Como mencionamos anteriormente, o ignorante não admite alguém
questionar os seus estereótipos, mas vai multiplicar razões e argumentos, que fundamentariam,
mais ainda, as suas convicções. Vai insistir que o seu objetivo é “ajudar” e
fazer as coisas andarem melhor.
O exemplo que me vem na menta agora é o uso dos chamados “folhetos”
ou “jornalzinhos” nas Celebrações litúrgicas. A prática provisória, muito
difundida hoje, tornou-se um elemento “indispensável” para uma “boa
participação”. O que me espanta, é que não há criatividade, não há preocupação
de buscar outros meios, que de fato poderiam proporcionar condições de uma boa
participação e da vivência dos Mistérios, depois das Celebrações. Insisto aqui
na prática de levar a Bíblia, para fazer n´ela suas anotações e/ou
inspirações... O uso destes “folhetos” de fato garante “as respostas” da assembleia,
mas, será que nisto consiste uma verdadeira participação?
Neste contexto da ignorância na Igreja, penso ainda na
catequese (outro dia falaremos mais do assunto). Muitas vezes reduzida a uma
aula escolar e de qualidade duvidosa. Muitas vezes, tratada mais como um
relicto do passado, ou um costume tradicional, que convém continuar, para os
filhos e afilhados “fizerem” determinados sacramentos. E assim, se “fabrica” caricaturas católicas, em vez de
formar, cristãos, discípulos-missionários (independentemente da idade), comprometidos
com Deus e a Igreja.
É doído falar assim, mas, acho que não se pode calar,
enquanto o vício mortal de ignorância, que reduz a Igreja de Cristo, a um esconderijo
de acomodados e conformistas, que se servem da ignorância para realizar os
seus caprichos, ´com ajuda de Deus´, continuar “bem de vida” (Jesus chamava isto
mais radicalmente [Mt 21,13]). Este vício deve ser desmascarado e combatido
sistematicamente (não só “ad hoc”).
Além disto, deve se notar outro fenômeno muito preocupante.
Ao contrário da ignorância generalizada, a ignorância religiosa parece ser
bem vista. Para ela há muita compreensão, há generosa, mutua justificação
das infidelidades na vivência da fé e impressionante solidariedade naquilo que
é reprovado pelas normas evangélicas e/ou religiosas. Pode-se invejar como se
atraem os ignorantes religiosos e como se apoiam nos seus juízos infalíveis e
inquestionáveis.
A ignorância religiosa parece fazer parte de “boas maneiras”
do “cristão e moderno”. Enfim, não há motivo de se orgulhar por não conhecer
verdades elementares, dos princípios da fé, que são dominadas pelas
crianças da catequese fundamental. Antes, é uma vergonha, no caso de um adulto
oportunista. É uma humilhação.
Não seria isto uma obra do “pai da mentira” (Jo 8,44) que
não mede esforços para afastar o homem da Verdade? Porém, se este não viver
segundo a Verdade, vai parar no mundo da Mentira e caminhará para a destruição
(Lc 19, 42-44).
Todas as religiões são
boas, não preciso ir a igreja para rezar, para crer em Deus... Não gosto de
ler, escutar palestras, ficar em silêncio... Não pense assim. Busque, questione, pergunte.
Aqui não é questão dos gostos. É um dever. “Aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29) diz Jesus. Aprendei
a verdade para não viver na ignorância e nos estereótipos... A não ser que queres
ser um “deficiente”, que por própria opção deixa condicionar o seu “hoje” e o “amanhã”
pelo saber dos outros...
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