domingo, 23 de março de 2014

Gênero-ideologia. "Gender" - uma nova, perigosa ideologia

Transcrevo na íntegra a entrevista de Wlodzimierz Redzioch, do períodico ( Identificação disponível, quando solicitada)com Dale O'Leary, especialista norte-americana em ideologia de "gênero".

O século passado foi o período de uma luta justa de mulheres contra os abusos, desigualdade e diversos estereótipos humilhantes. Em resultado dessa luta foram criadas as leis que garantem as mulheres o mesmo estatuto. Infelizmente, na década de 70 do século XX, o movimento feminista foi fortemente influenciado por ideologias radicais, que promovem uma nova, revolucionária visão do homem. Eles fizeram que a luta pela igualdade de direitos das mulheres, muitas vezes se tornava um mero pretexto para combater, assim chamada, família tradicional e maternidade, bem como promover a promiscuidade sexual. Por isso, acontece que, instituídos pelos governos diversos organismos, para garantir a igualdade entre homens e mulheres, servem mais para promover ideias feministas radicais do que defender os interesses reais de mulheres e da sociedade. Uma dessas ideologias perigosas é veemente promovida ideologia do “gênero”. A respeito deste assunto fiz uma entrevista com Dale O'Leary - especialista norte-americano da ideologia do "gênero" .
 
Dale O'Leary – americana, de Rhode Island, autora do livro “The Gender Agenda: Redefining Equality” (Programa de Gênero: uma nova definição de igualdade). É a mãe de quatro filhos e avó de doze netos. Atualmente edita a revista eletrônica na internet “TheFactis.org” (www.thefactis.org), que lida com os problemas da política social, nos EUA e no mundo. A revista vem sendo publicada graças aos esforços da Fundação de Cultura da Vida (Culture of Life Fundation) e do Instituto de Família Católica e Direitos Humanos (Catholic Family & Human Rights Institute).

Wlodzimierz Redzioch: - Quais foram os objetivos dos movimentos feministas no Ocidente, no começo da sua história?
Dale O'Leary: - De um modo geral, podemos dizer que, na segunda metade do século XX, as sociedades ocidentais lutavam para conciliar a igualdade entre o homem e a mulher, considerando as suas diferenças biológicas óbvias. Na década de 60, as mulheres protestavam contra leis e costumes, que as tratavam de forma diferenciada dos homens. Em resposta a estes protestos, os governos instituíram novas leis, que garantiam a igualdade para as mulheres. Mulheres, muito rapidamente conseguiram beneficiar-se delas. Aumentou o número de mulheres estudantes nas universidades, nos trabalhos profissionais e nos altos cargos do governo.

- Por que, num determinado momento a luta pela igualdade de direitos das mulheres transformou-se numa luta contra os homens e contra a família?
- Na década de 70 ao movimento feminista juntaram-se radicais, que viam nas mulheres um protótipo da "classe oprimida" e o matrimônio, como também a "vigente heterossexualidade", como instrumentos de opressão. Este movimento filosófico vem de Friedrich Engels e de sua análise da origem de família. Em 1884, Engels escreveu: "Na história, o primeiro e principal antagonismo deve ser considerado o antagonismo entre o homem e a mulher num casamento monogâmico, e como principal opressão, a opressão das mulheres pelos homens". Shulamith Firestone, em seu livro “The Dialectic of Sex” (Dialética da sexualidade), publicado em 1970, modificando a idéia de luta de classes, convoca a uma "revolução de classes de sexualidade" (sex-class revolution): "Para eliminar as classes de sexualidade, a subclasse (as mulheres) tem de se revoltar e assumir o controle sobre a reprodução... Isso significa que o objetivo da revolução feminista não é apenas a eliminação dos privilégios de homens, o que era a finalidade do movimento feminista, mas para eliminar a diferença entre as sexualidades, que não terão mais qualquer significado".

- Isso explica por que este novo feminismo tem-se colocado não só contra os homens, mas também contra a maternidade...
- De acordo com a Firestone, a essência da opressão das mulheres é a maternidade e a educação dos filhos. Aqueles que apoiam esta posição acreditam que o aborto sem restrições, a anticoncepção, a total liberdade sexual, o emprego das mulheres e a permanência de crianças em creches estaduais, são condições necessárias para a libertação das mulheres. Nancy Chodorow no livro “The Reproduction of Mothering” diz que, enquanto as mulheres vão desempenhar as funções de educar e de criar, os filhos vão crescer vendo a humanidade dividida em duas diferentes e, segundo ela, classes desiguais. Esta é a causa de tolerância da opressão de "classes".

