sábado, 9 de junho de 2018

Cristão. Luz e trevas. Testemunho. Jovens. Liturgia. Sacerdote


Tenham a coragem de ir contra a corrente (tradução) - 1a parte

Hoje quero oferecer mais uma tradução, como leitura muito edificante, da homilia do Card. Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. A homilia foi proferida no dia de Pentecostes, deste ano 2018, durante a Missa de encerramento da 36ª peregrinação a Chartres (França), para o santuário de São José.
Talvez, possa parecer que a problemática europeia seja diferente da américo-latina, mas, na verdade há mínimas diferenças. O mundo de hoje se tornou uma aldeia na qual tudo tramita sem dificuldade e com muita rapidez. Vale igualmente para as coisas boas e, como também, para as que fazem mal. Infelizmente, quase todos dos problemas apontados pelo Cardeal já estão latentes no Brasil.
Quem sabe, talvez a atitude dos peregrinos da França nos leve a reflexão e nos inspire? O impressionante daquele evento foi, que participaram 12 mil peregrinos, com média de idade de 21 anos! E, a maioria foram rapazes... Uma boa leitura!
Como de costume, dividirei o texto em partes. Creio que assim, facilitará uma leitura mais proveitosa.

Caros peregrinos a Chartres!
“A luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más” (Jo 3,19). E vocês, queridos peregrinos, aceitaram a única luz que não engana, a luz de Deus? Vocês caminharam por três dias, orando, cantando, suportando o calor do sol e a chuva. Mas, vocês aceitaram a luz em seus corações? Realmente renunciaram a escuridão e decidiram seguir o caminho de Jesus, que é a Luz do mundo?
Queridos amigos, deixem-me fazer esta pergunta radical. Pois, se Deus não é nossa luz, então, tudo mais se torna desnecessário. Sem Deus tudo é escuridão. Deus veio a nós, fez-se homem, nos revelou a única verdade que salva, morreu para nos redimir do pecado. Ainda, no dia de Pentecostes, nos deu o Espírito Santo e ofereceu a luz da fé. No entanto, nós preferimos a escuridão. Olhemos ao nosso redor: a sociedade ocidental decidiu organizar-se sem Deus, e eis que está entregue às luzes cintilantes e enganosas da sociedade de consumo, ao lucro a todo custo e um individualismo desenfreado. O mundo sem Deus é um mundo de trevas, mentira e egoísmo.
Sair das trevas e viver na Luz
Sem a Luz de Deus, a sociedade ocidental se tornou como um navio embriagado à noite. Não tem mais amor suficiente para aceitar os filhos, para protegê-los desde o ventre de suas mães, para defendê-los da agressão de pornografia. A sociedade ocidental privada da Luz de Deus, não sabe mais respeitar seus idosos, acompanhar os enfermos no caminho da morte, abrir espaço para os mais pobres e os mais desprotegidos. É dada à escuridão da ansiedade, da tristeza e alienação. O que tem a oferecer é apenas a vacuidade e niilismo. Permite para se proliferarem as mais esquisitas ideologias.
A sociedade ocidental sem Deus, pode se tornar o berço do terrorismo ético e moral, mais prejudicial e destrutivo do que o terrorismo islâmico. Lembrem-se que Jesus nos disse: “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno!” (Mt 10,28).
Queridos amigos, perdoem-me por esta descrição, mas é preciso ter uma consciência clara e ser um realista. Digo isto a vocês, porque em meu coração de padre e pastor, sinto pena de muitas almas perdidas, tristes, inquietas e solitárias. Quem as conduzirá à Luz? Quem lhes mostrará o caminho para a Verdade, o único verdadeiro caminho da liberdade, que é o caminho da Cruz?
Será que vamos entregá-los ao azar do erro, niilismo desesperado ou islamismo agressivo, e não faremos nada? Em oz alta, devemos proclamar ao mundo que nossa esperança tem um nome: Jesus Cristo, o único Salvador do mundo e da humanidade.
Queridos peregrinos da França, olhem para esta catedral: seus antepassados ​​a construíram para proclamar a sua fé. Nesta arquitetura, nesta estrutura e nos vitrais, tudo expressa a alegria de termos sido salvos e muito amados por Deus. Seus antepassados ​​não eram perfeitos, eles não eram sem pecado, mas eles queriam que a luz da fé iluminasse as suas trevas. Povo da França, acorde e ainda hoje, escolha a Luz, renuncie a escuridão!
Sagrada Liturgia – fonte da Luz
Como fazer isso? O Evangelho nos responde: quem age conforme a verdade se aproxima da luz (Jo 3,21). Deixemos a luz do Espírito Santo iluminar a nossa vida, concretamente, de forma simples e nas áreas mais íntimas de nosso ser profundo. Satisfazer as exigências da verdade é, antes de tudo, colocar Deus no centro de nossas vidas, assim, como a cruz é o centro desta catedral. Meus irmãos, façamos o propósito de nos dirigir a Deus todos os dias. Agora mesmo, tomemos a decisão de passar, todos os dias, alguns minutos em silêncio, para nos dirigir a Deus e dizer-Lhe: Senhor, reine em mim, eu Te entrego toda a minha vida.
Caros peregrinos, sem o silêncio não há luz. A escuridão alimenta-se do barulho constante deste mundo, que não nos deixa voltar-se a Deus. Tomemos o exemplo da liturgia, da Santa Missa de hoje. Ela nos leva à adoração, ao filial e afetuoso temor, diante da grandeza de Deus. A Liturgia alcança o topo, no momento da Consagração, quando todos juntos, voltados para o altar, com um olhar direcionado à Hóstia, à Cruz, recebemos a Sagrada Comunhão, em silêncio, concentração e adoração. Irmãos, amemos aquelas liturgias, que nos permitem saborear a presença silenciosa e transcendente de Deus, e nos orientam ao Senhor.  (Continuará)
Obs. Subtítulos e frases sublinhadas, são as minhas intervenções


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