Homem
evangélico, homem inquieto, homem de Deus
Hoje, celebramos
a memória litúrgica de Santo Antônio de Pádua (ou de Lisboa), um dos santos
mais populares. Um dos meus irmãos mais velhos, desta grande família franciscana.
Um Santo muito querido do povo.
Nasceu em
Lisboa, em 1195, e morreu em Pádua (onde se encontra o seu túmulo), na Itália,
em 1231, com 36 anos de idade. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões y
Taveira de Azevedo.
Ainda jovem, entrou na Ordem dos
Cônegos Regulares onde ordenou-se sacerdote. Estudou filosofia e teologia em
Coimbra, até ser ordenado sacerdote.
Pouco depois da sua ordenação,
abandonou os Cônegos Regulares para se tornar missionário, na recém-nascida
Ordem Franciscana. O seu deseja era evangelizar a África. A Providência de Deus
leva-o, pelos caminhos dolorosos, à Itália, onde deve alcançar os cumes da vida
evangélica, através da simplicidade e humildade de vida, dum frade franciscano.
O Papa Pio XII, em 1946
escreveu: “E Deus não deixou de lhe
manifestar várias vezes quanto foi estimado pelo Cordeiro Jesus Cristo este
amor que tinha à pureza. Efetivamente, enquanto Antônio estava rezando
solitário na sua cela eremítica, todo absorto com o espírito em Deus e com os
olhos voltados para o céu, eis que, de repente, num raio de luz lhe aparece o
Divino Menino Jesus, cingindo-se ao colo do jovem franciscano, e com os seus bracinhos
cumula de carícias o nosso Santo que, anjo em carne humana, arrebatado em
suavíssimo êxtase, vai pascendo entre os lírios’ (Cant 2,16) junto com os anjos
e com o Cordeiro Divino.
Quem atentamente – continua o Papa Pio XII - percorrer os “Sermões” do paduano, descobrirá em Antônio o exegeta
peritíssimo na interpretação das Sagradas Escrituras e o teólogo exímio na
definição das verdades dogmáticas, bem como o insigne doutor e mestre em tratar
as questões de ascética e de mística – tudo o que, como tesouro da arte divina
da palavra, pode prestar não pouco auxílio, especialmente aos pregadores do
Evangelho, pois constitui rica mina de onde os oradores sacros podem extrair as
provas, os argumentos oportunos para defender a verdade, impugnar os erros, combater
as heresias e reconduzir ao reto caminho”. (Papa Pio XII, Carta Apóstolica,
Exulta, ó feliz Lusitânia,16/01/1946).
Também, o Papa João Paulo II,
retoma este cunho missionário de Antônio, dizendo: “Durante toda a sua existência Santo António foi um homem evangélico...
Queria pedir a todos vós que mediteis exatamente sobre este marco de
evangelização.... Sem fazer exclusões ou preferências, este é um sinal que nele
a santidade alcançou metas de excecional altitude”.[...] “O Doutor Evangélico
fala ainda aos homens do nosso tempo, sobretudo indicando-lhes a Igreja,
veículo da salvação de Cristo. A língua incorrupta do Santo e o seu aparelho
fonético encontrado maravilhosamente intacto parecem atestar a perenidade da
sua mensagem. A voz de Frei António, através dos Sermões, é ainda viva e
penetrante; em particular, as suas coordenadas contêm um apelo vivo para os
religiosos dos nossos dias, chamados pelo Concílio Vaticano II a testemunhar a
santidade da Igreja e a fidelidade a Cristo, como colaboradores dos Bispos e
Sacerdotes” (Papa João Paulo II, discurso em Pádua, no dia 12 de setembro
de 1982).
As pessoas, incessantemente,
estão procurando exemplos autênticos para imitar em suas vidas. O Santo Antônio
é um modelo perfeito duma santidade radical e inequívoca. É por isso que
ele sempre será atraente e sempre atual. É um santo que, ainda hoje tem algo a
dizer ao homem. Algo que é desconfortável para este mundo, mas ao mesmo tempo,
o mundo precisa muito disso. Se trata da vida humana, segundo o Evangelho de
Jesus Cristo.
Não é justo reduzir um homem, do
porte de Santo Antônio, a um artifício utilitário, um “santo casamenteiro” ou,
um “mágico”, que serve para encontrar as coisas perdidas. Ele é, realmente, um
homem de Deus! Um Homem evangélico,
que conhecia e vivia o Evangelho, concretamente – seguindo os passos de Jesus
Cristo, o Evangelho do Pai. É por isso, que mesmo não sendo conhecido
devidamente, o Santo Antônio continua atraindo a atenção dos homens e apontando
a Jesus, o Caminho Verdade e Vida (Jo 14,6) a quem consagrou a sua vida
terrestre.
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