Pensar no Céu
Hoje celebramos a solenidade litúrgica da Assunção de Maria,
Mãe de Jesus Cristo. “Assunção” significa ser levado ao Céu e se refere a
Virgem Maria, ao contrário da “Ascenção” que trata de Jesus Cristo, que sendo
Homem-Deus subiu ao Céu.
A primeira questão é que nos Escritos do NT não se encontra
nem a palavra “assunção” nem fato algum ali mencionado, como no caso da ascensão
de JC (Lc 24,50-53).
Então, de onde vem a ideia e qual é a finalidade da
solenidade da Assunção?
Os cristãos (a Sagrada Tradição) nunca duvidaram sobre o fim
da vida e glorificação eterna de Maria, por isso os Livros do NT não se ocupam
om este assunto. Os cristãos compreendiam que Maria, sendo tão privilegiada (“plena
de Graça” – Lc 1,28) não podia como qualquer um mortal nem esperar até a
Segunda Vinda do Seu Filho, para entrar no Seu Reino, mas que no instante da
morte foi levada ao Céu. Não existe, também, o túmulo de Maria.
Santo Epifânio, bispo de Salamina de Chipre, nos anos de 374-377,
escreveu um livro sobre heresias, no qual escreve: “Ou a santa Virgem morreu e
foi sepultada e seguiu-se depois sua Assunção na glória, ou sem fim
verificou-se em plena e ilibada pureza, adornando a coroa de sua virgindade…” (MS, p. 267).
Este pensamento exprime mais claramente São João de Damasco
(675-749) escrevendo: “Era necessário que aquela que no parto havia conservado
ilesa sua virgindade conservasse também sem corrupção alguma seu corpo depois
da morte. Era preciso que aquela que havia trazido no seio o Criador feito
menino habitasse nos tabernáculos divinos. Era necessário que aquela que tinha
visto o Filho sobre a Cruz, recebendo no coração aquela espada das dores das
quais fora imune ao dá-Lo à luz, O contemplasse sentado à direita do Pai. Era
necessário que a Mãe de Deus possuísse aquilo que pertence ao Filho e fosse
honrada por todas as criaturas como Mãe de Deus”.
A finalidade da celebração da Assunção de Maria, em primeiro
lugar, é:
a glorificação de Deus que manifesta a Sua Infinita
Misericórdia e faz “grandes coisas” na vida dos seres humanos.
Em segundo lugar, somos convidados a venerar a
própria Virgem Maria, que sendo dócil ao Espírito Santo, obediente e fiel no
caminho da fé (vivendo só para Jesus) cooperou admiravelmente com a Graça
Divina.
Depois, a Assunção nos chama a elevar os olhos,
pensamentos e corações para o “alto” e, conforme orientou JC, “buscar as coisas
do alto” (Lc 12,22-31) e nos lembrar, que assim como Maria temos um lugar na
Casa do Pai (Jo 14,2-3).
Enfim, este dia nos encoraja e fortalece diante
das ameaças do Dragão infernal e nos motiva para deixar-se defender por Deus (Ap
12,3-9).
O Céu existe, sim. Pode ser nosso.
Muitos já estão ali. Torcem e oram por nós para não nos deixemos
enganar e não nos percamos neste mundo temporal...
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