O mês de novembro, com do Dia de
Finados e semana da indulgência, suscita pensamentos sobre a fragilidade da
existência humana e perguntas pelo “depois” do inevitável fim dela. “O destino
de todo homem é morrer uma só vez, e depois vem o julgamento.” (Hb 9,27). São
duas verdades. A primeira é experimentada por todo ser humano e é recordada
pelo cemitério. A segunda, é uma verdade revelada aos que acreditam em Deus.
Nada é mais óbvio neste mundo
que o fato, que, um dia, todo ser humano vai deixa-lo e vai entrar no mistério
da morte (para os crentes em Deus, é uma porta para a Vida). É muito
impressionante, que isto, a mais evidente verdade, tem tão pouca influência
para a vida cotidiana da gente. Quase ninguém leva a sério que a qualquer
momento a morte pode interromper o curso de sua vida, desfazendo todos os
planos e sonhos. “Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora” (Mt
24,42; 25,13). O homem sábio não se deixa surpreender, porque molda a sua vida,
não se esquecendo da inevitável partida. Leva a vida de peregrino...
Conta-se (não sei se foi a
verdade) que quando são João Bosco era adolescente e certa vez jogava bola com
os colegas, alguém iniciou a conversa sobre o fim do mundo. Se o mundo fosse
acabar hoje o que você faria? Cada uma dava uma resposta diferente: oração,
arrependimento, reconciliação, perdão, ato de caridade, etc. E João Bosco ia
dizer: “eu continuaria jogar a bola”. Estar sempre preparado é viver em paz
interior.
A segunda verdade, o juízo. Na
verdade o juízo acontece já neste mundo, no nosso “agora”, quando a gente faz
escolhas. É nas escolhas que que definimos o nosso futuro. Se alguém, ao fazer
suas escolhas não leva em consideração a ninguém (só pensa em si) e não quer
corrigir a suas escolhas (arrepender-se) vai perpetuá-las e o Juízo de Deus não
conseguirá justifica-lo. Pois a Justiça de Deus consiste em justificar o homem
dos seus erros (pecados). Deus quer nos declarar justos diante dos Anjos e
Santos.
O Juízo significa assumir a
responsabilidade pela própria vida na terra (palavras, atos, omissões,
desejos). Não seria prudente viver esta vida isentando-se da responsabilidade
pelos próprios feitos, “como um homem sem juízo, que construiu a sua casa sobre
a areia...” (Mt 7,26-27). Somente enquanto estamos neste mundo podemos decidir
e modificar as nossas escolhas. Depois só nos resta esperar a recompensa...
(Rom 2,6; 2Cor 5-10; Ef 6,8).
O juízo que, como a morte,
espera-nos inevitavelmente, não deve nos aterrorizar, pois Deus é Amor. Deve
nos motivar cada dia, a viver bem e criativamente o tempo, os dons que cada um
tem e promover a unidade entre as pessoas. A criatividade faz a vida dinâmica,
otimista e, enfim, realizada. É isto que Deus quer para cada um: a felicidade
na criatividade motivada pelo amor.
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