domingo, 3 de abril de 2011

Presunsão



Nós sabemos... (Jo 4,43-54)

Como que inconscientemente, queremos ter tudo explicado e organizado na vida. Já uma pequena estabilização nos dá a sensação de segurança. Sabemos para onde ir, como decidir, o que fazer em uma determinada situação. E nem sequer percebemos o quanto se reduz o nosso horizonte.
Qualquer coisa que excede os padrões dos nossos esquemas nos leva a irritação e começamos a tratá-la em termos de perigo e falsidade. O ruivo não pode ser valoroso. Tem de ser descarado. Doença e invalidez não podem ser lugares de manifestação da glória de Deus. Têm de ser castigo.
Enquanto isso, Deus vai além dos esquemas. Mas, este Deus imprevisível não é aceitável. Se as Suas ações não são previsíveis, então é preciso inventar outro deus. Um deus que não indica o caminho através do vale tenebroso, não obriga a enfrentar o mal e o sofrimento, e para as suas obras escolhe somente santos e dignos...
"Este homem não é de Deus... Nós sabemos que esse homem é um pecador... Tu nasceste em pecado”... Estas conclusões não resultam da verdade. São sinais de que a fé em Deus vivo foi substituída por uma crença-mito. Que em vez de passar das trevas para a luz, escolhemos a direção contrária. E ainda, estes são sinais de que mais do que cego de nascença precisamos que Deus coloque lama em nossos olhos e nos leve para a piscina de Siloé...
O mais importante é recuperar a vista e enxergar de tal maneira que não se confunda do que é apenas um meio com aquilo que é objetivo, finalidade. Que se saiba enxergar e distinguir o bem e o mal, a verdade e a mentira. E andar como filho da luz...

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