- Será que isto significa que as feministas radicais queiram que as crianças vivessem sem uma família?
- Sim. O novo feminismo quer abolir a família biológica. Alison Jagger, no livro usado em cursos para as mulheres, mostra qual deve ser o resultado desejado da revolução de classes de sexualidade: "A abolição da família biológica, também, vai eliminar a necessidade de opressão sexual. O homossexualismo masculino e feminino, como também as relações sexuais extraconjugais não serão mais vistas na ótica liberal como opções alternativas... A própria "instituição" da relação sexual, onde o homem e a mulher têm determinados papeis, vai desaparecer. Finalmente, a humanidade poderá voltar à sua sexualidade natural, polimorfa e perversa".
- Como surgiu o conceito de "gênero"?
- O problema, com que se depararam os promotores da revolução contra a família, era, como eliminar "classes de sexualidades" (sex classes), que são determinadas por diferenças biológicas entre homem e mulher. A solução para este dilema foram teses do dr. John Money Hopkins, da University Baltimore (EUA). Até a década dos 50, a palavra "gênero" era um termo gramatical que indicava um verbo como masculino, feminino ou neutro. Dr. Money começou a usá-la num contexto novo, introduzindo o termo “gender identity” (identidade de gênero) para determinar se uma pessoa sente-se homem ou mulher. Money afirmava que a identidade sexual (gender identity) resulta do modo que a criança foi educada, por isso, às vezes é diferente da sexualidade biológica.

- De que forma as feministas se aproveitaram das teorias de Dr. Money?
- Kate Millet, em seu livro, publicado em 1969, Sexual Politics (Política Sexual) escreveu: "...não existe qualquer diferença entre os sexos no momento do nascimento. A personalidade psicossexual é, portanto, algo que é aprendido após o nascimento". Deste modo, a idéia de sexualidade (gender) como um produto social entrou na teoria feminista. A ideologia de gênero fez com que a prioridade do movimento feminista deixou de ser a luta com a política que discriminava as mulheres, e tornou-se um combate das idéias que manifestavam as diferenças entre homem e mulher e, salientavam o papel crucial de mulher no campo educacional-formativo.

- As feministas, muitas vezes, têm usado a assembléia das Nações Unidas para impor ao mundo as suas ideias radicais. O mesmo aconteceu no caso da ideologia do "gênero"?
- Até o ano 1990, nos documentos das Nações Unidas persistia-se em eliminar todas as formas de discriminação das mulheres, mas na década de 90, a questão de gênero ocupou lugar principal. O opúsculo de uma organização da ONU, a INSTRAW, intitulado Gender Concepts (Conceito de Gênero), o conceito de gênero é definido como "um sistema de papéis e relações entre o homem e a mulher, que não é determinado biologicamente, mas depende do contexto social, político e econômico. Assim como a sexualidade biológica é nata, assim o gender é um produto".
Grande problema é que, às vezes, as pessoas que usam o termo "gender" não têm noção da sua procedência ideológica.

- Isto foi bem visível durante algumas conferências mundiais da ONU, quando os delegados de muitos países assinavam os documentos, em que se repetia termo "gender", não sabendo o que isso significa exatamente e em que consiste a diferença entre o termo "sexualidade".
- É verdade. Vale a pena lembrar, pelo menos, a Conferência Mundial da ONU dedicada à mulher, que foi realizada em Pequim, no ano 1995. No documento final da Conferência, intitulado “Plataforma de Ação” (Platform for Action), lemos: "Em muitos países, as diferenças entre as realizações e atividades de homens e mulheres continuam sendo não reconhecidas como conseqüências, socialmente constituídas atribuições de gênero, mas imutáveis ​​funções biológicas”.

- É óbvio que a diferença entre os papéis de homens e mulheres é uma consequência de diferenças biológicas naturais! Um homem não pode engravidar, não pode amamentar...
- É óbvio, mas do ponto de vista da ideologia de gênero é inaceitável que uma mulher pode escolher a maternidade como vocação primordial. Bem expressam isto as palavras de Simone de Beauvoir. Quando a Betty Friedan perguntou-a se as mulheres devem ter o direito de optar por ficar em casa e criar os filhos, a escritora respondeu: "As mulheres não devem ter essa escolha, porque se tal possibilidade realmente existisse, muitas mulheres se beneficiariam dela".

- Estas são palavras muito significativas. Voltemos, ainda, à teoria do dr.Money. Ela foi comprovada cientificamente?
- Enquanto a ideologia de gênero tornava-se cada vez mais popular, as suas motivações teóricas se desintegravam. As teorias de dr.Money foram desacreditadas pelos estudos do desenvolvimento do cérebro. Testes pré-natais mostraram que, mesmo antes do nascimento os cérebros de um menino e uma menina são significativamente diferentes, o que, entre outros, reflete nas suas diferentes percepções de movimentos, cores e formas. Em consequência, por exemplo, o menino possui uma “preparação biológica", para usar os brinquedos masculinos, enquanto a menina, brinquedos femininos. As mulheres, desde o ventre materno estão equipadas duma particular sensibilidade para outras pessoas, o que é imprescindível para desempenhar o papel de mãe.

