Maria nos Mistérios
de Deus
A mulher, desde a origem da vida, tem um papel excepcional.
Isto é inquestionável, pois como afirma a Sagrada Escritura (resumidamente),
quando foi chamada a vida, tornou-se a causa de alegria (felicidade) de Adão
(representante da humanidade), mas também, foi um meio de desgraça, para si e
para o resto da criação. Mesmo assim, a mulher continua sendo uma personagem
única, e no processo de restauração dos danos causados pela desobediência, a
ela foi confiado o papel principal.
Os exegetas identificam a mulher do Gênesis com a Mulher do
Calvário e do Apocalipse. Tudo parece encaixar-se e aparece belo Plano de Deus,
fonte de toda a vida, que faz a Vida sempre triunfar. Deste modo, no meio do
“lixão” (a imagem do mundo depois da Queda) surge uma bela Flor, a Vida isenta
totalmente dos rastos da morte, que aflige todos os seres humanos.
Uma Menina, Virgem de Nazaré, a Cheia de Graça (Lc 1,27-28)
que, com toda a razão é chamada de Nova Eva. Ela é o primeiro ser humano,
perfeito, idêntico àquele que vivia no Paraíso bíblico. De fato, desta forma,
iniciou-se a Nova Criação e um Novo Mundo começou a existir. A Maria, criada
por Deus com amor, como a Eva, é
incumbida de ser a “mãe de todos os viventes” (Gen 3,20) no Mundo Novo. Dela é que nasce o Novo Adão, o Homem Puro e Deus
Verdadeiro, o Emmanuel, Jesus, o Cristo de Deus, conforme a Vontade do Criador
Lc 1,31-32).
A partir daquele momento o mistério de Deus e o mistério do
homem, se entrelaçam, formam um novo mistério (como um matrimônio), o mistério
da Comunhão, que comunica a vida ao homem (Jo 6; Jo 15,1-8; 1Jo 5,12. Deus
presente na vida do homem e homem envolvido no Mistério de Deus, conforme
afirma a Sagrada Escritura: “De repente, juntou-se ao anjo uma grande multidão
de anjos. Cantavam louvores a Deus, dizendo: ´Glória a Deus no mais alto dos
céus, e paz na terra aos homens por ele amados´” (Lc 2,13-14); “Quem come a
minha carne e bebe o meu sangue vive em mim e eu vivo nele” (Jo 6,56). “Se
alguém me amar, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós
viremos a ele e nele faremos morada” (Jo 14,23). No evangelho de João (Jo 15,5)
encontramos as últimas exortações de Jesus. Ele insiste e repete: "Eu sou
a videira e vós os ramos... Permanecei em mim e eu ficarei em vós".
Deus faz as coisas para existirem e todas elas são boas. A
Maria de Nazaré foi criada por Deus para ser a Mãe da Humanidade do Seu Filho Unigênito, e continua sendo, bem
como sempre será, a Mãe do Filho de Deus. Assim, como participou da Sua Vida,
desde a Concepção, continua fazendo parte dela hoje (tendo passado o Calvário,
a Ressurreição, o Pentecostes e acompanhado os primeiros passos do recém-nascido Seu novo Corpo, o Corpo Místico (1Cor 12,12-13.27; Col
1,18; Ef 5,23). Jesus Cristo está vivo e Maria vive n´Ele, como também vivem n´Ele
todos os santos, do Céu e da nossa Terra.
Fazem parte deste Corpo Místico de Cristo: a Igreja
Triunfante (constituída pelas almas que já se encontram no Céu); a Padecente
(as almas que no Purgatório preparam-se para entrar na Glória) e a Militante,
que somos nós, ainda “peregrinos” neste mundo. Como galhos da mesma árvore,
vivendo do mesmo tronco, como membros do mesmo Corpo, ligados a Jesus, sua
Cabeça, somos vivificados pelo mesmo Sangue. Isso é a Comunhão dos Santos. A
união de todos, no Corpo, no Sangue, no Espírito.
Sendo assim, a Mulher Bíblica e Evangélica, está a serviço
desta maravilhosa Comunhão, continua exercendo o papel de Mãe – em vista da
vida plena para todos (Jo 10,10). Pela misericórdia do Pai Eterno, Ela é
“instrumento” do Amor Infinito, para orientar todos a Casa do Pai (Jo 14,2-3),
conforme comunicou aos Pastorzinhos em Fátima: “O meu Imaculado Coração será o
teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus” (13/06/1917).
Não é sem razão, que o papa João Paulo II decidiu consagrar
a humanidade ao Imaculado Coração de Maria, diante da sua imagem de Fátima.
Naquele Ato de Consagração ele disse: “Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós
conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós sentis
maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que
abalam o mundo, acolhei o nosso brado, dirigido no Espírito Santo diretamente
ao vosso Coração, e abraçai com o amor da Mãe e da Serva do Senhor aqueles
que mais esperam por este abraço e, ao mesmo tempo, aqueles cuja entrega
também Vós esperais de maneira particular. Tomai sob a vossa proteção
materna a família humana inteira, que, com enlevo afetuoso, nós Vos confiamos,
ó Mãe. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da
verdade, da justiça e da esperança” (“Veneração, agradecimento, entrega à
Virgem Maria Theotokos” em: Insegnamenti di Giovanni Paolo II (14-VI-1981).
Não se deve ter receio ou medo de consagrar a vida a
Maria, Mãe dos viventes, que quer o bem para todos. Há várias fórmulas para
se fazer isto. Mas, o mais importante é o coração que quer amar. A consagração,
é uma entrega, é um ato de amor. Não só para com Deus... Só é capaz de amar
quem será capaz de se sacrificar pelo outro, ou seja, sempre e com todos os
meios buscar o seu bem (não prazer, mas o bem verdadeiro).
O Papa Francisco, aos 13 de outubro de 2013, na Praça de São
Pedro, pronunciou o seguinte Ato de Consagração:
Bem-Aventurada
Virgem de Fátima,
com renovada
gratidão pela tua presença materna
unimos a
nossa voz à de todas as gerações
que te dizem
bem-aventurada.
Celebramos
em ti as grandes obras de Deus,
que nunca se
cansa de se inclinar com misericórdia sobre a humanidade,
atormentada
pelo mal e ferida pelo pecado,
para a guiar
e salvar.
Acolhe com
benevolência de Mãe
o acto de
entrega que hoje fazemos com confiança,
diante desta
tua imagem a nós tão querida.
Temos a
certeza que cada um de nós é precioso aos teus olhos
e que nada
te é desconhecido de tudo o que habita os nossos corações.
Deixamo-nos
alcançar pelo teu olhar dulcíssimo
e recebemos
a carícia confortadora do teu sorriso.
Guarda a
nossa vida entre os teus braços:
abençoe e
fortalece qualquer desejo de bem;
reacende e
alimenta a fé;
ampara e
ilumina a esperança;
suscita e
anima a caridade;
guia todos
nós no caminho da santidade.
Ensina-nos o
teu mesmo amor de predileção
pelos
pequeninos e pelos pobres,
pelos
excluídos e sofredores,
pelos
pecadores e os desorientados;
reúne todos
sob a tua proteção
e recomenda
todos ao teu dileto Filho, nosso Senhor Jesus.
Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário