Pastoral de "manutenção", padres "coveiros" e "encanadores", "heresia do ativismo" (Continuação)
Catequizar,
tarefa urgente
A Igreja precisa de estatísticas e
assembleias, sem dúvida. No entanto, isto não é o mais importante. Não deve estar
na frente da evangelização efetiva. As estatísticos, reuniões, títulos
honoríficos e incensos não refletem a verdade sobre a Igreja. Ela é muito mais
do que as estruturas visíveis, muitas vezes debilitadas e ineficientes. A
Igreja, em sua parte essencial é invisível. É O Corpo Místico de Cristo e
Templo do Espírito Santo (Cl 1,18; 1Cor 6,19).
Muita “fumaça pastoral” está na moda.
Nojenta e inútil fumaça, que engana, em vez de comunicar a Deus, como se queixa
Deus através do profeta (Am 5,21; Is 1,14-15). É preciso fazer um sólido
trabalho de evangelização e catequizar o povo para, assim, levá-lo a Deus.
Falar da evangelização não basta. Pois,
quem vai fazer ela acontecer de fato? O Santo Antônio de Pádova disse, numa das
suas homilias: “Cessem as palavras, falem as obras”. Quanto a isso, o próprio Jesus
ordenou: “...ide e fazei com que todos os povos da terra se tornem discípulos
meus” (Mt 28,19).
Não se deve insistir, a todo custo, na
quantidade dos membros da Igreja, mas na qualidade, ou seja, dar a maior
atenção àqueles que de verdade fazem a sua opção por Deus. A igreja repleta
de crentes nas celebrações não reflete, necessariamente, a vivacidade da
Comunidade eclesial, pois há vários meios para atrair, mas nem sempre para o Senhor...
A não ser que se trate das “curas”, dos dízimos e ofertas...
Pessimismo?
Exagero? Equivoco?
Tomara que fosse tudo isso. Como eu
desejaria que tudo isso fosse um engano meu. Mas, infelizmente, os fatos falam
por si mesmos. As pessoas que fazem o uso da razão, até as indiferentes
religiosamente, não têm dúvida que a crise atual da Igreja deve encontrar uma
adequada resposta, urgentemente, para ela não sucumbir. A Igreja ainda tem a
moral, autoridade, mas a maioria maciça, dos que se dizem crentes, não comunga
da mesma fonte, que constitui a moral cristã e força do testemunho da primazia
de Deus, em toas as áreas de vida cotidiana. Hoje, a situação está piorando em
comparação com o passado e assombrosamente soam as palavras de Jesus: “Mas, quando o Filho do Homem voltar,
encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18,8).
Parece que não está enxergando a morte da
Igreja, gradual e sistemática, quem não quer enxerga-la, ou quem já foi
enganado pelo Adversário, e com os óculos “cor-de-rosa” constata, que “tudo
está bem, apenas o mundo está mudando, portanto, temos que compreender e nos
adaptar...”. É, precisamente, isto que o Inimigo quer, que se creia que “tudo
vai bem”. Que não se faça nada para modificar o quadro, que basta fazer
maquiagens”. Se vai bem, então “por que esquentar”? Enfim, melhor não tocar o
assunto, porque ainda poderia “acordar” algum novo são Francisco de Assis e perturbar
a perfeita obra da desmontagem daquilo que “montou” o Homem de Nazaré, e o que
ainda continua “incomodando o mundo”.
Uma Igreja que não se compromete, de fato,
com a catequese e evangelização, não poucas vezes, “foge” para um campo
alternativo, cujo lema seria: a “Igreja presente e atuante na sociedade”. Com
isso, vai “batizando” e promovendo os valores sociais à custa do trabalho de
evangelização.
Ninguém nega que é preciso promover estes
valores e buscar a dignidade da vida. Mas, a primeira necessidade não seria
voltar a maior atenção à vida da própria Igreja? Se ela não tiver vigor
autêntico, ancorado em Deus vivo, ela não será capaz de promover efetivamente
aqueles valores que eu chamei de “substitutos do essencial”. Haverá frustração
recíproca...
O
que fazer?
Fazer a evangelização acontecer, para
valer. Deve ser dito claramente que não basta deixar o pecado (Mt 12,43-45) ou
fazer o bem. É preciso ter a fé. Não
são as obras que salvam (Ef 2,8-10), mas a fé, o que sempre apontava Jesus
Cristo (Mc 5,34; Lc 8,40-56; Mt 9,18-26). É claro que não existe a fé viva sem
as obras (Tg 2,15ss), mas elas devem ser fruto da fé, devem “nascer da fé”. Porque,
pode-se fazer o bem e não ter fé. Quanta gente neste mundo faz coisas
boas e não tem fé em Jesus Cristo?! Também, pode-se rezar e não ter fé. -
“Credo! Rezar e não ter fé?! Mas, é claro que reza tem fé!”. Infelizmente
muitos rezam sem terem a fé. A oração, novenas, Missas podem ser tratadas como
meios para conseguir um benefício, “arrancar” de Deus as graças necessitadas.
Tornam-se como que amuletos que protegem do mal e através dos quais se procura obter
a benevolência de Deus.
Que preço você estaria disposto a pagar
para salvar a Igreja do Senhor? Sair das instalações e assumir a fé, como
Abraão, Moisés, José, Francisco de Assis? Oferecer suas orações, seus
sacríficos cotidianos pela santificação da Igreja? A sua contribuição material
como apoio a obra da evangelização (catequese, retiros em regime fechado,
materiais)? Ou, então prefere deixar que “os outros” (melhor preparados, com
mais tempo, mais recursos) resolvam isto? Ou, ainda, vai optar por “não mexer”
com isso aí, porque “alguém pode não gostar”, pode incomodar alguém... Será,
que Jesus agiria assim? Ele que com fúria expulsou os negociantes, para
purificar o tempo (de pedras) de Deus? (Mt 21,12-13).
Então está na hora de
proclamar a mobilização geral! Se amamos a Jesus Cristo não nos pode ficar
indiferente a Sua Causa, o Seu Corpo Místico (Col, 1,18; 1Cor 12,12), a Sua
Igreja, Mãe que nos deu a vida através do sacramento do Batismo.
Você lembra aquela historinha da floresta
em chamas, que conta como todos os seus moradores correm para si salvar, menos
um pequeno passarinho, que tenta apagar o incêndio “carregando” a água em seu
biquinho? Quando contestado que não vai conseguir, que isto não tem sentido,
ele responde: “Não importa. Estou fazendo a minha parte”... É assim, cada um deve fazer o que pode, o que
está no seu alcance, contribuir da maneira que lhe é possível. Importa que
haja a responsabilidade e ações concretas. Acreditar que “um pouco” faz a
diferença...
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