Como imagino organizar a Pastoral, para ser efetiva
PROPOSTA PASTORAL ( I )
Não é segredo para ninguém que a vida pastoral da Igreja tem
muito a desejar. Tem tanto a desejar, que na verdade, chega-se a duvidar. Ainda
é, ou já não é uma pastoral. Os organismos que constituem a Pastoral da Igreja,
no momento atual, estão “infectados e viciados” a tal ponto que, honestamente,
nem deveriam ser denominados como tais, pois podem levar a confusão e
escandalizar, a quem espera encontrar um ambiente para caminhar e crescer na
fé. Infelizmente, em vários grupos, chamados de “pastorais”, parece não haver a
“Vida”...
Os membros de diversas pastorais da Igreja não passam de
serem “consumidores”, que querem se beneficiar dum determinado grupo e
satisfazer seus desejos e suas expectativas, lamentavelmente, divergentes da
essência da vida de fé, que consiste em fazer a Vontade de Deus. Com isso, não
há pastor e não há ovelhas, naqueles agrupamentos (cada um quer se apascentar a
si mesmo, fazendo o que quer e quando quer). Exagero? Observe!
Cuidar, Reformar, Pintar
as sepulturas só faz a diferença “por fora”...
Quero frisar que estas não são acusações! Muito pelo
contrário, é a tentativa de um frade franciscano que, sem pretensões e
expectativas, simplesmente procura fazer a sua parte, desejando contribuir com
esforço daqueles que amam e edificam a Igreja de Cristo.
Sabe-se que o Princípio (a Essência) de toda a vida é
invisível. Ela é um Mistério, que se manifesta em formas diversas, a começar
pela “vida material”, biológica, humana, social, etc. Entre inúmeras formas de vida existe a vida
espiritual (interior) do ser humano. É uma vida específica que se pode expandir e se pode encolher, dependendo
das circunstâncias, que geralmente são opções pessoais. Pode, também, chegar ao
estado de “morte” (ainda que nunca morre). A morte espiritual, acontece quando
alguém deixa-se invadir e dominar pelo Grande Vazio (veja: Gn 2,15-17;
3,1-13. 23-24). Daí, então, tal “morto”, aparentemente vivo, começa a explorar apenas a dimensão biológica da sua
existência humana.
Esse processo, ao meu ver, vem acontecendo na vida da Igreja, que é um Corpo (o Corpo Místico de
Deus, de Cristo) composto de vários membros e órgãos. A mais comum forma, na
qual se expressa este Corpo, são as irmandades, associações, sociedades, e
outros, inúmeros grupos. As Pastorais, amplamente promovidas pelo Concílio
Vaticano II, iam ser uma expressão mais completa do Mistério da Igreja e
“instrumentos” da sua missão evangelizadora.
Uma Pastoral, no
pensamento da Igreja, é um grupo de
discípulos-missionários que, pela própria natureza ,da sua identidade
assumida, se torna grupo de pastores-ovelhas, continuando a ser discípulos. Para
que isto aconteça, há necessidade de conversão pastoral, a qual chama o Papa
Francisco e o Documento 100, da CNBB, “Conversão Pastoral”.
Daí é que vem a necessidade de encontrar algum meio, com a
finalidade de recuperar a ideia primária da Pastoral, como modo de
ser da Igreja, como seu “instrumento” no cumprimento do Mandato Missionário
(“Portanto, ide
e fazei com que todos os povos se
tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo, e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês. Eis que eu estarei
com vocês todos os dias, até o fim do mundo” - Mt 28,19-20).
Por algum tempo, de fato, as Pastorais da Igreja tiveram
certo impacto na qualidade de vida espiritual (eu ainda me lembro daqueles
tempos). Mas, com o passar do tempo, com a expansão da modernidade, a Igreja
deixou-se “invadir” pelo secularismo (com todo tipo de “ismos”) e, até mesmo,
pela descristianização. Então, as Pastorais começaram a se desorientar e
esvaziar...
Hoje, na maioria das organizações eclesiais, não se nota mais, uma viva paixão pela
Vida... O que se destaca, porém, é a movimentação, agitação,
inquietude... A organização, relatórios, campanhas, encontros, etc.... Em soma,
as estruturas parecem ser interpretadas como a verdadeira Igreja de Cristo.
Portanto, há necessidade urgente, duma reflexão serena e tranquila,
mas corajosa, sobre o que está acontecendo com a Igreja. E tudo na luz da Verdade.
Caso contrario, não fica difícil prever que, promovendo apenas “a manutenção” das
estruturas pastorais, na situação em que elas se encontram hoje, só se pode
esperar a agonia final.
Fixe-se bem: as estruturas eclesiais
são apenas “vasilhas” para a VIDA! Elas, em si, não são a Vida! Eu não sei como entender
as pessoas, sobretudo os clérigos, que procuram sustentar, defender e alimentar
este atual “modelo de pastoral”. Será que não percebem que nestas expectativas
se esconde uma ilusão, que é perigosíssima ameaça da salvação dos “pequeninos”
(Mt 11,25)?
Tenho plena consciência, que não basta questionar, se não
oferecer uma alternativa, mesmo simples, mas concreta. Então, o que fazer, concretamente, para que a Vida
volte a habitar às almas e às Comunidades?
Continuará...
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