Assim,
deveriam ser também todos os cristãos. Homens inquietos. Sonhadores e batalhadores
por um mundo ideal, que não existe para os intelectuais mas, de fato, é real e
chama-se o Reino de Deus, iniciado por Jesus de Nazaré (Lc 17,20-21).
Ao ler os
Evangelhos notamos que Jesus não chama à sua companhia as pessoas religiosas e
piedosas do seu tempo, mas os jovens. Na juventude se encontra um potencial,
que quando bem direcionado é capaz de provocar transformação do mundo (Mt
11,12). Por isso, Jesus trazendo o novo fermento (Mt 5,13-14) precisa de
jovens. O Espírito Santo que Jesus concede aos Seus discípulos é o Espírito
juvenil, Espírito de inquietude, que dentro de um tempo breve consegue evolucionar
o mundo.
Precisamos
hoje de jovens inquietos, criativos, não conformados. Lemos sobre eles na
literatura, ouvimos histórias contadas pelos mais velhos. Isto não pode ser um
passado. Este potencial juvenil está em nós. Precisa ser liberado. Hoje...
O oposto da
inquietude é a estabilidade (quietude), que caracteriza a idade adulta e é
sonhada por todos, até mesmo, pelos jovens de hoje. Enquanto isso, a vida é
dinâmica pela própria natureza. É um movimento dinâmico e, enquanto isso a ansiedade
pela estabilidade contraria o ritmo de vida. Portanto, pode-se dizer que o
espírito de quietude é inconciliável com o espírito juvenil, espírito cristão,
chamado para enfrentar o comodismo e construir um mundo novo, uma nova
civilização - a do amor.
A
estabilidade esconde em si a busca da paz, mas compreendida como sensação
de bem estar. No fundo é uma pretensão prepotente de controlar tudo, dominar a
vida. O homem se sente bem quando as coisas acontecem de acordo com as suas
expectativas e desejos. Mas, realizando os próprios sonhos vai, também,
realizar o projeto de vida que o Criador vinculou à sua existência? Aonde vai
chegar se tudo neste mundo temporal é passageiro?
Torna-se homem novo num
mundo velho, que corre atrás da satisfação de suas vontades egoístas e caprichas.
O cristão
deve ser fermento desta terra (Mt 13, 33-35). Como um fermento que avança e
transforma a farinha num alimento saboroso e sadio, assim também o cristão,
ciente do poder transformador recebido no Batismo, lança-se generosamente e,
pela própria vida, transforma a realidade que o cerca (ainda que não seja
notável). O fermento tem o poder dentro de si. Com ele funcionando o mundo se
tornará o Reino de Deus.
Senhor, quero
ser homem inquieto. A inquietude está dentro de mim. Que eu não queira
livrar-me dela. Não sei aonde pode levar-me. Mas, me ensina... Me conduza por
este caminho de inquietude e incertezas, estando em minha frente.
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