O Advento é o tempo Litúrgico na Igreja, que dá o início ao
Ano Liturgico1 e antecede o Natal. Os cristãos esperam a vinda de
Messias-Salvador, em dois sentidos: como a gloriosa vinda no fim dos tempos e,
como encontro com Ele, na Liturgia da celebração do Seu Natal, que pela força
do Sacramento, faz este Mistério real e atual.
As quatro semanas deste primeiro tempo litúrgico, do ano
novo, têm como objetivo recordar e vivenciar o Grande Advento da
humanidade, que ansiosamente aguardava o Messias, a Encarnação de Deus na
história da humanidade (a Sua Primeira vinda ao nosso mundo). Mas, sobretudo,
quer ajudar despertar a consciência e abrir os corações dos homens para
o Deus-Amor, que vem ao seu encontro. Ele vem sentido escatológico e no
cotidiano de suas vidas, em todos os acontecimentos, encontros e na diversidade
das experiências. Não só “virá”, num futuro desconhecido, mas vem,
incessantemente (Ap 1,8).
As vindas de Deus sempre nos surpreendem. Ignoramos como e
quando Ele virá. Uma vez vem na pessoa de um necessitado, outra, num parente ou
vizinho importuno, ou ainda, na enfermidade e na perseguição. Por isso, Ele nos
pede para vigiar, isto é: viver com os olhos abertos e ouvidos atentos (Lc
12,39; Mt 24,42; 25,13; 1Tes 4,16-17).
A primeira fase do Advento, que vai até o dia 17 de
dezembro, possui caráter escatológico, ou seja, nos convida para preparar-se
para o encontro com Deus, no fim da nossa existência terrena. Esta preparação
requer a conversão da vida em pecado, para uma vida em comunhão, com
Deus e com as pessoas. Os meios necessários para isto são: a oração, a escuta
e a meditação, mais assíduas da Palavra de Deus, abertura generosa
para o próximo, sobretudo necessitado.
A segunda fase, o restante do Advento, é voltada para
a imediata preparação para o Natal de Jesus, celebrações do aniversário da Sua
Encarnação.
Neste contexto, como não fazer uma crítica aos nossos governantes,
que ainda, antes de começar o Advento, já antecipam o clima do Natal
(eliminando o Advento), ao enfeitarem as ruas e os ambientes públicos, com
decorações natalinas. Gastam, para isto, o dinheiro público, em valores altos,
só para “comemorar” o Natal. Alimentam
assim, o consumismo e a “febre de compras”, enganam as pessoas com um boneco,
chamado de “papai Noel” (este já roubou a Festa de Jesus), e o Natal consideram
como um evento cultural. Eu protesto, e insisto para não fazer este tipo de
Natal. É incomparavelmente melhor reverter em benefício das pessoas
realmente necessitadas e, estas são muitas, para não depreciar o estado de
saúde pública, educação, etc.
Sei que há quem defenda esta prática (sim, dentro da
Igreja), alegando que a sociedade virará pagã, se não cultivar tais costumes.
Mas, porventura, esta sociedade é cristã? Afirmo que, não é um risco
para responder: jamais! (Até os que se declaram cristãos, além dá escandalosa
ignorância da doutrina, têm muito pouco, ou nada, a ver com a vida cristã). “Devemos voltar aos tempos dos primeiros
cristãos: eles enfrentaram um mundo pré-cristão; nós estamos enfrentando fortemente
um mundo pós-cristão... Temos necessidade de recomeçar a partir da pessoa de
Jesus e ajudar humildemente os nossos contemporâneos a experimentar um encontro
pessoal com Ele”. (http://www.zenit.org/pt/articles/cantalamessa-disse-no-sinodo-anglicano-estamos-enfrentando-um-mundo-pos-cristao?utm_campaign=diarioportughtml&utm_content=%5bZP151126%5d%20O%20mundo%20visto%20de%20Roma&utm_medium=email&utm_source=dispatch&utm_term=Image).
E novamente pergunto: estes investimentos para “fazer” Natal
nos espaços sociais vai levar alguém à conversão, que é uma condição, indispensável, para VIVER o Natal? Porventura, considerando o Natal como um evento
cultural, não contribuímos para a dessacralização deste grande Mistério? Em vez
de evangelizar o mundo (levar-lhe a Pessoa de Jesus), queremos oferecer-lhe as
“carcaças” das nossas lembranças religiosas? Isto não é honesto e, além disso, acarreta
a responsabilidade.
O Advento, que agora começamos, deve nos servir para a
preparação, sobretudo do coração e da alma, para acolher o Filho do Pai Eterno
que vem (Ap 1,8). É o tempo para pensar no estado de nossa vida religiosa
(verificar e consertar a qualidade de vínculos com Deus), moral (abandonar as
práticas conflitivas com a Lei de Deus e amar mais), relacionamentos (com as
pessoas e com as coisas). Estes âmbitos devem estar preparados para receber com
dignidade o Dom do Pai Eterno, O Menino-Salvador.
A Liturgia e os ambientes celebrativos, em nossas
Comunidades, são modelos e inspirações de como viver o Advento no espírito
cristão e com proveito (a simplicidade, o recolhimento mais silêncio, reflexão
sobre o sentido da vida). Estes valores devemos tentar vivenciar em nossa vida
cotidiana, para não nos depararmos com a situação, que O Natal está chegando, o
Advento começou e eu... continuo vivendo como antes, como que não houvesse nem
o Advento, nem o Natal...
"Alegrai-vos
sempre no Senhor. Repito, alegrai-vos, pois o Senhor está perto" (Fl 4,4).
Este é o sentido e o clima do Natal. Alegrar-se, POR CAUSA DO SENHOR!
1/ Sobre o Ano
Litúrgico já escrevi neste Blog. Veja abaixo.
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