Tenham a coragem de ir contra a corrente (tradução) - 3a Parte
Jovens, caminhar contra a corrente e combater as trevas
Finalmente, me volto para vocês.
A vocês, os mais jovens, que se reuniram aqui, tão numerosamente.
Primeiramente, peço que ouçam um ancião, de autoridade maior do que a minha.
Quero dizer, São João Evangelista. Além do exemplo de sua própria vida, São
João deixou, também, uma mensagem para os jovens. Em sua primeira carta, lemos
palavras comoventes de um ancião para as Igrejas jovens, que ele fundou. Ouçam
esta forte voz do ancião: “Eu lhes
escrevi, jovens, porque vocês são fortes, e a palavra de Deus permanece em
vocês e vocês venceram o Maligno. Não amem o mundo e nem o que há no mundo”
(1Jo 2,14-15).
O mundo, que não devemos amar
e, ao qual não devemos nos adaptar, - diz o padre Raniero Cantalamessa, em
sua homilia de Sexta-feira Santa - não
é, o que bem sabemos, o mundo criado e amado por Deus. Não se trata
dos homens que vivem no mundo, porque a eles, pelo contrário, devemos ir ao
encontro constantemente, especialmente dos mais pobres e mais fracos, para os amar
e servir com humildade. Não. O mundo que não deveria ser amado é um outro
mundo. Aquele mundo que está sob o domínio de Satanás e do pecado. O mundo de
ideologias que contestam a natureza humana e destroem as famílias. O mundo das
estruturas da ONU, que impiedosamente impõe uma nova ética global, a qual todos
deveríamos ser submetidos. Mas, o notável escritor, Inglês, do século passado,
um homem de fé, Thomas Stearns Eliot, escreveu três frases, mais eloquentes que
muitos livros: “No mundo dos refugiados,
quem escolhe a direção oposta, irá parecer um desertor”.
Queridos jovens, se é permitido
ao ancião, como São João, dirigir-se a vocês diretamente, eu também, os exorto
e vos digo: vencestes o Maligno, combatam a toda lei contra a natureza, que quisessem
vos impor, façam a resistência a qualquer lei contra a vida e contra a família,
sejam aqueles que escolhem a direção oposta. Tenham a coragem de ir contra a
corrente. Para nós cristãos, essa direção oposta, não é um lugar, mas uma
Pessoa - Jesus Cristo, nosso Amigo e nosso Redentor. Para vocês, jovens, é
designada uma tarefa particular e concreta: salvar o amor humano da
degeneração trágica a que ela sucumbiu. O amor deixou de ser um dom de si,
e tornou-se apenas uma posse do outro, muitas vezes cheio de violência e
tirania. Na cruz, Deus se tornou um ser humano e nos revelou que Ele é a
“ágape”, ou seja, o Amor que se entrega, até à morte. Amar verdadeiramente, é
morrer por outra pessoa, como aquele jovem policial, coronel Arnaud Beltrame*.
Queridos jovens, certamente e
com frequência, têm experimentado em vossas almas, o combate das trevas com a
Luz. Às vezes, deixam-se seduzir pelos prazeres fáceis deste mundo. Do fundo de
meu coração sacerdotal lhes digo: não hesitem! Jesus lhes dará tudo. Ao
segui-Lo, caminhando para a santidade, não perdereis nada, mas ganhareis a
única alegria que nunca falhará. Queridos jovens, se hoje Cristo está chamando
alguém de vocês, para segui-Lo como sacerdote, religioso ou religiosa, não hesitem!
Respondam-Lhe "fiat", entusiástico e incondicional "sim".
Deus quer necessitar de vocês. Que alegria! Que graça!
Voltar às raízes
O Ocidente foi evangelizado por
santos e mártires. Vocês, jovens de hoje, serão santos e mártires, que as
nações esperam, para uma nova evangelização. Vossas pátrias estão sedentas de
Cristo. Não as decepcionem. A Igreja confia em vocês. Estou orando, para que
hoje, durante esta Santa Missa, muitos de vocês respondam ao chamado de Deus
para segui-Lo, para deixar tudo por Ele, por Sua Luz. Quando Deus chama, é
radical. Nos chama por completo, até o dom pleno, até o martírio do corpo ou do
coração.
Querido povo da França, a
civilização do vosso país foi criada pelos mosteiros. A Europa cristã foi
construída por pessoas, homens e mulheres, que aceitaram seguir a Jesus, até o
fim, radicalmente. Porque estavam procurando o próprio Deus, conseguiram
construir uma civilização bela e cheia de paz, como esta catedral. Povo da
França, povos do Ocidente, somente buscando a Deus, que encontrareis a paz e
alegria.
Voltem às suas raízes, retornem
à fonte, voltem aos mosteiros. Sim, todos vocês, criem a voragem de passar
alguns dias em algum mosteiro. Neste mundo de barulho, feiura e tristeza, os
mosteiros são oásis de beleza e alegria. Experimentem ali, de que é possível
colocar Deus, realmente, no centro de toda a sua vida. Experimentem ali, a
única alegria que não passa.
Caros peregrinos, renunciemos a
escuridão. Escolhamos a Luz. Peçamos à Santíssima Virgem Maria, para sermos
capazes, como Ela, dizer por completo, "fiat", ou seja, "sim";
que saibamos, como Ela, receber a luz do Espírito Santo.
Neste dia, quando, graças ao
cuidado do Santo Padre Francisco, celebramos a festa da Santíssima Virgem
Maria, Mãe da Igreja, peçamos à Santíssima Mãe por igual coração que Ela tem. Um
coração que nada nega a Deus, um coração ardente de amor pela glória de Deus, coração
anunciando fervorosamente a boa nova aos homens, um coração generoso, grande,
como o Coração de Maria, um coração na medida da Igreja, na medida do Coração
de Jesus.
* Um oficial da
gendarmaria, de 44 anos, que em 24 de março de 2018, participou da ação de
tomar de volta o refém das mãos de um terrorista islâmico, em um supermercado
no sul da França e morreu em conseqüência de ferimentos.
Obs. Subtítulos e
frases sublinhadas, são as minhas intervenções.
Aproveitando, quero recomendar dois livros-entrevistas com o Card. Robert Sarah: "Deus ou nada" e o "Poder do silêncio" (publicado recentemente). Excelentes!
Nenhum comentário:
Postar um comentário