Um coração transpassado
Hoje é o dia solene, dia do
Sagrado Coração de Jesus. Falando de Jesus estamos falando de Deus, e Deus é a
Santíssima Trindade. Portanto, hoje celebramos o mistério do Amor de Deus, cujo
símbolo é o coração, ou seja, a aptidão de amar e de ser amado. Não se trata apenas
dos sentimentos, mas sobretudo, da capacidade de construir relacionamentos
afetivos, nas mais profundas camadas da existência humana.
O Amor de Deus não uma mera
declaração ou sentimentalismo. É concreto. Chama-se Presença. Assim se expressa
todo amor verdadeiro, não só de Deus, mas também o amor humano. O amor que se
ausenta, abandona, esconde – não é um amor verdadeiro. É fingido e imaturo.
Para amar é preciso ser maduro,
porque a Presença (sinônimo do amor), além de ser um grande benefício, também,
incomoda. Sim, o amor incomoda. Ele não é chocolate para ser consumido.
É um relacionamento, que exige sacrifício da minha parte, limita a minha liberdade
e me obriga a escutar... Pode ser que, por esta razão, prefiro manter Deus “lá
nas nuvens”, do que deixar Ele fazer parte do cotidiano da minha vida... Se eu deixar,
então, não poderia mais fazer o que me dá vontade...
O Coração de Jesus, além de
todas as boas qualidades do coração humano é um coração traspassado. Coração “ferido” de Deus... Não foi no
Calvário que ele foi ferido. No Calvário foi ferido o coração do Corpo, que já
havia realizado a Missão. Portanto, não foi um coração vivo. Mesmo assim, aquilo
foi simbólico. Aquilo tem poder, até hoje, de falar a mente e imaginação humanas,
pois é algo visual. É um símbolo e chama a atenção para o Coração de Deus que
continua sendo traspassado...
As páginas da Sagrada Escritura,
desde o começo, revelam o Coração de Deus traspassado. Desde o pecado original,
quando os homens começam a preferir outros amores. E assim, continua. Deus
continua sendo um rejeitado. Seu Coração continua sendo traspassado, porque
quer amar e... não pode.
Constantemente vem ao encontro do homem, só para se doar, e não é aceito, bem
como lá, na Palestina, há 2000 anos atrás. Todo amor rejeitado é um coração
traspassado...
Hoje oramos pela santificação dos sacerdotes...
Eles, foram incumbidos, pelo
próprio Deus, de lembrar do Amor Traspassado e ajudar aos homens a confiar e aceitar
este Amor. Ajudar entrar em Comunhão com este Amor. Quase sempre, se forem
fieis, sofrem igual sorte. Estão sendo rejeitados, como o Coração, que foi
rejeitado primeiro. Alguns dos sacerdotes não aguentam esta rejeição constante,
buscam saídas e... as vezes se perdem. Sim, é fácil julgá-los e condenar, mas não
seria justo levar em consideração, que a causa, pode ser também nossa? A nossa
indiferença, avidez, individualismo - com certeza não ajudam ao Amor-Coração,
fundir-se nos corações dos homens. Ser suporte para o sacerdote antes de
julgá-lo. Sem ele o mundo não será melhor...
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