quarta-feira, 16 de abril de 2014

Páscoa - não celebrar é inimaginável


O cristão não pode deixar de celebrar a Páscoa!

A Páscoa é central mistério da fé cristã. Igualmente como um judeu tem a obrigação de celebrar a Páscoa (com toda sua família), como memorial da libertação da escravidão do Egito, assim também o cristão tem de celebrá-la conforme a ordem de Jesus: “fazei isto em memória de Mim” (Lc 22,19-1; Cor 11,23-28).

A celebração da Páscoa pelos judeus condicionava a sua pertença ao Povo da Aliança. Se não celebravam, excluíam-se da comunidade pela força da Lei Mosaica.
Igualmente, se um cristão não celebra a Páscoa, a não ser por motivos gravíssimos, como enfermidade ou impossibilidade física, torna evidente a sua infidelidade a Aliança com Deus (feita no Sacramento do Batismo) e de certo modo, ele próprio, exclui-se da comunidade de filhos de Deus. Não obstante que pratique diversos atos, considerados como “religiosos” (frequentar a igreja, receber Sacramentos, praticar devoções) neles não há vida. Tornam-se atitudes exteriores desligadas da verdadeira e efetiva comunhão com Deus. "Este povo me louva com a boca, mas o seu coração está longe de mim. Mas, em vão me adoram"... (Mt 15, 8-9).

Cristão deste tipo se torna um praticante sem a fé. Não há fé n’ele (que é obediência dócil a vontade de Deus) e, por isso, todas estas atitudes não têm poder e não mudam a sua vida. Apenas proporcionam uma passageira sensação de bem-estar, de “sentir-se bem”... É lamentável que um cristão possa contentar-se com este tipo de benefício, mas, infelizmente isto acontece.

A “vida cristã” sem a fé, reduzida à algumas práticas “piedosas”, depois de um período de vivência emotiva, inevitavelmente se torna um peso, muitas vezes insuportável, que se “larga” sempre quando surgir uma oportunidade mais atraente. O apego à vontade própria (que se pratica no lugar das obras de fé) cega o homem e, com o passar de tempo, não enxerga mais que começou viver num mundo de ilusão e mentira, que ele próprio criou.

A Páscoa que celebramos hoje é Memorial (aquilo que se realiza ao ser celebrado) da Páscoa redentora de Jesus Cristo (Paixão, Morte e Ressurreição). É atualização daquela Páscoa vitoriosa que trouxe ao mundo a salvação e a vida plena, em Jesus Ressuscitado. “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O grande Papa, Paulo VI disse: “Se há uma liturgia que deveria encontrar-nos todos juntos, atentos, solícitos e unidos para uma participação plena, digna, piedosa e amorosa, esta é a liturgia da grande semana. Por um motivo claro e profundo: o Mistério Pascal, que encontra na Semana Santa a sua mais alta e comovida celebração, não é simplesmente um momento do Ano Litúrgico: ele é a fonte de todas as outras celebrações do próprio Ano Litúrgico, porque todas se referem ao mistério da nossa redenção, isto é, ao Mistério Pascal”.

Na Páscoa litúrgica celebramos a vida nova, pois pelas mortificações da Quaresma e pela reconciliação sacramental passamos da morte (vida em busca da satisfação da vontade própria) para diferente que consiste em amar (buscar sempre o bem do próximo e entregar-se por ele). Em cada Páscoa renovamos, alimentamos esta vida nova e celebramos a alegria de possui-la. Não celebra que não a tem. Se não tem o que vai celebrar? Um finado qualquer não celebra aniversário natalício...

Pode-se dizer, então, que não celebrar a Páscoa é um pecado mortal. Não tanto como atitude que atinge (ofende) a Deus, mas a que revela a ausência de vida no homem, escravo de formalismo e práticas religiosas que não possuem nem transmitem a vida.

Se alguém, em vez de celebrar a Páscoa, decide “aproveitar o feriadão”, então, em vez de fazer a vontade de Deus (como falamos no começo) e seguir o caminho de vida, institui o próprio caminho e as próprias formas de viver a fé. É um equivoco pensar e agir assim. Portanto, é de se surpreender que tal fé não possua poder nenhum? Como poderá salvar uma fé se, de fato, ela não existe? Enquanto isso, Jesus ensina que a fé salva (Lc 7,36-50; Lc 8,43-48; Lc 18,35-42).

Ora, o homem pode não entender “as coisas de Deus”, mesmo devido a ignorância culposa, mas quando confia em Deus e obedece obtêm frutos de fé. Não se pode contentar com a rotina e formalismo religioso. Não se pode confundir com uma religião criada para suas próprias necessidades.

Os pagãos têm o direito de viver o feriadãoOs cristãos têm o dever de celebrar a Páscoa, que é centro da vida e piedade cristã.



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