Nos Evangelhos pode-se ver Jesus, a Palavra do Pai (Jo
14,7-9), que sem distinção oferece o amor e a misericórdia a todos (Jo 10,10),
não considerando a ninguém como inimigo. Há um só inimigo do homem (1Pd 5,8-9)
do qual só Ele que nos libertar, o que manifestou em diversos milagres.
A Sagrada Escritura mostra que o povo numerosamente ia atrás
de Jesus. Poderia parecer que aquele povo, de fato, reconheceu e aceitou a
chance da salvação eterna que Deus lhe oferecia. “Todos estão te procurando”
(Mc 1,37) diziam a Jesus.
A gente poderia sentir inveja daquele povo que corria atrás
de JC. Quando, porém, paramos para analisar as suas motivações, logo percebemos
que não foi por causa da vida eterna, mas por causa de interesses particulares,
o que, inclusive, desmascarava o próprio Jesus (Jo 6, 26-29). O negócio próprio
era a força motivadora para aquele povo correr atrás do Nazareno.
De lá para cá não mudou nada. A maioria das pessoas que “procuram”
a Deus, ou das que vêm à igreja, o fazem por alguma necessidade de interesse
pessoal. Enquanto não conseguem “se virar” sozinhas correm atrás de alguém quem
“pode poder”. Daí, torna-se compreensível porque os mais ricos não “precisam de
Deus” (Lc 12,15-19)...
Muitas vezes Deus socorre os homens nas necessidades do
dia-a-dia e faz milagres. Sempre, porém, quer que o homem descubra o Seu
Amor. Amor gratuito e generoso. Amor desinteressado. Assim, Deus quer
ensinar ao homem a amar e fazer o bem desinteressadamente. Doar-se sem esperar
nada em troca, eis a vida de Deus.
Mas Deus não atende todos os que O pedem. Por que? Por ser
Deus, o Deus-Amor, Ele não pode alimentar e favorecer os instintos do “homem
velho”, que só pensa em si mesmo. Tenta, incansavelmente, colocar o homem no
caminho da vida, que é o amor. Quando vê que não pode fazer mais nada, vai
adiante... (Mc 1,38).
Quando o homem não consegue passar por esta divisa-limite e,
detém-se no amor próprio, Deus tem de deixa-lo com as suas “graças alcançadas”
e tem de ir para “outros lugares” (Mc 1,38). Irá buscar os corações capazes de
se dilatarem e amarem, do jeito de que foram amados.
O homem só será feliz se
descobrir a lógica do amor, que é chave para a felicidade.
Deus procura o homem e, também, se deixa encontrar por
aqueles que O procuram, no sentido de estarem abertos à Sua iniciativa
salvadora. As vezes Ele “foge”, quando alguém quer apenas aproveitar-se e
satisfazer os seus próprios caprichos. A maior barreira para Deus poder agir é
a mentalidade materialista e utilitarista do homem moderno. “Só me interessa,
só vale o que serve para mim”...
Quantas graças poderiam ter ido adiante, sem serem recebidas
por mim? Quantas chances perdidas... Quanta coisa poderia ter mudado em minha
vida, se eu pensasse menos em mim mesmo....
Talvez hoje, os apóstolos diriam a Jesus: “Ninguém mais te
procura. Todos estão ocupados com os próprios negócios. Todos só se interessam
por uma vida boa, tranquila. Vamos para outros lugares?”.
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