP). Os dados apresentados parecem são otimistas, pois apontam crescimento de batizados, no mundo inteiro. (O Prefeito da Congregação observou que "o maior aumento foi na África”. Ele disse que "em 2005, eram 153 milhões e em 2013 subiram para 206 milhões, um aumento de 34%, enquanto na América o aumento foi de 10,5% e 17,4% na Ásia".
Depois de ressaltar as "sombras e luzes” de cada um dos continentes, o Prefeito do Dicastério Missionário falou das prioridades, acentuando a preocupação com a difusão da mentalidade consumista, que “freia o entusiasmo, adormece as consciências e apaga as vocações”. Foi destacado, também, que um dos principais desafios é a proliferação de seitas que “aumentam em todos os continentes, alcançando as cidades, mas também povoados distantes, destruindo o que com esforço e zelo pastoral foi semeado pelos missionários e sucessivamente pelas Igrejas jovens”. (http://www.zenit.org/pt/articles/aumenta-o-numero-daqueles-que-nao-conhecem).
Pessoalmente, não vejo perigo na proliferação de seitas. Elas crescem, não por “possuem a verdade”, mas porque respondem às expectativas consumistas da sociedade e dos crentes-ritualistas. Elas se proliferam por causa da ignorância dos crentes católicos, acomodados, ensimesmados e servindo-se de Deus para se dar bem na vida. É uma antiga tentação (Mc 9,33-34; Mt 20,20-24), a maior consequência do pecado original.
O maior dos perigos é a mentalidade consumista, que, como disse o Prefeito da CEP “freia o entusiasmo, adormece as consciências e apaga as vocações”. As tentativas de catequisar alguém que só pensa em si e procura o que é mais fácil na vida, serão frustradas sempre. Por isso, não me entusiasmam relatórios e avaliações otimistas. Pode ser que cresça o número dos que se batizam e correm atrás das seguranças baratas na vida, mas temo que aumenta o número daqueles que não conhecem Jesus Cristo.
O que custa crer do jeito que falei acima? Crer que Deus existe, serve para que, se não houver a mudança de vida para entrar em relacionamento com Ele? Enquanto isso, aceitar Jesus Cristo como Senhor da vida, requer o “renunciar a si mesmo”.  Supõe desistir de realizar os sonhos próprios, em favor do Sonho de Deus (que é o Reino para todos). Assim como a Maria, José...(Lc 1,26-38; Mt 1,19-21).  É aqui que começa a fé. O crente é aquele que conheceu Jesus Cristo, O aceitou para ser o centro de sua vida e se comprometeu de construir o Seu Reino, pela força do amor.
O que fazer, então? O que deve fazer um crente de Cristo? Por onde começar? Fazer como fez Jesus. Primeiramente, convidar a conversão (Mc 1,14-15; 6,12; Mt 3,2) Só depois ensinar como viver a vida nova, de quem aderiu a Projeto do Reino de Deus. Quem não se converter não adianta perder o tempo, para ensiná-lo viver do jeito cristão, porque ele nunca irá fazê-lo (Mt 19,16-28). E se, porventura, realizar algumas das práticas dos cristãos, o fará pelo pragmatismo, em expectativa de retorno, dentro da sua mentalidade consumista. Ou, então, para ter mais conforto, sentir-se mais seguro, quanto a eventual ajuda que irá precisar de “deus” (criado conforme a sua mundivisão) (cf. Mt 20,21-24).
Vai buscar o conhecimento de Deus, somente quem acreditar no amor. Quem o experimentar, por parte de Deus e tentar corresponder, doando-se gratuitamente, como Deus o faz. Tal pessoa pode e deve ser ajudada para crescer no conhecimento de Jesus Cristo e, assim, tornar-se testemunha Sua.
Opor-se efetivamente ao avanço da ignorância é um desafio da evangelização em nossos dias.

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