Instrução sobre o Culto
do Mistério Eucarístico
“Inaestimabile Donum”
O Concílio Vaticano II, encerrado no ano 1965, trouxe muitas
riquezas para a vida da Igreja, conforme a intenção que levou o papa João XXIII
a convocar este Concílio. Foi uma verdadeira, multidimensional atualização da
Igreja, chamada, muitas vezes de aggiornamento (da língua italiana). Uma das áreas
mais “atingidas” foi a Liturgia. Embora as novas orientações litúrgicas visarem
maior proveito dos crentes, a sua implantação, em várias partes do mundo, infelizmente
falhou... Antes de tudo, houve muita precipitação, em vez de muita reflexão,
para entender melhor o espírito das novas orientações. Foi assim, que diversos mal-entendidos
e até, abusos litúrgicos entraram para dentro da Igreja...
Aos 17 de abril, de 1980, a Sagrada Congregação para os
Sacramentos e Culto Divino publicou a Instrução sobre o Culto do Mistério Eucarístico
“Inaestimabile Donum”, aprovada e confirmada pelo papa João Paulo II. Logo, no
começo, no “Proémio” do documento se acentua os aspectos positivos, mas, a
Instrução vem para denunciar e corrigir os abusos, como: “confusão dos
papéis, especialmente no que diz respeito ao ministério sacerdotal e o
papel dos leigos (indiscriminado compartilhamento da recitação das Orações
Eucarísticas, homilias feitas por leigos, leigos distribuindo Comunhão enquanto
os sacerdotes se recusam a fazê-lo); um crescimento da perda do sentido do
sagrado (abandono das vestes litúrgicas, a Eucaristia sendo celebrada fora
da Igreja sem real necessidade, falta de reverência e respeito pelo Santíssimo
Sacramento, etc.); má-compreensão do caráter eclesial da Liturgia (o uso
de textos privados, a proliferação de Orações Eucarísticas não aprovadas, a
manipulação de textos litúrgicos com fins sociais e políticos)”.
Continuando a expressa a preocupação, a Igreja alerta: “Nesses
casos, estamos face a face com uma real falsificação da Liturgia Católica:´Aquele que oferece culto a Deus em nome da
Igreja, de um modo contrário ao qual foi estabelecido pela própria Igreja com a
autoridade dada por Deus e o qual é também a tradição da Igreja, é culpado de
falsificação´ (Tomás de Aquino, Summa T., 2-2, q.91).
Neste caso, a Liturgia, que deve ser um sinal de unidade e comunhão
vem sendo desvirtuada... Por isso, como diz a “Inaestimabile Donum”, “nenhuma
dessas coisas pode trazer bons resultados. As conseqüências são – e não
poderiam deixar de ser – o prejuízo da unidade da Fé e Culto na Igreja,
incerteza doutrinária, escândalo e confusão entre o Povo de Deus, e em alguns
casos é inevitável reações violentas.
Os fiéis têm direito a uma Liturgia verdadeira, o que
significa a Liturgia desejada e estabelecida pela Igreja, a qual de
fato, tem indicado adaptações onde podem ser feitas a pedido de requerimentos
pastorais em diferentes lugares ou por diferentes grupos de pessoas.
Excessivas experimentações,
mudanças e certas criatividades, confundem os fiéis. O uso de textos
não aprovados significa a perda da necessária conexão entre a lex orandi e a
lex credendi. A advertência do Segundo Concílio Vaticano a esse respeito deve
ser lembrada: “nenhuma pessoa, absolutamente, mesmo
se ela for um sacerdote, pode adicionar, remover ou mudar nada na Liturgia por
sua própria autoridade”. E Paulo VI,
de venerável memória, declarou que: ”qualquer
um que tirar vantagem da reforma para entregar-se a experimentações arbitrárias
está desperdiçando suas energias e ofendendo o senso eclesial” (ID Proémio).
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