Desejo de beleza
Desde sempre o ser humano procura ser mais belo do lhe
parece ser. Para os cristãos é um desejo “original”, óbvio. É uma “inscrita” atração,
na natureza humana, pela sua FORMA original, ou seja, pelo Criador, Beleza Plena
e origem de toda a beleza (Gen 1-2). O desejo da beleza é um fenômeno presente
na rotina diária, principalmente das mulheres, mas, dos homens também.
É muito importante cultivar este desejo, procurar viver num
ambiente marcado pela beleza, pela harmonia e paz, cercando-se de objetos
belos. Esse esmero pode ir despertando e alimentando a beleza inata de cada
pessoa. Pode suscitar e ajudar a cultivar as virtudes que superam os desejos naturais
e sensuais. O mundo em que vivemos hoje parece estar sendo privado gradualmente
e sistematicamente, da presença do Belo, que ao invés, caracterizava e marcava as
épocas passadas, cujas expressões de beleza ainda nos impressionam.
No entanto, existe também um, “porém”. Este desejo de querer
parecer mais do que se é, pode “desnaturalizar-se”. Pode transformar-se num
fingimento, tendo por objetivo disfarçar o que se considera (subjetivamente ou
coletivamente) inferior, investindo em expôr a atração e fascínio, as vezes com
bastante exagero...
A uma verdadeira ditadura da moda, que atingiu e aliena tantas
pessoas... Um fingimento desumanamente implantado em forma duma instituição. Uma
imposição alucinante.
No Evangelho de Lucas (5,36) há uma interessante observação:
“Ninguém tira retalho de roupa nova para
remendar roupa velha; senão, vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não
combina com a roupa velha”. E podemos, ainda, acrescentar: assim, os ambos
ficam prejudicados.... Apesar de toda a boa intenção...
Ora, as palavras, acima citadas, se referem ao contexto das
práticas e obras religiosas dos contemporâneos de Cristo Jesus. Também, para
nós, cristãos de hoje, elas soam num tom de alerta. Parecem ser um insistente convite
a reflexão acerca do sentido e do objetivo.
É necessário que na vida de fé haja uma unidade entre as
convicções e expressões, através das atitudes. Que haja a integridade entre
o ato e o seu objetivo. Assim, como a vida humana sendo constituída de
elemento material (corpo) e espiritual (alma, ou psique), é um ser humano.
O que pretendo dizer não é para servir a julgar os outros,
mas para o proveito próprio do leitor. Ora, quantas vezes – se fosse possível
olhar com objetividade – a gente parece a um mendigo, daqueles mais miseráveis,
um alienado ou alucinado, que se considera correto, justo e “melhor que tantos
outros”... Porém, cheio de “retalhos”, visíveis de longe... Com cabeça erguida
(as vezes com os braços cruzados e todo desleixado) se apresenta no templo diante
de Deus, com um ar de autossatisfação, de quem faz um favor do “trono” da sua
grandeza...
Em tudo isso, parece ser um bom filho de Deus, na verdade, porém,
é hipócrita miserável, “enfeitado” de remendos novos, teimosamente e arbitrariamente
retirados da Roupa Nova do Batismo. Ou seja: batizado, crismado, casado
etc... Como num supermercado, onde se escolhe o que agrada ou, o que se precisa
no memento...
“O que mais me falta”
– costuma pensar ou falar, tal “herói”. Todos os Sinais Sagrados da Graça
Divina (Sacramentos), tornaram-se meros remendos numa vida pagã, erguida sobre
o egoísmo e orgulho, sem vontade alguma de mudar.
Esta prática perigosa de não pretender mudar, mas apenas
acrescentar, remendar, tornou-se moda amplamente imitada, erroneamente
identificada com a Vida Nova batismal, portando, em vez de levar a felicidade,
leva ao Nada, ao Vazio.
Somente a Roupa Nova (Vida Batismal) fica boa e bonita
quando remendada de retalhos novos (através da Confissão). Se for uma “roupa
velha”, a vida não convertida realmente, os remendos apenas irão multiplicar os
palhaços, dos quais o mundo já está cheio...
E quem vai querer imitar ou seguir um palhaço? Por
que será que os agnósticos e ateus não se encantam com a vida dos cristãos
(como lemos no Atos do Apóstolos) e não os imitam?
Não é porque há muitos palhaços e pouca gente vestindo roupa
nova e remendada?
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