- O que adianta, quando algumas feministas não querem reconhecer o papel singular da mulher na sociedade e ignoram os estudos que confirmam isso!
- É um grande problema. Os cientistas que estudam as primeiras fases de desenvolvimento da criança e o desenvolvimento do cérebro humano estão preocupados que as descobertas relativas à importância de laços entre mãe e filho são ignoradas por aqueles que gostariam de ver a mulher só como força operária, e as crianças em creche.

- A ideologia do "gênero" está a favor da nova definição do matrimônio, que incluiria também os casais do mesmo sexo. Nos últimos anos tem surgido muitas publicações nas quais sugere-se que não há nenhuma diferença significativa entre as crianças criadas por casais do mesmo sexo e por pais naturais. As teses deste tipo são confiáveis?
- Os que analisaram esse tipo de estudos, consideraram-nos inválidos. De acordo com o prof. Lynn Wardley: "A maioria dos estudos sobre a paternidade de homossexuais apoia-se na documentação insuficiente do ponto de vista quantitativo, falha metodologicamente e analiticamente (some of little more than anecdotal quality) e, portanto, constitui uma base empírica muito fraca para pretender decidir sobre a política social". Por outro lado, muitos estudos têm confirmado que a presença do pai e da mãe aumenta o bem-estar da criança.
Patrick Fagan, da Heritage Foundation recolheu grande quantidade de evidências para provar como é importante que as crianças tenham pai e mãe, que vivem juntos. Enquanto, "as crianças criadas por uma mulher sozinha ou cujos pais se separaram, estão expostas a maior risco de experimentar a pobreza, abusos, problemas educacionais e emocionais".
O futuro da sociedade depende das crianças, por isso, o nosso dever é colocar o bem das crianças acima de tudo.

- Qual é a atitude da Igreja Católica com relação a ideologia do "gênero"?
- A Igreja Católica não pode ficar neutra, quando em nome do “bem” das mulheres, está sendo atacada a família, o matrimônio, a maternidade, a paternidade, a moral na vida sexual e a vida pré-natal. A Igreja condena veementemente os maus-tratos de mulheres na família, mas a resposta a estes fatos não pode ser o ataque à família como tal!
Quando uma sociedade incentiva as relações sexuais fora do casamento, a prática do aborto, os divórcios e propõe uma mentalidade contraceptiva, então, as primeiras vítimas destas atitudes são as mulheres. Uma luta sem fim, das "classes de sexualidades" (sex-class struggle) não vai levar a uma autêntica libertação da mulher. A antropologia errônea, que contesta as diferenças entre as sexualidades, deixa as mulheres em situação nada invejável: ou tentam elas imitar o comportamento dos homens, ou perdem as energias para fazer de homens em 'pseudo-mulheres'. Desperdiçam-se enormes recursos financeiros para combater um desejo natural da mulher de ser mãe. É óbvio que a ideologia de gênero leva a um beco sem saída.
É necessária a solidariedade entre marido e mulher em família, entre homem e mulher na sociedade, a fim de agir com proveito para o bem de todos. Uma mulher que está ciente das diferenças entre as sexualidades é livre e pode cooperar com os homens, sem risco de perder a própria identidade pessoal. Apoiar o matrimônio e a família, a paternidade e a maternidade de modo algum ameaça os direitos, a dignidade e a fundamental igualdade das mulheres. Embora ainda seja necessário proteger as mulheres contra os abusos e a injustiça, é necessária a distinção entre as sexualidades e os estereótipos degradantes de mulheres e garantir os direitos de escolha das atividades incomuns, para as mulheres e para os homens.

- O que a Igreja tem a dizer nesta importante discussão?
- João Paulo II afirmava repetidamente que a solidariedade constitui uma alternativa para a luta de classes. Alguém, que verdadeiramente está interessado em criar uma sociedade realmente pró-mulheres vai encontrar uma linha de ação no livro, do cardeal Karol Wojtyla “Amor e Responsabilidade”. A reprovação por João Paulo II dos comportamentos que tratam uma pessoa como objeto, certamente serve bem às mulheres, que são as primeiras vítimas de utilitarismo sexual e econômico.
A cooperação efetiva entre homens e mulheres tem de se basear na verdade sobre a pessoa humana. Deus criou o homem e a mulher, as duas sexualidades distintas, mas iguais, instituiu o matrimônio e a família, bem como as leis que regulam a moral, e Deus não pode ser injusto. Portanto, as mulheres não devem ter medo de uma cultura que enfatiza e respeita as diferenças entre homens e mulheres.
Traduzido duma fonte de livre acesso. Identificação disponível, quando solicitada

Nenhum comentário:

Postar um comentário